Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 16/10/2017
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Contexto Clínico
O papel do posicionamento supino após o acidente vascular cerebral (AVC) agudo na melhora do fluxo sanguíneo cerebral e o risco compensatório de pneumonia por aspiração levaram à variação do posicionamento da cabeça na prática clínica. Os pesquisadores deste estudo procuraram determinar se os resultados em pacientes com AVC isquêmico agudo poderiam ser melhorados ao se posicionar o paciente deitado (isto é, totalmente supino com a parte traseira na horizontal e a face para cima) durante o tratamento para aumentar a perfusão cerebral.
O Estudo
Foi realizado um ensaio clínico em 9 países, no qual foram designados 11.093 pacientes com AVC agudo (85% dos AVCs foram isquêmicos) para receber cuidados em uma posição plana ou em uma posição sentada com a cabeça elevada a, pelo menos, 30 graus, de acordo com a atribuição de aleatorização do hospital ao qual foram admitidos.
A posição foi iniciada logo após a admissão no hospital e foi mantida por 24 horas. O desfecho primário foi o grau de incapacidade aos 90 dias, conforme avaliado com o uso da escala de Rankin modificada (escores variam de 0 a 6, com pontuação mais alta indicando maior incapacidade e uma pontuação de 6 indicando morte). O intervalo médio entre o início dos sintomas de AVC e o início da posição atribuída foi de 14 horas (intervalo interquartil, 5 a 35).
Os pacientes no grupo de posição plana foram menos propensos do que os do grupo sentado a conseguirem manter a posição por 24 horas (87% contra 95%, P <0,001). Em um modelo de probabilidades proporcionais, não houve mudança significativa na distribuição dos resultados de incapacidade de 90 dias na escala global de Rankin modificada entre pacientes do grupo deitado e no grupo de pacientes com elevação do decúbito (OR 1,01; IC 95%, 0,92 a 1,10; P = 0,84). A mortalidade no período de 90 dias foi de 7,3% entre os pacientes no grupo de posição deitada e 7,4% entre os do grupo de posição de decúbito elevado (P = 0,83).
Aplicação Prática
Este estudo é bastante interessante para questionar um paradigma na prática da condução de AVC agudo. Os resultados de incapacidade após o AVC agudo não diferiram significativamente entre os pacientes atribuídos a uma posição em decúbito horizontal por 24 horas em comparação com os pacientes atribuídos a uma posição com cabeça elevada a, pelo menos, 30º durante 24 horas. Uma vez que não há diferenças de mortalidade, não há motivo para se preocupar em sustentar um ou outro decúbito na fase aguda de AVC.
Bibliografia
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