Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 08/04/2016
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Com o aumento da idade média da população, vemos cada vez mais questões relacionadas ao envelhecimento saudável e aos problemas de saúde em idosos. Particularmente para os homens, há discussões em torno da andropausa (ou hipoandrogenismo). As concentrações séricas de testosterona diminuem à medida que os homens envelhecem, mas os benefícios de elevar os níveis de testosterona em homens mais velhos não foram estabelecidos.
Esse é um estudo que randomizou 790 homens de 65 anos ou mais com uma concentração de testosterona no soro inferior a 275 ng /dL e sintomas sugestivos de hipoandrogenismo para receber ou gel de testosterona ou gel placebo por um ano. Três grupos foram avaliados, cada um em relação a um desfecho: a função sexual, a função física e a vitalidade. Todos os desfechos foram avaliados globalmente também.
O tratamento com testosterona aumentou os níveis séricos de testosterona para o intervalo de normalidade de homens entre 19 a 40 anos de idade. O aumento nos níveis de testosterona foi significativamente relacionado com o aumento da atividade sexual, tal como avaliada pelo Questionário Psicossexual diário (P <0,001), bem como aumento significativo do desejo sexual e da função erétil. A porcentagem de homens que tiveram um aumento de pelo menos 50m na distância percorrida em 6 minutos não diferiu significativamente entre os dois grupos de estudo no teste de função física, mas diferiram significativamente quando os homens em todos os três grupos foram incluídos (20,5% homens que receberam testosterona vs. 12,6% dos homens que receberam placebo, P = 0,003). A testosterona não teve nenhum benefício significativo em relação à vitalidade, tal como analisado pela Avaliação Funcional da escala Therapy-Fatigue de doença crônica, mas os homens que receberam testosterona relataram um humor um pouco melhor e menor severidade dos sintomas depressivos do que aqueles que receberam placebo. As taxas de eventos adversos foram semelhantes nos dois grupos.
Esse é um estudo interessante para avaliar alguns desfechos relacionados à reposição hormonal em homens com mais de 65 anos e hipoandrogenismo. Sem dúvida, e como seria de esperar, os níveis de testosterona sérica aumentaram com a reposição hormonal até atingir valores médios de homens mais jovens. Entretanto, não ocorreram muitos benefícios. Houve um benefício moderado em relação à função sexual e algum benefício em relação ao humor e sintomas depressivos, mas nenhum benefício em relação à vitalidade ou atividade física conforme medida pela caminhada de curta distância. O número de participantes foi muito pouco para tirar conclusões sobre os riscos do tratamento com testosterona, sendo assim, ainda faltam dados sobre riscos da reposição hormonal para que possamos tirar conclusões mais intensas. Por hora, não é possível recomendar a reposição hormonal, dados os poucos resultados atingidos e o desconhecimento de riscos maiores, principalmente em médio e longo prazo.
Snyder PJ et al. Effects of Testosterone Treatment in Older Men. N Engl J Med 2016; 374:611-624
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