Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 27/07/2011
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Especialidades: Oncologia/ Urologia
Área de atuação: Medicina Hospitalar / Medicina Ambulatorial
Resumo: este estudo mostra os benefícios da terapia de supressão hormonal no câncer de próstata de alto risco após a prostatectomia radical.
O câncer de próstata é um dos tumores mais comuns no sexo masculino e é responsável por milhares de mortes anualmente. Homens com câncer de próstata de alto risco têm chance de falência de tratamento em torno de 70% se só fizerem cirurgia. Diferentemente de outros tumores epiteliais (mama, cólon, pulmão), em que já há comprovação de terapia sistêmica adjuvante, no câncer de próstata não há evidências de que a terapia hormonal ou a quimioterapia melhoram os desfechos dos pacientes após a prostatectomia, evitando a recorrência da doença. Este estudo procurou trazer informações sobre o possível benefício da terapia adjuvante hormonal nestes casos.
Este estudo clínico incluiu 983 homens em pós-prostatectomia, com câncer de próstata de alto risco, definido como:
1. Gleason = 8;
2. PSA no pré-operatório = 15 ng/mL;
3. doença estádio T3b, T4 ou N1;
4. Gleason = 7 com PSA pré-operatório > 10 ng/mL ou margem cirúrgica positiva.
Os pacientes foram randomizados para receber dois anos de bloqueio andrógeno combinado (goserelina e bicalutamida) associado ou não ao quimioterápico mitoxantrona.
A despeito dos resultados finais do estudo ainda não estarem prontos, os autores decidiram publicar um importante achado no grupo de pacientes realizando o bloqueio hormonal (grupo controle). Para os 481 homens nesse braço do estudo, a sobrevida estimada com cinco anos de seguimento é de 95,9% (IC95% 93,9-97,9) e de 88% com oito anos de seguimento.
Com este resultado preliminar do estudo em questão, fica extremamente claro que a baixa taxa de mortalidade nestes pacientes dá suporte ao uso da hormonioterapia com bloqueio andrógeno combinado em pacientes submetidos a prostatectomia radical com câncer de próstata de alto risco. Vale ressaltar que os próprios autores do estudo discutem a possibilidade do risco de toxicidade relacionada à hormonioterapia e que o estudo ainda não chegou ao seu final, portanto, novos dados ainda virão a ser publicados. Entretanto, parece promissor que tal esquema terapêutico possa vir a ser usado rotineiramente em breve para este grupo de pacientes em discussão.
1. Dorff TB et al. Adjuvant androgen deprivation for high-risk prostate cancer after radical prostatectomy: SWOG S9921 study. J Clin Oncol 2011 May 20; 29:2040. (Fator de Impacto: 17,793).
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