Autores:
Rodrigo Díaz Olmos
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.
Euclides F. de A. Cavalcanti
Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Última revisão: 01/02/2010
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Porcentagem de pacientes nos departamentos de emergências dos EUA vistos dentro dos tempos de triagem recomendados1 [Link para Abstract].
Os tempos de espera nos pronto-socorros dos Estados Unidos têm aumentado muito, este fato pode afetar, de forma diferencial, pacientes de acordo com raça, tipo de seguro de saúde e condição social. De
Trata-se de um estudo observacional, utilizando dados coletados para o NHAMCS (National Hospital Ambulatory and Medical Care Survey) de
A porcentagem de pacientes vistos dentro do tempo estabelecido na triagem vem declinando numa média de 0,8% ao ano, de 80% em 1997 para 75,9% em 2006 (p< 0,001). Para os pacientes classificados como emergências a porcentagem de pacientes vistos dentro do tempo alvo caiu 2,3% ao ano (59,2% para 48%; p< 0,001) comparados com 0,7% ao ano para os pacientes semi-urgentes (90,6% para 84,7%; p< 0,001). Em
Trata-se de um estudo observacional grande, que traz informações importantes a respeito da superlotação dos departamentos de emergência nos Estados Unidos, problema que tem ocorrido em escala global. O estudo mostra que os tempos de espera vêm aumentando progressivamente na última década e que estes aumentos na espera têm tido maior impacto justamente sobre aqueles para os quais os pronto-socorros (ou departamentos de emergência) existem, a saber, pacientes com doenças agudas graves, com emergências médicas. O estudo mostra que a porcentagem de pacientes vistos dentro do tempo recomendado pela classificação de risco (triagem) caiu 30% na última década. A questão da superlotação dos pronto-socorros, em parte, é fruto da ausência de uma rede de atenção básica bem estruturada e capaz de ser a porta de entrada para um grande contingente de pessoas com afecções agudas menores ou mesmo afecções crônicas agudizadas de fácil compensação. É claro que inúmeros outros fatores contribuem para a superlotação dos pronto-socorros, como falta de leitos de retaguarda para internação de pacientes, falta de leitos de UTI, cultura medicalizante e hospitalocêntrica, perda de autonomia e capacidade de auto-cuidado, aumento da população (sem a contrapartida de aumento no número de serviços de emergência) e aumento da idade da população, campanhas permanentes mal conduzidas contra a auto-medicação, informações transmitidas pela mídia de forma leviana e encobertas de conflitos de interesse, além da própria cultura do fast food do mundo contemporâneo. Muitas destas causas são estruturais e intimamente ligadas à cultura contemporânea, mas outras podem ser modificadas por políticas públicas. Trata-se de um tema de grande importância para a saúde pública, pois aumentos na espera por atendimento podem ter efeitos deletérios sobre os pacientes mais graves. Umas das medidas que vem sendo implantadas no Brasil (numa velocidade aquém da desejada), e que pode minimizar o impacto dos grandes tempos de espera sobre os atendimentos de emergência, é a implantação do acolhimento com classificação de risco5 (a conhecida triagem, mas realizada com protocolos específicos para classificar prontamente o risco do paciente, certificando-se que os pacientes mais graves serão atendidos mais rapidamente). Entretanto, mesmo com serviços de classificação de risco já bem sedimentados nos Estados Unidos, este estudo mostra que a superlotação acaba aumentando principalmente o tempo de espera dos pacientes mais graves - a despeito da função da triagem de manter baixos os tempos de espera dos pacientes com emergências, este tempo aumentou em paralelo aos tempos de espera de pacientes com condições menos urgentes.
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