Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 27/05/2013
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Especialidades / Áreas de Atuação: Oncologia / Gastroenterologia
São apresentados resumos de trabalhos relevantes apresentados no Congresso de 2012 da American Society of Clinical Oncology (ASCO) relacionados ao tratamento de câncer gástrico e esofágico. Os resultados definitivos ainda serão publicados oficialmente.
Foram apresentados os resultados de um estudo randomizado para pacientes com GIST (tumores estromais gastrintestinais). Participaram 199 pacientes com GIST irresecáveis ou refratários a imatinibe e sunitinibe. Eles foram randomizados para regorafenibe (160 mg/dia por 3 semanas e com 1 semana de descanso) ou placebo.
A sobrevida sem progressão foi superior com regorafenibe (mediana 4,8 vs. 0,9 meses; hazard ratio 0,27; P<0,0001). Os resultados finais do trabalho, incluindo sobrevida geral, ainda não foram determinados, bem como as taxas de toxicidade. Caso estes dados também sejam positivos, o regorafenibe pode se revelar uma nova opção terapêutica para pacientes com GIST refratário.
Este estudo com pacientes com câncer esofagogástrico avançado comparou quimioterapia com epirrubicina, cisplatina e capecitabina (ECX) contra o mesmo esquema adicionado a rilotumumabe. Um total de 121 pacientes com tumores gástricos ou de transição gastresofágica localmente avançados ou metastáticos foram randomizados para ECX sozinho, ECX com rilotumumabe (15 mg/kg) ou ECX com rilotumumabe (7,5 mg/kg).
Os pacientes que receberam o esquema ECX com rilotumumabe tiveram uma progressão livre de doença superior do que os pacientes que receberam apenas ECX (mediana de 5,6 meses vs. 4,2 meses; hazard ratio 0,61; P=0,045), mas tiveram sobrevida global iguais (11,5 meses vs. 8,5 meses; P=0,215). Este estudo abre a possibilidade do uso desta nova droga.
Este estudo comparou quimioterapia para câncer esofagogástrico avançado, randomizando 2 grupos, um recebendo epirubicina (50 mg/m2), oxaliplatina (130 mg/m2) e capecitabina (1.250 mg/m2/dia por 21 dias), outro recebendo panitumumabe – um agente direcionado para receptor de fator de crescimento epidérmico (9 mg/kg, 1 vez a cada 3 semanas), associado à mesma quimioterapia só que com doses menores (oxaliplatina 100 mg/m2; capecitabina 1.000 mg/m2/dia por 21 dias). A resposta foi averiguada após 4 a 8 ciclos. A maior parte dos pacientes (52%) tinham ECOG 1, e a maioria (67 a 72%) tinham adenocarcinoma de esôfago ou da transição esofagogástrica.
Este estudo foi finalizado, pois foi vista uma sobrevivência menor no grupo usando panitumumabe. Os pacientes que receberam o panitumumabe tiveram uma mediana de sobrevida global menor (8,8 vs. 11,3 meses; P=0,013) e uma mediana de sobrevida livre de doença também menor (6,0 vs. 7,4 meses; P=0,068).
Toxicidade graus 3 e 4 quanto a mucosite, diarreia ou rash foram maiores no grupo do panitumumabe. Este resultado negativo afasta as possibilidades de uso desta nova droga.
Este estudo comparou o uso de radioterapia com 5-fluouracil (5-FU) mais cisplatina ou FOLFOX em 267 pacientes previamente sem tratamento para câncer de esôfago de células escamosas ou adenocarcinoma, e que não eram candidatos a cirurgia, independentemente do estadiamento T, com N0-N1 e sem metástases a distância. A maior parte dos pacientes tinha câncer de células escamosas (85 a 87%) e doença estágio III (50 a 54%).
A radioterapia (dose total de 50 Gy) foi administrada de segunda a sexta durante as semanas 1 a 5 de tratamento. Os pacientes foram randomizados a receber terapia com infusão de 5-FU (1.000 mg/m2/dia por 4 dias) associado a cisplatina (75 mg/m2 no dia 1 das semanas 1 e 5, seguido de 2 ciclos adicionais nas semanas 7 e 11), ou terapia com FOLFOX modificado (oxaliplatina 85 mg/m2 no dia 1; bolus de 5-FU 400 mg/m2; leucovorina 200 mg/m2 nos dias 1 e 2; infusão de 5-FU 800 mg/m2/dia por 2 dias começando nos dias 1, 15 e 29, seguido por 2 ciclos adicionais nas semanas 9 e 11).
A toxicidade hematológica foi similar nos 2 grupos de tratamento; neutropenia graus 3 e 4 ocorreu em 295 pacientes e neutropenia febril ocorreu em 5,35 e 7,05, respectivamente em cada grupo. As toxicidades não hematológicas foram similares, mas, no grupo de FOLFOX, os pacientes tiveram menos alopecia (P=0,006) e mais neuropatia periférica (P=0,0001). Morte por toxicidade foi mais comum no grupo do 5-FU com cisplatina do que no grupo do FOLFOX (9,6% vs. 2,2%; P=0,06). Não foram observadas diferenças em termos de resposta completa (41%), mediana de sobrevida sem progressão (9,4 a 9,7 meses), ou mediana de sobrevida global (17,5 a 20,2 meses). A taxa mais baixa de mortes súbitas no grupo FOLFOX favorece seu uso contra o esquema convencional de 5-FU e cisplatina.
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