Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 23/09/2015
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Já foi mostrado anteriormente na literatura que a diminuição intensiva da glicemia, em comparação com a terapia padrão, não reduz significativamente a taxa de eventos cardiovasculares maiores em um período de tempo em torno de cinco anos. Porém não se sabe se há algum efeito em longo prazo.
Uma coorte de pacientes diabéticos que participou de um ensaio clínico feito previamente comparando controle intensivo de níveis glicêmicos contra o controle convencional no impacto de desfechos cardiovasculares foi seguida anualmente ao final do estudo para avaliar alguns desfechos em longo prazo, sendo os mais importantes: tempo para o primeiro evento cardiovascular maior (ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, novo ou agravamento da insuficiência cardíaca congestiva, amputação por gangrena isquêmica, ou morte cardiovascular-relacionada). Os desfechos secundários foram mortalidade cardiovascular e todas as causas de mortalidade.
A diferença nos níveis de hemoglobina glicada entre o grupo de terapia intensiva e o grupo padrão foi em média 1,5 pontos percentuais menores no seguimento (nível médio, 6,9% vs. 8,4%) e diminuiu para 0,2-0,3 pontos percentuais por três anos após término do ensaio clínico original. Ao longo de um período de acompanhamento médio de 9,8 anos, o grupo de terapia intensiva apresentou um risco significativamente mais baixo do resultado primário do que o grupo terapia padrão (hazard ratio, 0,83; IC95%: 0,70-0,99; P = 0,04), com uma redução absoluta no risco de eventos cardiovasculares maiores de 8,6 por 1000 pessoas-ano, mas não reduziram a mortalidade cardiovascular (hazard ratio, 0,88; IC95%, 0,64-1,20; P = 0,42). Não houve redução na mortalidade total (taxa de risco no grupo de terapia intensiva, 1,05; IC 95%, 0,89-1,25; P = 0,54; mediana de acompanhamento, 11,8 anos).
Este estudo mostrou após quase dez anos de follow-up que os doentes com diabetes tipo 2 que haviam sido designados aleatoriamente para o controle glicêmico intensivo tiveram 8,6 menos eventos cardiovasculares maiores por 1.000 pessoas-ano do que os atribuídos à terapia padrão, mas nenhuma melhoria foi observada em taxa de sobrevivência global.
Hayward RA et al. Follow-up of Glycemic Control and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes. N Engl J Med 2015; 372:2197-2206
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