Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 28/02/2020
Comentários de assinantes: 0
A citorredução cirúrgica secundária é muitopraticada em mulheres com câncer epitelial do ovário recorrente sensível àplatina, peritoneal primário ou câncer de tuba uterina, porém sem avaliaçõesmais profundas de estudos.
Apresentamos um estudo que atribuiu aleatoriamentepacientes com câncer de ovário recorrente que receberam uma terapia anterior,que estavam há um tempo sem receber nenhuma quimioterapia à base deplatina (intervalo livre de platina) de6 meses ou mais e que apresentavamdoença ressecável determinada pelo investigador (sem doença residual namacroscopia) para sofrer citorredução cirúrgica secundária e depois receberquimioterapia à base de platina ou receber quimioterapia à base de platinasozinha. A quimioterapia adjuvante (paclitaxel-carboplatina ougencitabina-carboplatina) e o uso de bevacizumabe ficaram a critério doinvestigador. O desfecho primário avaliado foi a sobrevivência global.
Foram submetidas à randomização 485 pacientes, 240para citorredução secundária antes da quimioterapia e 245 para quimioterapiaisolada. O acompanhamento médio foi de 48,1 meses. A ressecção macroscópicacompleta foi alcançada em 67% das pacientes submetidas à cirurgia. Aquimioterapia à base de platina com bevacizumabe seguida de manutenção combevacizumabe foi administrada a 84% das pacientes em geral e foi igualmentedistribuída entre os dois grupos.
A taxa de risco de morte (cirurgia vs. sem cirurgia)foi de 1,29 (intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,97 a 1,72; P = 0,08), o quecorrespondeu a uma sobrevida global média de 50,6 meses e 64,7 meses,respectivamente. O ajuste para o intervalo livre de platina e a escolha daquimioterapia não alteraram o efeito. A taxa de risco para progressão ou morteda doença (cirurgia vs. sem cirurgia) foi de 0,82 (IC 95%, 0,66 a 1,01;sobrevida média livre de progressão, 18,9 meses e 16,2 meses, respectivamente).A morbidade cirúrgica aos 30 dias foi de 9%; 1 paciente (0,4%) morreu decomplicações pós-operatórias. A qualidade de vida relatada pela pacientediminuiu significativamente após a cirurgia, mas não diferiu significativamenteentre os dois grupos após a recuperação.
Neste estudo envolvendo pacientes com câncer deovário recorrente sensível à platina, a citorredução cirúrgica secundáriaseguida por quimioterapia não resultou em sobrevida global mais longa do que aquimioterapia isolada. Como se trata de procedimento de alto custo e de muitamorbidade, o fato de não trazer benefício adicional leva a crer que de fato nãose deve optar por esse tipo de tratamento no perfil de caso apresentado peloestudo.
O MedicinaNET é o maior portal médico em português. Reúne recursos indispensáveis e conteúdos de ponta contextualizados à realidade brasileira, sendo a melhor ferramenta de consulta para tomada de decisões rápidas e eficazes.
Medicinanet Informações de Medicina S/A Cnpj: 11.012.848/0001-57 | info@medicinanet.com.br |
MedicinaNET - Todos os direitos reservados.
Em função da pandemia do Coronavírus informamos que não estaremos prestando atendimento telefônico temporariamente. Permanecemos com suporte aos nossos inscritos através do e-mail info@medicinanet.com.br.