Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 01/11/2017
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Contexto Clínico
O adalimumabe é um anticorpo monoclonal anti-fator de necrose tumoral a totalmente humano. Trata-se de um medicamento que vem se mostrando eficaz no tratamento da artrite idiopática juvenil (AIJ). Porém é interessante saber se o medicamento consegue ter ação em outra manifestações extra-articulares, incluindo a uveíte associada à AIJ.
O Estudo
Foi realizado um ensaio multicêntrico, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, para avaliar a eficácia e segurança do adalimumabe em crianças e adolescentes com idade igual ou superior a 2 anos que tinham uma uveíte associada à AIJ ativa. Os pacientes que estavam tomando uma dose estável de metotrexato foram distribuídos aleatoriamente numa proporção de 2: 1 para receberem adalimumabe (numa dose de 20 mg ou 40 mg, de acordo com o peso corporal) ou placebo, administrados por via subcutânea a cada 2 semanas. Os doentes continuaram o regime do ensaio até falência do tratamento ou até 18 meses decorridos. Eles foram seguidos por até 2 anos após a randomização. O ponto final primário foi o tempo até a falha do tratamento, definido de acordo com um escore de inflamação intraocular baseado nos critérios de Padronização da Nomenclatura de Uveíte.
No total a amostra contou com 90 participantes. Foram observadas 16 falhas de tratamento em 60 pacientes (27%) no grupo adalimumabe versus 18 falhas de tratamento em 30 pacientes (60%) no grupo placebo (razão de risco 0,25; IC95% 0,12 a 0,49; P <0,0001). Os eventos adversos foram relatados com maior freqüência nos pacientes que receberam adalimumabe do que nos que receberam placebo (10,07 eventos por paciente-ano; [IC95% 9,26 a 10,89] versus 6,51 eventos por paciente-ano [IC95% IC, 5,26-7,77]), assim como os eventos adversos graves (0,29 eventos por ano-paciente [IC95%, 0,15 a 0,43] versus 0,19 eventos por paciente-ano [IC95%, 0,00-0,40]).
Aplicação Prática
Este estudo foi financiado por um programa denominado NIHR Health Technology Assessment Program and Arthritis Research. Pelo que podemos observar dos resultados, o uso do adalimumabe controlou a uveíte em proporção maior que o placebo entre crianças e adolescentes com uveíte associada à AIJ ativa que estavam tomando uma dose estável de metotrexato. Ainda que o resultado seja positivo, devemos observar que os pacientes que receberam adalimumabe tiveram uma incidência muito maior de eventos adversos e eventos adversos graves do que aqueles que receberam placebo. Acreditamos que seja uma alternativa terapêutica válida a partir do resultado destes estudo, desde que compartilhado com o paciente o risco x benefício do tratamento.
Bibliografia
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