Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 17/02/2020
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Dados observacionais mostram que realizar um avançolento dos volumes de alimentação enteral em bebês prematuros está associado arisco reduzido de enterocolite necrosante, mas a risco aumentado de sepsetardia. No entanto, os dados de estudos randomizados são limitados.
Apresentamos um estudo randomizado, no qual bebêsmuito prematuros ou com muito baixo peso ao nascer foram randomizados paraincrementos diários de leite de 30 ml por quilograma de peso corporal(incremento mais rápido) ou 18 ml por quilograma (incremento mais lento) atéatingir os volumes de alimentação completos. O desfecho primário foi asobrevida sem incapacidade neurodesenvolvimental moderada ou grave aos 24meses. Os desfechos secundários incluíram componentes do desfecho primário,sepse tardia confirmada ou suspeita, enterocolite necrosante e paralisiacerebral.
Entre 2.804 crianças submetidas à randomização, odesfecho primário pôde ser avaliado em 1.224 (87,4%), atribuído ao incrementomais rápido, e em 1.246 (88,7%), atribuído ao incremento mais lento. Asobrevida sem incapacidade neurodesenvolvimental moderada ou grave aos 24 mesesocorreu em 802 de 1.224 bebês (65,5%), atribuída ao incremento mais rápido, eem 848 de 1.246 (68,1%), atribuída ao incremento mais lento (taxa de risco ajustada,0,96; intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,92 a 1,01; P = 0,16). Sepse deinício tardio ocorreu em 414 de 1.389 crianças (29,8%) no grupo de incrementomais rápido e em 434 de 1.397 (31,1%) no grupo de incremento mais lento (razãode risco ajustada, 0,96; IC 95%, 0,86 a 1,07). Enterocolite necrosante ocorreuem 70 de 1.394 crianças (5,0%) no grupo de incremento mais rápido e em 78 de 1.399(5,6%) no grupo de incremento mais lento (taxa de risco ajustada de 0,88; IC 95%de 0,68 a 1,16).
Mais um estudo interessante em área com poucasevidências de ensaios clínicos. No caso, não houve diferença significativa nasobrevida sem incapacidade neurodesenvolvimental moderada ou grave aos 24 mesesem recém-nascidos muito prematuros ou com muito baixo peso ao nascer com umaestratégia de aumentar os volumes de alimentação de leite em incrementosdiários de 30 ml por quilograma, em comparação com 18 ml por quilograma. Issosugere que o incremento de volume não precisa ser tão pequeno, ao menos baseadonos resultados do presente ensaio clínico, que contou com um bom número departicipantes se considerarmos o aspecto estudado.
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