Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 04/09/2017
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Contexto Clínico
As diretrizes atuais recomendam a administração de corticosteroides antes do parto a mulheres com risco de parto prematuro de 24 semanas e 0/7 a 34 semanas e 6/7 de gestação, e concordam em considerar a administração durante 23 semanas e 0/7 a 23 semanas e 6/7. A recomendação para considerar a administração abaixo de 24 semanas baseia-se em consenso e estudos observacionais. É improvável que sejam realizados ensaios controlados nessa população para criar evidências consistentes e ajuste da prática clínica.
Como alguns dos benefícios de corticosteroide diferem por idade gestacional, o objetivo do estudo apresentado foi determinar a presença e a magnitude da associação entre os corticosteroides e os resultados para os bebês de cada idade gestacional. A hipótese é que, em prematuros com idade gestacional de 23 semanas e 0/7 a 34 semanas e 6/7, a exposição a corticosteroides em comparação com nenhuma exposição a corticosteroides na fase pré-natal estaria associada a uma menor taxa de mortalidade hospitalar (desfecho primário) e grandes morbidades.
O Estudo
Este é um estudo de coorte prospectivo que incluiu 117.941 lactentes com 23 0/7 a 34 6/7 semanas de idade gestacional nascidos entre 1.01.2009 e 31.12.2013. A exposição avaliada foi de quaisquer corticosteroides pré-natais. Os desfechos avaliados foram mortes ou morbidades hospitalares significativas, analisadas por idade gestacional e exposição a corticosteroides antenatais com modelos ajustados para peso ao nascer, sexo, modalidade de parto e nascimentos múltiplos.
Os lactentes expostos ao corticosteroide (n = 81.832) tiveram uma taxa bem mais baixa de morte antes do parto em cada gestação de 29 semanas ou menos, 31 e 33?34 semanas, em comparação com crianças sem exposição (OR: 0,32/ajustado: 0,55). O número necessário para tratar com corticosteroides pré-natais para prevenir uma morte antes da alta aumentou de 6 entre 23 e 24 semanas de gestação para 798 às 34 semanas de gestação.
A taxa de sobrevivência sem grande morbidade hospitalar foi maior entre os lactentes expostos a corticosteroides antenatais nas gestações de menor tempo. Os lactentes expostos a corticosteroides pré-natais apresentaram taxas mais baixas de hemorragia intracraniana grave ou morte, enterocolite necrotizante no estágio 2 ou acima ou morte.
Aplicação Prática
Este estudo destaca, pela primeira vez, que os bebês, nas gestações com menor tempo, parecem se beneficiar mais com a exposição aos corticosteroides antenatais. A exposição aos corticosteroides antenatais foi associada a uma mortalidade comparativamente menor às 23 semanas de gestação do que após as 24 semanas de gestação. A sobrevida sem grande morbidade hospitalar também foi menor entre os lactentes expostos a corticosteroides antenatais nas gestações de menor tempo.
Bibliografia
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