Reações adversas amiodarona comprimidos

AMIODARONA COMPRIMIDOS com posologia, indicações, efeitos colaterais, interações e outras informações. Todas as informações contidas na bula de AMIODARONA COMPRIMIDOS têm a intenção de informar e educar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um profissional médico ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Decisões relacionadas a tratamento de pacientes com AMIODARONA COMPRIMIDOS devem ser tomadas por profissionais autorizados, considerando as características de cada paciente.



As reações adversas com cloridrato de amiodarona estão frequentemente relacionadas a uma superdosagem e podem ser evitadas ou reduzidas pesquisando-se a dose mínima eficaz de manutenção.
As reações adversas têm sido muito comuns praticamente em todas as séries de pacientes tratados com amiodarona para arritmias ventriculares com doses relativamente maiores do fármaco (400 mg/dia e acima), ocorrendo em cerca de ¾ de todos os pacientes e causando descontinuação em 7 a 18%. As reações mais sérias são toxicidade pulmonar, exacerbação da arritmia, e rara lesão hepática séria, mas outros efeitos adversos constituem problemas importantes. A maioria dos efeitos adversos parece tornar-se mais frequente com tratamento continuado além de 6 meses, embora os níveis pareçam ficar relativamente constantes além de 1 ano.
Problemas neurológicos são extremamente comuns, ocorrendo em 20 a 40% dos pacientes e incluindo desconforto e fadiga, tremor e movimentos involuntários, pouca coordenação, e neuropatia periférica. Eles raramente são motivo para a interrupção da terapia e podem responder a reduções da dose ou descontinuação.
Os seguintes efeitos foram relatados em 10-33% dos pacientes:
Gastrintestinais: náusea e vômito.
Os seguintes efeitos foram relatados em 4-9% dos pacientes:
Dermatológicos: dermatite solar/foto-sensibilidade.
Neurológicos: fadiga, tremor/movimentos involuntários anormais, falta de coordenação, locomoção anormal/ataxia, tontura, parestesia.
Gastrintestinais: constipação e anorexia.
Oftalmológico: distúrbios visuais com microdepósitos corneanos que geralmente são presentes em todos os pacientes adultos que receberam o fármaco além de 6 semanas, mas limitam-se à área subpupilar e não contraindicam a continuação do tratamento.
Excepcionalmente podem ser acompanhados de percepção de halos coloridos, sob luz intensa ou de visão turva.
Constituídos de depósitos lipídicos complexos, os microdepósitos corneanos são sempre reversíveis algum tempo após a suspensão do tratamento.
Foram também referidos alguns casos de neuropatia ótica, com alterações de visão, mas a relação com a amiodarona não está comprovada. Na presença de tais sintomas recomenda-se o exame oftalmológico, e, se for o caso, suspender o tratamento.
Hepático: testes de função hepática anormais.
Os seguintes efeitos foram relatados em 1-3% dos pacientes:
Tireoide: hipotireoidismo, hipertireoidismo.
Neurológico: diminuição da libido, insônia, cefaleia, distúrbios do sono.
Cardiovascular: insuficiência cardíaca congestiva, arritmias cardíacas, disfunção do nodo AS.
Gastrintestinal: dor abdominal.
Hepático: desordens hepáticas não específicas.
Outros: eritema, gosto e cheiro anormal, salivação anormal, anormalidades da coagulação.
Os seguintes efeitos foram relatados em menos de 1% dos pacientes:
Pele de coloração azulada, erupção cutânea, equimose espontânea, alopecia, hipotensão, e anormalidades de condução cardíaca.
Na pesquisa de quase 5.000 pacientes tratados em estudos abertos nos Estados
Unidos e estudos publicados de tratamento com amiodarona, as reações adversas que mais frequentemente requerem a descontinuação da amiodarona incluem infiltrados ou fibrose pulmonar, taquicardia ventricular paroxística, insuficiência cardíaca congestiva, e elevação das enzimas hepáticas.
Outros sintomas menos frequentes que levam à descontinuação incluem distúrbios visuais, dermatite solar, descoloração azul da pele, hipertireoidismo e hipotireoidismo.
Manifestações tireoidianas:
Pode haver uma “dissociação hormonal” (aumento de T4 com T3 normal ou levemente reduzido) que, na ausência de sinais clínicos, não obriga a suspensão da amiodarona. O tratamento pode levar ao hipotireoidismo, com sintomas e sinais clássicos confirmados pela elevação dos níveis de TSH; esse quadro reverte ao normal dentro de 1 a 3 meses após suspensão do tratamento. Em caso de necessidade estrita, a amiodarona pode ser mantida associada a L-tiroxina sob controle dos níveis de TSH ultrassensível. O aparecimento de hipertireoidismo, em geral oligossintomático (emagrecimento, surgimento de arritmia, angina, insuficiência cardíaca congestiva), pode ser confirmado pela baixa dos níveis de TSH ultrassensível.
