Autor:
Tatiana Pfiffer Favero
Médica Assistente e Pós-graduanda do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Charité-Universitätsmedizin Berlin, Alemanha.
Última revisão: 28/05/2012
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Especialidades: Obstetrícia / Ginecologia / Medicina de Família e Comunidade
Estudo multicêntrico, prospectivo, randomizado e placebo-controlado que objetivou avaliar a eficácia e a segurança da reposição de nicotina na forma de patches com a intenção de promover abstinência prolongada do tabaco durante a gravidez.
O tabagismo é a causa evitável mais importante de morbidade e mortalidade de gestantes e crianças. A prevalência do tabagismo durante a gravidez varia de 13 a 25% dependendo do país avaliado. Ele está diretamente associado a uma série de efeitos adversos perinatais, como: descolamento prematuro de placenta, abortamento, prematuridade, anormalidades congênitas, restrição do crescimento fetal intrauterino e mortalidade neonatal e infantil. A cessação do consumo do tabaco durante a gravidez é fundamental para melhoria da saúde materna e fetal. Diversos estudos mostram que o apoio psicológico pode ajudar consideravelmente a parada deste hábito. Apesar da reposição de nicotina ser bastante eficaz e sua utilização ser muito menos lesiva que o cigarro na população geral, não existem resultados conclusivos quanto a sua eficiência na gestação e ocorrência de efeitos teratogênicos. O trabalho objetivou avaliar a eficácia e a segurança da reposição de nicotina na forma de patches com a intenção de promover abstinência prolongada do tabaco durante a gravidez.
Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado e multicêntrico, realizado em 7 maternidades na Inglaterra entre 2007 e 2010. A investigação incluiu 1.050 gestantes entre 16 e 50 anos de idade, gravidez entre a 12ª e a 24ª semana e que fumavam mais de 5 cigarros por dia. Todas as participantes receberam suporte psicológico e foram randomizadas para utilizar patches de nicotina (15 mg por 16 horas) durante 8 semanas (grupo 1) ou placebo (grupo 2). No primeiro grupo, participaram 521 mulheres e no segundo, 529 gestantes. Não houve uma diferença significativa entre os grupos na taxa de abstinência da data de parada do cigarro até o parto (9,4% versus 7,6%). Vale ressaltar que o índice de utilização efetiva (compliance) da medicação pelas gestantes foi muito baixo nos dois grupos (7,2% versus 2,8%). As taxas de efeitos perinatais adversos foram similares e não foram detectados efeitos teratogênicos.
O estudo mostrou que, em mulheres grávidas, a adição de patches de nicotina ao apoio psicológico não resultou em maiores taxas de abstinência do tabaco ou mesmo diminuiu as complicações perinatais relacionadas ao tabagismo. Contudo, a baixa adesão ao tratamento prejudicou significativamente conclusões definitivas em relação tanto à eficácia quanto à segurança do método, principalmente relacionada aos efeitos teratogênicos.
1. Coleman T, Cooper S, Thornton JG, Grainge MJ, Watts K, Britton J et al. A randomized trial of nicotine-replacement therapy patches in pregnancy. N Engl J Med 2012; 366:808-18. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 53,484).
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