Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 20/05/2016
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Tem sido demonstrado que o uso de profilaxia antirretroviral pré-exposição pode reduzir o risco da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) em alguns estudos, mas resultados contraditórios têm sido relatados, provavelmente devido aos desafios de aderência a um regime diário.
Foi realizado um estudo duplo-cego, randomizado de profilaxia antirretroviral pré-exposição para HIV-1 para homens que fazem sexo anal desprotegido com outros homens. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente para tomar uma combinação de tenofovir disoproxil fumarato (TDF) e emtricitabina (FTC) ou placebo antes e após a atividade sexual. Todos os participantes receberam aconselhamento e preservativos para redução de risco e foram regularmente testados para o HIV-1 e HIV-2 e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Dos 414 participantes que se submeteram à randomização, 400 que não tinham a infecção pelo HIV foram inscritos (199 no grupo TDF-FTC e 201 no grupo placebo). Todos os participantes foram acompanhados por uma média de 9,3 meses. Um total de 16 infecções pelo HIV-1 ocorreu durante o follow-up, dois no grupo TDF-FTC (incidência de 0,91 por 100 pessoas-ano) e 14 no grupo placebo (incidência de 6,60 por 100 pessoas-ano), o que gerou uma redução do risco no grupo TDF-FTC de 86% (P = 0,002). Os participantes tomaram uma mediana de 15 comprimidos de TDF-FTC ou placebo por mês (P = 0,57). As taxas de eventos adversos graves foram semelhantes nos dois grupos de estudo. No grupo TDF-FTC, em comparação com o grupo placebo, havia maiores taxas de eventos gastrointestinais adversos (14% vs. 5%, P = 0,002) e eventos adversos renais (18% versus 10%, P = 0,03).
Esse interessante estudo mostra que é possível que um esquema de profilaxia para atividade sexual de homens com alto risco de adquirir HIV pode ser bastante eficaz. O uso de TDF-FTC antes e depois da atividade sexual forneceu proteção contra a infecção pelo HIV-1 em homens que fazem sexo com homens. Por outro lado, o tratamento foi associado ao aumento das taxas de eventos gastrointestinais adversos e renais. Deve-se pesar o risco x benefício dessa conduta, e discutir com o paciente que deve estar esclarecido sobre essa possibilidade. O volume de eventos adversos é bastante grande, porém vale lembrar que não ocorreram eventos graves.
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