Autor:
Euclides F. de A. Cavalcanti
Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Última revisão: 09/03/2009
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Vitamina K oral versus placebo para corrigir anticoagulação excessiva em pacientes recebendo varfarina
Oral Vitamin K versus placebo to correct excessive anticoagulation in patientes receiving warfarin. Annals of Internal Medicine 2009; 150: 293-300. [Link para o Abstract]
A varfarina é uma droga altamente eficaz para prevenção primária e secundária de eventos trombóticos, mas tem com característica marcante a imprevisibilidade da resposta terapêutica a dose administrada, além das inúmeras interações medicamentosas e até com alimentos. Desta forma, mesmo em centros especializados, é muito frequente que a anticoagulação esteja fora dos parâmetros recomendados, que para a maioria das indicações é um INR do tempo de protrombina entre 2 e 3. Uma das diretrizes mais utilizadas no ajuste da anticoagulação é a do American College of Chest Physicians [link para o documento original], que recomenda que para pacientes com INR acima da dose terapêutica, mas < 5,0 e sem sangramento significativo a anticoagulação seja apenas suspensa até que a dose terapêutica esteja no alvo, reiniciando-se a terapia em doses menores, além de monitorização mais frequente.
Já para pacientes com INR > 5,0, mas < 9 sem sangramento significativo ou programação de cirurgia o consenso dá duas alternativas. A primeira alternativa seria simplesmente omitir as próximas doses de varfarina até que o INR esteja no alvo terapêutico e recomeçar a varfarina em menor dose. Alternativamente, a diretriz sugere que além de omitir as próximas doses seja administrada Vitamina K oral em baixas doses (
O presente estudo procurou verificar se a Vitamina K esta indicada em pacientes anticoagulados em excesso sem sangramento ativo, sem alto risco de sangramento e sem indicação cirúrgica próxima.
Estudo multicêntrico, randomizado, controlado por placebo realizado em 14 clínicas de anticoagulação no Canadá, Estados Unidos e Itália. Um total de 355 pacientes foram randomizados para Vitamina K 1,25 mg e 369 pacientes foram randomizados para placebo. Os desfechos analisados foram sangramentos, incidência de tromboembolismo e mortalidade.
Foram excluídos do estudo pacientes com indicação de reversão aguda da anticoagulação (ex: cirurgia eminente) e com alto risco de sangramento (ex: plaquetopenia, hepatopatia, uso recente de trombolítico, sangramento significativo no último mês).
No dia seguinte ao tratamento, o INR teve diminuição mais significativa no grupo alocado para Vitamina K (redução média de 2,8) em relação ao grupo alocado para placebo (redução média de 1,4) (p<0,001). No entanto, esta diminuição não se traduziu em diferença estatisticamente significativa na incidência de qualquer sangramento (15,8 % Vitamina K X 16,3% placebo), sangramentos significativos (2,5% Vitamina K X 1,1% placebo) ou eventos tromboembólicos (1,1% Vitamina K X 0,8% placebo).
O presente estudo corrobora a prática clínica de simplesmente suspender a anticoagulação até que o INR esteja no alvo terapêutico em pacientes com INR abaixo de 10 e sem outros fatores de risco para sangramento e que não tenham cirurgia programada nos próximos dias. Os autores recomendam cautela na análise dos resultados, pois ressaltam que o estudo não teve poder e número de pacientes avaliados suficiente para detectar diferenças significativas em sangramentos maiores.
1. Crowther MA et al Oral Vitamin K versus placebo to correct excessive anticoagulation in patientes receiving warfarin. Annals of Internal Medicine 2009; 150: 293-300. [Link para o Abstract]
2. Ansell J et al. The Pharmacology and Management of the Vitamin K Antagonists. The Seventh ACCP Conference on Antithrombotic and Thrombolytic Therapy.[Link livre para o documento original]
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