Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 26/11/2013
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Especialidades: Medicina de Emergência / Cirurgia Torácica / Segurança do Paciente
Este estudo averiguou se há necessidade de transfusão de plasma e/ou plaquetas antes de realizar toracocentese.
Toracocentese é um procedimento associado a uma baixa incidência de complicações hemorrágicas. Pacientes com valores alterados de plaquetas e de coagulograma muitas vezes recebem transfusões antes de realizar toracocentese, mesmo não havendo evidências de que isso traga benefício a tal procedimento. Alguns consensos de especialistas na área de radiologia intervencionista orientam transfusão de plaquetas quando o paciente apresenta valores < 50.000 e de plasma fresco congelado associado a vitamina K quando o INR > 2,0, antes da realização de toracocentese. O estudo que será apresentado averiguou as taxas de complicações hemorrágicas em toracocenteses guiadas por ultrassonografia, comparando pacientes com ou sem alterações de plaquetas e INR.
Este é um estudo que analisou 1.009 toracocenteses guiadas por USG em pacientes com INR > 1,6 e/ou plaquetas < 50.000. Os procedimentos foram divididos em 2 grupos, um de pacientes que tinham estes parâmetros e não receberam transfusão antes do procedimento, e outro grupo que recebeu transfusão de plaquetas e/ou de plasma fresco congelado antes da toracocentese. Todos os procedimentos foram avaliados quanto a complicações hemorrágicas.
Ocorreram 4 complicações hemorrágicas nos 1.009 procedimentos (taxa de 0,40%), sendo todas no grupo que recebeu transfusão. Os valores de INR e de plaquetas foram semelhantes entre os 2 grupos.
O que este estudo traz para a prática, levando em conta o grande número de casos incluídos, é que não há necessidade de transfusão de plaquetas ou plasma fresco congelado em pacientes com distúrbios de coagulação leves (INR > 1,6 e plaquetas < 50.000). Vale ressaltar que este estudo foi feito em um contexto em que todo procedimento foi guiado por USG, de modo que esta prática não é aplicável em outros contextos. De toda forma, a presença de USG para guiar toracocenteses passa a ser custo-efetivo, uma vez que traz segurança ao procedimento, poupando os altos custos relacionados com hemoderivados, e mesmo com os riscos relacionados com transfusões (TRALI, congestão, anafilaxia, infecções). Com base neste estudo, pode-se dizer que a prática de transfusões antes de toracocenteses, desde que guiadas por USG, não deve ser realizada.
1. Hibbert RM et al. Safety of ultrasound-guided thoracentesis in patients with abnormal preprocedural coagulation parameters. Chest 2013 Mar 14; [e-pub ahead of print] (link para o artigo).
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