Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 21/08/2015
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Eventualmente, durante exames de imagem de rotina, ou mesmo em investigações de quadros agudos, cálculos renais podem ser identificados. Porém, pouco se sabe sobre a evolução destes cálculos nos pacientes. Conhecer a história natural da litíase renal permite a discussão a cerca das condutas a serem tomadas.
Pacientes com cálculos renais assintomáticos e não obstrutivos foram avaliados neste estudo de coorte retrospectiva. As características dos cálculos, as características do paciente, e os eventos relacionados aos cálculos foram avaliados. Foram avaliados os efeitos do tamanho do cálculo e sua localização no desenvolvimento de sintomas, a passagem espontânea, a necessidade de intervenção cirúrgica e o crescimento do cálculo.
Foram identificadas 160 cálculos com um tamanho médio de 7,0 ± 4,2 mm nos 110 pacientes que tiveram acompanhamento médio de 41 ± 19 meses. Quarenta e cinco (28% do total) cálculos causaram sintomas durante o acompanhamento. Destacam-se três cálculos (3% do subgrupo assintomático, 2% do total de cálculos) que causaram obstrução silenciosa indolor necessitando de intervenção após uma média de 37 ± 17 meses. O único preditor significativo de passagem espontâneo ou de desenvolvimento de sintomas foi a localização. Cálculos localizados no polo superior ou na região média dos rins foram mais propensos a causar sintomas do que cálculos no polo inferior (40,6% vs 24,3%, p = 0,047) bem como para passar espontaneamente (14,5% vs 2,9%, p = 0,016).
Entre cálculos renais assintomáticos e não obstrutivos que foram seguidos de forma ativa, pudemos observar neste estudo que a maioria permaneceu assintomática através de um acompanhamento médio de mais de três anos.
Como dados relevantes, nota-se que menos de 30% dos cálculos causaram cólica renal, menos de 20% precisou ser operado por causa de dor e 7% passaram espontaneamente. Cálculos no polo inferior foram significativamente menos propensos a causar sintomas ou passar espontaneamente. Apesar de três cálculos terem causando hidronefrose de forma silenciosa, o acompanhamento com imagens periódicas permitiu sua abordagem. E essa é a melhor lição derivada deste estudo: cálculos renais têm baixa tendência de causar sintomas ou obstrução, e merecem apenas seguimento ambulatorial com imagem que permita definir sobre uma abordagem que evite sequelas renais para o paciente.
Dropkin BM et al. The natural history of nonobstructing asymptomatic renal stones managed with active surveillance. J Urol 2015 Apr; 193:1265. (http://dx.doi.org/10.1016/j.juro.2014.11.056)
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