Autor:
Antonio Paulo Nassar Junior
Especialista em Terapia Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico Intensivista do Hospital São Camilo. Médico Pesquisador do HC-FMUSP.
Última revisão: 04/04/2011
Comentários de assinantes: 0
Pressão Venosa Central (PVC) e Balanço Hídrico na Ressuscitação Volêmica no Choque Séptico(1) [link para artigo]
A ressuscitação volêmica é um dos pilares do tratamento do choque séptico. No entanto, a quantidade de volume a ser administrada é motivo de debate. Enquanto uma estratégia muito restritiva pode causar hipoperfusão tecidual, uma abordagem muito liberal pode associar-se a uma ocorrência maior de edema pulmonar, entre outras complicações. Na falta de estudos prospectivos e randomizados sobre o assunto, a maior parte da evidência vem de estudos observacionais, como este. Os autores deste estudo revisaram os dados do VASST(2), que comparou vasopressina e noradrenalina em choque séptico, para avaliar a associação entre balanço hídrico (BH) positivo e mortalidade em 28 dias.
Foi realizada uma análise retrospectiva do estudo para avaliar a correlação com o volume de fluidos administrados nas primeiras 12h e nos primeiros quatro dias de tratamento e a mortalidade em 28 dias. Além disso, foi avaliada a correlação entre a pressão venosa central (PVC) e a quantidade de fluidos administrados, novamente nas primeiras 12h e nos primeiros 4 dias, e sua correlação com a mortalidade. Os dados foram corrigidos para a gravidade medida pelo APACHE II, idade e dose de vasopressor na regressão logística.
Os pacientes foram divididos em quartis quanto ao BH acumulado em 12h e 4 dias. Em relação às primeiras 12h, os quartiles 1 e 2 (BH médio de 710 e 2880 ml) tiveram uma mortalidade reduzida em comparação com o quartil 4 (BH 8150 ml), com HR de 0,569 (0,405-0,799) e 0,581 (0,414-0,816), respectivamente. O quartil 3 (BH 4900ml) não teve diferença de mortalidade em comparação com o quartil 4. No 4º dia, em comparação com o quartil 4 (BH 20.500 ml), as mesmas associações persistiram, com mortalidades menores nos quartis 1 e 2 [BH 1560 e 8120ml, respectivamente, e HR de 0,466 (0,299-0,724) e 0,512 (0,399-0,775), respectivamente].
A correlação entre BH e PVC foi positiva, mas fraca nas primeiras 12h (R=0,20) e ausente no dia 4. Uma PVC < 8 e entre 8-12 mmHg nas primeiras 12h associaram-se a uma menor mortalidade em comparação com uma PVC > 12 mmHg [HR de 0,606 (0,363-0,913) e 0,762 (0,562-0,943), respectivamente]. Nos dias subseqüentes, não houve correlação com mortalidade.
Este estudo vem somar-se às evidências que apontam um pior prognóstico em BH muito positivos. O grande problema, porém, persiste, quanto de volume dar ao paciente com choque séptico? As diretrizes internacionais recomendam a quantidade necessária para se atingir uma PVC de
1. Boyd JH, Forbes J, Nakada TA, Walley KR, Russell JA. Fluid resuscitation in septic shock: A positive fluid balance and elevated central venous pressure are associated with increased mortality. Crit Care Med. 2011 Feb;39(2):259-65.
7. Rivers E, Nguyen B, Havstad S, Ressler J, Muzzin A, Knoblich B, et al. Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. N Engl J Med. 2001 Nov 8;345(19):1368-77.
O MedicinaNET é o maior portal médico em português. Reúne recursos indispensáveis e conteúdos de ponta contextualizados à realidade brasileira, sendo a melhor ferramenta de consulta para tomada de decisões rápidas e eficazes.
Medicinanet Informações de Medicina S/A Cnpj: 11.012.848/0001-57 | info@medicinanet.com.br |
MedicinaNET - Todos os direitos reservados.
Em função da pandemia do Coronavírus informamos que não estaremos prestando atendimento telefônico temporariamente. Permanecemos com suporte aos nossos inscritos através do e-mail info@medicinanet.com.br.