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Alterações Inespecíficas da Repolarização em Idosos

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 25/01/2009

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Prevalência, prognóstico e implicações de anormalidades isoladas não específicas do segmento ST e da onda T em idosos.

Prevalence, Prognosis, and Implications of Isolated Minor Nonspecific ST-Segment and T-Wave Abnormalities in Older Adults - Cardiovascular Health Study. Circulation. 2008;118:2790-2796 [Link para PubMed].

 

Fator de impacto da revista (Circulation):12,755.

 

Contexto Clínico

A prevalência e o significado prognóstico de alterações menores, isoladas e não específicas do segmento ST e da onda T (AMINESTT) em idosos é pobremente conhecida. Também não há dados consistentes em relação a diferenças de gênero e raça quanto ao prognóstico de tais alterações. Há estudos2,3 com populações de meia idade que já demonstraram que estes achados inespecíficos estão associados a aumento da mortalidade coronariana e cardiovascular. Com base neste fato, os autores avaliaram a associação destas anormalidades eletrocardiográficas com morbidade e mortalidade cardiovascular em pacientes mais idosos e predominantemente mulheres numa coorte.

 

O Estudo

Participantes do Cardiovascular Health Study (CHS) sem doença cardiovascular de base e sem alterações eletrocardiográficas importantes foram incluídos (n=3224 participantes). Foi examinada, de forma prospectiva, a associação entre alterações eletrocardiográficas inespecíficas (AMINESTT) – definidas pelos códigos de Minnesota 4-3, 4-4, 5-3 e 5-4 e mortalidade total, mortalidade cardiovascular, mortalidade coronariana e infarto agudo do miocárdio (IAM) incidente. Dentre os 3224 participantes (idade média de 72 anos), 61,9% eram mulheres e 233 (7,2%) apresentavam alterações AMINESTT de base.

 

Resultados

As covariáveis associadas à presença de AMINESTT incluíam maior idade, raça não branca (20,5% dos negros vs 4,8% dos brancos, p<0,001), diabetes, pressão arterial mais elevada, IMC mais elevado, mas não doença cardiovascular subclínica. Após 39.518 pessoas-ano de acompanhamento, a presença das AMINESTT associou-se significativamente com maior risco de mortalidade coronariana (hazard ratio ajustado – HR:1,76 IC95% 1,18-2,61), mas não com IAM não fatal (HR:0,71 IC95% 0,43-1,17). A associação das AMINESTT com mortalidade coronariana ocorreu independentemente de aterosclerose subclínica e massa ventricular esquerda. Nas análises secundárias, dentre os que morreram por causas cardiovasculares, observou-se que houve uma taxa significativamente maior de morte por arritmia dentre os participantes com AMINESTT comparados com aqueles sem alterações eletrocardiográficas (32,3% vs 15,4%; p=0,02). Os autores concluem que alterações eletrocardiográficas isoladas e inespecíficas são comuns em idosos e estão associadas a um risco significativamente maior de morte por doença coronariana, entretanto as AMINESTT não estão associadas a IAM não fatal, indicando que elas associam-se particularmente com risco aumentado de morte por arritmia primária.

 

Aplicações para a Prática Clínica

As famosas alterações inespecíficas da repolarização, comumente relegadas a um segundo plano, aparentemente estão associadas com maior mortalidade por doença coronariana, provavelmente através de morte por arritmia. Este achado tem importância na prática clínica, uma vez que tais alterações eletrocardiográficas não são incomuns e podem servir como um dado adicional na estratificação de risco de pacientes idosos. Falta saber se este conhecimento irá resultar em intervenções que reduzirão a mortalidade associada às AMINESTT.

 

Bibliografia

1.    Kumar A, Prineas RJ, Arnold AM, Psaty BM, Furberg CD, Robbins J, Lloyd-Jones DM. Prevalence, Prognosis, and Implications of Isolated Minor Nonspecific ST-Segment and T-Wave Abnormalities in Older Adults - Cardiovascular Health Study. Circulation. 2008;118:2790-2796.

2.    Kumar A, Lloyd-Jones DM. Clinical significance of minor nonspecific ST-segment and T-wave abnormalities in asymptomatic subjects. Cardiol Rev. 2007;15:133–142.

3.    Greenland P, Xie X, Liu K, Colangelo L, Liao Y, Daviglus ML, Agulnek AN, Stamler J. Impact of minor electrocardiographic ST-segment and/or T-wave abnormalities on cardiovascular mortality during long-term follow-up. Am J Cardiol. 2003;91:1068 –1074.

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