Nesses casos a interrupção do tratamento é mandatória, levando à normalização dentro de poucos meses. Nos casos mais graves o uso de antitireoidianos pode dar resultados inconsistentes, recomendando-se, então, corticoterapia, betabloqueadores, etc.
Manifestações pulmonares:
Foram referidos casos de toxicidade pulmonar (pneumonite ou fibrose alveolar/intersticial, pleurite, pneumonia com bronquiolite obliterante – BOOP), algumas vezes levando ao óbito. Deve ser feito exame radiológico de tórax nos pacientes que desenvolverem dispneia de esforço com ou sem deterioração do estado. Os distúrbios pulmonares são em geral reversíveis com a suspensão precoce da amiodarona. Os sinais clínicos usualmente regridem em 3 a 4 semanas e a melhora radiológica e funcional é mais lenta (vários meses). Portanto, deve-se reavaliar o uso da amiodarona e um tratamento com corticosteroide.
Foram relatados alguns casos de bronco-espasmo em pacientes com insuficiência respiratória grave, especialmente em asmáticos. Observaram-se raros casos de síndrome de angústia respiratória do adulto, algumas vezes com óbito, geralmente no pós-operatório imediato (possível interação com concentrações altas de oxigênio).
Manifestações hepáticas:
Pode ocorrer elevação isolada das transaminases (geralmente moderada, cerca de 1,5 a 3 vezes os valores normais), no início do tratamento e que regride espontaneamente ou após redução da dose de amiodarona. Excepcionalmente pode ocorrer uma hepatopatia aguda (com transaminases elevadas e/ou icterícia), tendo sido referidos alguns óbitos. Quando surge essa hepatopatia, o tratamento deve ser suspenso.
Foram observados quadros de hepatite crônica, caracterizados por hepatomegalia, discreta elevação das transaminases e histologia semelhante à hepatite pseudoalcoólica; as alterações enzimáticas desaparecem 2 a 3 meses após o trata mento, mas o quadro histopatológico pode persistir por vários meses. O controle da função hepática do paciente é importante.
As alterações clínicas e laboratoriais geralmente regridem com a suspensão do tratamento, mas foram relatadas ocorrências de óbito.
Efeitos cardíacos:
Pode ocorrer bradicardia geralmente moderada, dose-dependente. Em alguns casos (alteração sinusal, indivíduos idosos) pode ocorrer bradicardia acentuada, mas a parada sinusal é excepcional.
Raramente podem ocorrer alterações da condução (bloqueio sinoatrial, bloqueios atrioventriculares de diferentes graus).
Foram observados alguns casos do aparecimento ou piora de arritmia, ocasionalmente com parada cardíaca. Face ao atual nível de conhecimento, é impossível determinar se esses efeitos são devidos a amiodarona, ao problema cardíaco subjacente ou à falta de eficácia do tratamento.
O efeito arritmogênico da amiodarona é menos frequente do que com a maioria dos outros antiarrítmicos e ocorre geralmente após algumas associações medica mentosas (ver Interações) ou distúrbios eletrolíticos.
Outras manifestações:
– Algumas observações de epididimites e impotência foram relatadas, porém não foi estabelecida relação com amiodarona.
– Manifestações isoladas foram descritas dentro de um contexto que lembra reação de hipersensibilidade (vasculite, dano renal com elevação moderada da creatinina e trombopenia). Foram também referidos casos excepcionais de anemia hemolítica ou anemia aplástica.
Interferência em exames laboratoriais:
Podem ocorrer elevações das enzimas hepáticas (SGOT e SGPT) no início do tratamento, que regridem espontaneamente ou após redução da dose de amiodarona.
Os pacientes com doses de manutenção e enzimas hepáticas relativamente altas, devem ser monitorados de forma regular.
Elevações significantes e persistentes das enzimas hepáticas ou hepatomegalias devem alertar o médico a considerar a redução da dose de manutenção de amiodarona ou descontinuação da terapia (vide Reações Adversas – Manifestações hepáticas)
A amiodarona pode alterar os resultados dos testes de função da tireoide, causando uma “dissociação hormonal” com aumento de T4 e T3 normal ou levemente reduzido (vide Reações Adversas – Manifestações tireoidianas).