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Antibióticos na sinusite aguda metanálise 2

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 08/12/2008

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Antibióticos na sinusite aguda

 

Comparação de antibióticos com placebo para o tratamento de sinusite aguda: uma metanálise de ensaios clínicos controlados randomizados.

Comparison of antibiotics with placebo for treatment of acute sinusitis: a meta-analysis of randomised controlled trials Lancet Infect Dis 2008; 8: 543–52 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Lancet Infectious Disease): 12,058

 

Contexto Clínico

            As sinusites (ou rinossinusites) agudas são caracterizadas por uma constelação de sintomas que incluem congestão ou obstrução nasal, descarga nasal (que pode ser purulenta), gotejamento pós-nasal, sensação de dor ou pressão facial, alterações do olfato, dor de cabeça, tosse, febre, odontalgia, halitose, dentre outros. A origem dos sintomas da sinusite é uma reação inflamatória das membranas mucosas das cavidades nasais e paranasais. A sinusite aguda é comumente de origem infecciosa, embora alergia e irritantes locais possam produzir sintomas semelhantes. Os agentes etiológicos infecciosos são predominantemente virais, mas uma infecção viral pode evoluir para uma infecção bacteriana. Em virtude da dificuldade de diferenciar agentes etiológicos virais e alérgicos de bacterianos, a prescrição de antibióticos tem sido excessiva, embora as recomendações de muitas diretrizes2,3 sejam para introdução de antibiótico apenas em casos com duração maior que 7 dias associada a dor facial e secreção nasal purulenta. Assim, os autores realizaram uma metanálise para avaliar o efeito de antibióticos nas sinusites agudas.

 

O Estudo

            Foi uma metanálise de ensaios clínicos randomizados para avaliar o papel terapêutico dos antibióticos no tratamento das sinusites agudas comparado com placebo. Os estudos elegíveis foram pesquisados no PubMed e no Scopus, bem como nas referências bibliográficas dos estudos inicialmente encontrados naquelas bases de dados. Foram incluídos 17 ensaios clínicos randomizados (sendo que 3 avaliaram crianças). Rinossinusite aguda foi diagnosticada clinicamente em 9 ensaios clínicos, radiologicamente em 6 ensaios clínicos e através de métodos laboratoriais e microbiológicos em 2 ensaios clínicos. Foi uma metanálise tradicional que utilizou os dados publicados (metanálise do tipo II)4 e não os dados dos pacientes individuais (metanálise do tipo III) como foi a outra metanálise sobre o mesmo tema discutida esta semana5. Para dar conta de heterogeneidade potencial entre os estudos utilizou-se o modelo de efeito randômico em todas as análises. O desfecho primário de efetividade da metanálise foi cura ou melhora entre o sétimo e o décimo quinto dia de tratamento.

 

Resultados

            Comparado com placebo, os antibióticos se associaram com uma taxa maior de cura ou melhora (OR:1,64 IC 95% 1,35 - 2,00), ou de cura isoladamente (OR:1,82 IC95% 1,34 – 2,46), mas também com mais eventos adversos (OR:1,87 IC95% 1,21 – 2,90). A velocidade de resolução de sintomas foi mais rápida com antibióticos na maioria dos estudos. Como conclusão os autores relatam que o uso de antibióticos na sinusite aguda confere um pequeno benefício terapêutico em relação ao placebo à custa de um aumento nos eventos adversos, sugerindo que o uso de antibióticos deva ser reservado para pacientes selecionados com alta probabilidade de infecção bacteriana.

 

Aplicação para a Prática Clínica

            Esta metanálise, ao contrário da análise de Young et al5, avaliou apenas os dados agregados (as estimativas – RR ou OR – de cada estudo, e não os dados para os pacientes individuais participantes dos estudos). Além disso, incluiu estudos com diagnóstico radiológico e laboratorial de sinusite aguda, e incluiu crianças. Talvez por estes motivos a estimativa de efeito geral nesta metanálise (OR:1,82) foi maior que na metanálise de Young (OR;1,35). Sinusites diagnosticadas por imagem ou por microbiologia têm uma chance maior de representar infecções bacterianas. Entretanto, embora o resultado desta metanálise seja mais favorável ao uso de antibióticos nas sinusites agudas, os resultados de ambas apontam na mesma direção se levarmos em conta as observações acima citadas. Quando o diagnóstico é clínico, o uso de antibiótico deve ser reservado para os pacientes com alta probabilidade de infecção bacteriana (secreção retrofaríngea purulenta por exemplo). O uso do tempo de evolução (> 7 dias) como evidência de infecção bacteriana ainda deve ser utilizado na prática clínica, embora o estudo de Young não tenha mostrado benefício de antibióticos mesmo neste subgrupo de pacientes.

 

Bibliografia

1. Falagas ME, Giannopoulou KP, Vardakas KZ, Dimopoulos G, Karageorgopoulos DE. Comparison of antibiotics with placebo for treatment of acute sinusitis: a meta-analysis of randomised controlled trials Lancet Infect Dis 2008; 8: 543–52. [Link para Abstract].

2. Hickner JM, Bartlett JG, Besser RE, Gonzales R, Hoff man JR, Sande MA. Principles of appropriate antibiotic use for acute rhinosinusitis in adults: background. Ann Intern Med 2001; 134:498-505.

3. Rosenfeld RM, Andes D, Bhattacharyya N, et al. Clinical practice guideline: adult sinusitis. Otolaryngol Head Neck Surg 2007; 137: S1–31.

4. Blettner M, Sauerbrei W, Schlehofer B, Scheuchenpfl ug T, Friedenreich C. Traditional reviews, meta-analyses and pooled analyses in epidemiology. Int J Epidemiol 1999; 28: 1–9.

5. Young J, De Sutter A, Merenstein D, van Essen GA, Kaiser L, Varonen H, Williamson I, Bucher HC. Antibiotics for adults with clinically diagnosed acute rhinosinusitis: a meta-analysis of individual patient data. Lancet 2008; 371(9616):908-14.

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