Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 31/08/2015
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Estenose espinal lombar (EEL) é uma condição difícil para a tomada de decisão quanto à modalidade de tratamento. Saber como conduzir um caso de paciente com sintomas da EEL é desafiador, e a decisão quanto a realizar cirurgia ou tratamento clínico carece de evidências.
Apresentamos um ensaio clínico randomizado multicêntrico que incluiu pacientes candidatos à cirurgia de EEL, com 50 anos ou mais, para serem alocados em tratamento cirúrgico ou não (fazer fisioterapia). O desfecho primário avaliado foi escore de função física (Short Form-36 Health Survey) em dois anos avaliado por pesquisadores cegados.
O estudo foi realizado de novembro de 2000 a setembro de 2007. Um total de 169 participantes foram aleatoriamente designados e estratificados por sexo, e cirurgião (87 foram para cirurgia e 82 para fisioterapia), com 24 meses de follow-up concluído por 74 e 73 participantes nos grupos de cirurgia e fisioterapia, respectivamente. A média de melhora na função física para a cirurgia e grupos da fisioterapia foi de 22,4 (IC95%:16,9-27,9) e 19,2 (IC95%: 13,6-24,8), respectivamente. A análise por intenção de tratar não revelou nenhuma diferença entre os grupos (diferença de 24 meses, de 0,9 [IC, -7,9 para 9,6]). As análises de sensibilidade usando métodos causais de efeitos para explicar a alta proporção de crossovers da fisioterapia à cirurgia (57%) não apresentaram diferenças significativas na função física entre os grupos.
Neste estudo randomizado podemos perceber que pacientes com EEL candidatos à cirurgia têm desfechos semelhantes operando ou não sua condição. A descompressão cirúrgica produziu efeitos semelhantes a um regime de fisioterapia entre os pacientes. Os doentes e os prestadores de cuidados de saúde devem se envolver em conversas de tomada de decisão compartilhada, que incluam a divulgação completa de evidências envolvendo tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos para EEL. Apenas vale a pena ressaltar que sem um grupo de controle como nesse estudo, não é possível avaliar o sucesso atribuível a qualquer intervenção.
Delitto A et al. Surgery versus nonsurgical treatment of lumbar spinal stenosis: A randomized trial. Ann Intern Med 2015 Apr 7; 162:465. (http://dx.doi.org/10.7326/M14-1420)
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