Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 07/02/2020
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Desde seu início, a Surviving Sepsis Campaign trazcomo item de processo a realização de culturas em pacientes sépticos antes daadministração de antimicrobianos. Conflita com essa ideia o fato de haver umtempo para realização do antimicrobiano, idealmente em até 60 minutos. Aadministração de agentes antimicrobianos antes da obtenção de hemoculturas podediminuir o tempo de tratamento e melhorar os resultados, mas não está clarocomo essa estratégia afeta a sensibilidade do diagnóstico.
Apresentamos um estudo observacional cujo objetivofoi determinar a sensibilidade das hemoculturas obtidas logo após o início daterapia antimicrobiana em pacientes com manifestações graves de sepse. O estudofoi realizado em sete departamentos de emergência na América do Norte e incluiupacientes adultos com manifestações graves de sepse, pressão arterial sistólicainferior a 90 mmHg ou nível de lactato sérico de 4 mmol/L (36 md/dL) ou mais.
As hemoculturas foram obtidas antes e dentro de 120minutos após o início do tratamento antimicrobiano. Foi avaliada asensibilidade dessas hemoculturas obtidas após o início da terapiaantimicrobiana.
Dos 3.164 participantes examinados, 325 foramincluídos no estudo (idade média de 65,6 anos; 62,8% homens) e tiveramrepetidas hemoculturas após o início da terapia antimicrobiana (tempo médio, 70minutos [intervalo interquartil, 50 a 110 minutos]). As hemoculturaspré-antimicrobianos foram positivas para um ou mais patógenos em 102 de 325(31,4%) pacientes. As hemoculturas pós-antimicrobianos foram positivas para um oumais patógenos em 63 de 325 (19,4%) pacientes. A diferença absoluta naproporção de hemoculturas positivas entre os testes pré e pós-antimicrobianosfoi de 12,0% (IC 95%, 5,4% a 18,6%; P < 0,001). A sensibilidade da culturapós-antimicrobiana foi de 52,9% (IC, 42,8% a 62,9%). Quando os resultados deoutras culturas microbiológicas foram incluídos, patógenos microbianos foramencontrados em 69 de 102 (67,6% [IC, 57,7% a 76,6%]) pacientes.
Este estudo observacional corrobora ideia práticaque temos. A administração de antimicrobianos impacta na sensibilidade deculturas colhidas em pacientes sépticos, sendo que o início da terapiaantimicrobiana empírica reduz significativamente a sensibilidade dashemoculturas colhidas logo após o início do tratamento (diferença absoluta de12%).
É necessário esclarecer que essa informação não deveser interpretada como uma recomendação estrita de administrar antimicrobianosapenas depois da coleta de culturas em pacientes sépticos. O que fica evidenteé que de fato há um impacto na positividade do exame. Na prática, deve-semanter foco na administração do antimicrobiano, ou seja, a coleta de culturasnão pode atrasar o medicamento. Porém, esforços no processo de cuidados aospacientes sépticos devem ser feitos para tentar viabilizar a ordem deatividades, desde que não haja impacto ao paciente, mas que potencialize umfuturo ajuste de antimicrobianos.
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