Autor:
Leonardo da Costa Lopes
Especialista em Geriatria pela SBGG; Médico Colaborador do Serviço de Geriatria do HC-FMUSP; Médico Assistente da Divisão de Clínica Médica do HU-USP
Última revisão: 16/03/2011
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Delirium no Departamento de Emergências: Um Preditor Independente de Mortalidade em 6 Meses [Link para Abstract]1
O efeito a longo prazo do delirium sobre pacientes idosos admitidos em serviços de emergência ainda não está totalmente esclarecido. O delirium ocorre com freqüência comparável à das síndromes coronarianas agudas no pronto-socorro (PS) e apresenta mortalidade semelhante. Pouco conhecimento se tem também a respeito do prognóstico de pacientes moradores de instituições de longa permanência para idosos (ILPi) que desenvolvem delirium no PS.
Trata-se de uma coorte prospectiva que teve por objetivo determinar se o delirium no PS está associado de forma independente à mortalidade de idosos em 6 meses. Avaliou também se esta associação é modificada quando o paciente é oriundo de uma ILPi. O estudo foi realizado em um serviço acadêmico de emergência, terciário. Foram incluídos 628 pacientes com 65 anos ou mais. Os participantes receberam o diagnóstico de delirium através do Confusion Assessment Method (CAM). Foi determinado ainda se havia presença de demência e o grau de dependência funcional dos participantes. A variável delirium foi avaliada como preditora de mortalidade e ajustada para confundidores, tais como idade, comorbidades e dependência funcional.
Foram detectados 108 casos de delirium na amostra avaliada (17,2%) e 81 mortes no período de 6 meses (12,9%). Os indivíduos que apresentaram delirium eram mais idosos (média de 78 anos), mais doentes e mais dependentes que aqueles que não apresentaram confusão mental (média de 74 anos). A mortalidade em 6 meses foi superior no grupo que apresentou delirium comparado ao que não apresentou (37,0% X 14,3%). O delirium foi um preditor independente de mortalidade em 6 meses (RR=1,72; IC95% 1,04 – 2,86). A moradia em ILPi não representou um risco adicional para a mortalidade.
O estudo nos leva a enfatizar a importância do diagnóstico de delirium. Ele é uma condição frequentemente negligenciada no PS (cerca de 75% dos casos não são diagnosticados), especialmente porque nos idosos sua manifestação mais frequente é a forma hipoativa. A ausência de diagnóstico faz com que não se busque uma causa para o quadro confusional, o que compromete o prognóstico desses pacientes. O autor enfatiza que a aplicação de um instrumento diagnóstico simples, como o CAM, consome apenas 2 minutos do examinador e possui alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico, além boa reprodutibilidade entre os examinadores, inclusive não-médicos. Estudos adicionais são necessários, entretanto, para determinar se a detecção precoce e o tratamento do delirium alteram desfechos clínicos desfavoráveis, como os apontados no artigo.
1. Han JH, Shintani A, Eden S, Morandi A, Solberg LM, Schnelle J et al. Delirium in the emergency department: an independent predictor of death within 6 months. Ann Emerg Med 2010; 56(3):244-52.
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