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Sono e Resfriado Comum

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 27/08/2009

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Hábitos de sono e susceptibilidade ao resfriado comum.

Sleep habits and susceptibility to the common cold. Arch Intern Med 2009;169(1):62-67 [Link para PubMed].

 

Fator de impacto da revista (Archives of Internal Medicine): 8,391.

 

Contexto Clínico

A qualidade do sono parece ser um preditor importante da imunidade e esta, por sua vez, pode afetar a susceptibilidade ao resfriado comum. Há um único estudo de 1997 que sugeriu esta associação2. Assim, os autores avaliaram se a duração e a qualidade do sono estão associadas à susceptibilidade ao resfriado comum.

 

O Estudo

Foram incluídos 153 voluntários saudáveis (homens e mulheres com idade entre 21 e 55 anos). Durante 14 dias consecutivos eles relataram a duração e a eficiência de seu sono (eficiência sendo definida como a porcentagem do tempo na cama em que o participante estava, de fato, dormindo) na noite anterior e se eles sentiam-se descansados durante o dia. Médias para cada variável do sono foram calculadas para os 14 dias mencionados. Além disso, foram coletadas informações a respeito de inúmeras variáveis com potencial para confusão (idade, IMC, renda, raça, sexo, tabagismo, títulos de anticorpos antirrinovírus e um questionário psicológico. No dia seguinte os participantes foram inoculados com gotas nasais contendo o rinovírus RV-39 numa concentração 125 vezes maior que a necessária para infectar 50% das culturas de tecidos expostas ao vírus. Foram, então, monitorizados para o aparecimento de sinais (muco = 10g e tempo de clearance nasal = 35 minutos) e sintomas de resfriado comum, além de recuperação do vírus no fluído nasal e aumento maior ou igual a quatro vezes nos títulos de anticorpos antirrinovirais durante os cinco dias subsequentes.

 

Resultados

Houve uma associação do tempo médio de sono com a probabilidade de desenvolver um resfriado comum. Participantes com menos de 7 horas de sono tiveram uma probabilidade 2,94 vezes maior (IC95% 1,18-7,30) de desenvolver um resfriado do que participantes que dormiam em média 8 horas ou mais. Também houve associação com a eficiência do sono. Participantes com menos de 92% de eficiência do sono tiveram uma probabilidade 5,50 vezes maior (IC95% 2,08-14,48) de ter um resfriado do que os participantes com eficiência do sono maior que 98%. Tais associações não puderam ser explicadas por vários potenciais fatores de confusão como diferenças nos títulos de anticorpos antirrinovirais antes da inoculação do rinovírus, características demográficas, estação do ano, IMC, status socioeconômico, variáveis psicológicas e práticas de saúde. A porcentagem de dias em que os participantes sentiam-se descansados não se associou com resfriados.

 

Aplicações para a Prática Clínica

Ao contrário de alguns estudos3 que avaliaram o efeito do tempo de sono sobre morbidade e mortalidade cardiovascular e que encontraram aumento da morbimortalidade com tempos de sono maiores que oito horas, o presente estudo mostrou que aumentos na duração do sono acima de oito horas estão associados à melhor saúde (em relação ao resfriado comum). Uma das possíveis explicações destes achados é que talvez nas coortes de mortalidade, os pacientes eram mais idosos, tinham mais comorbidades e o excesso de sono poderia estar relacionado a depressão ou ser um marcador de alguma doença de base, Ao contrário, este estudo avaliou pacientes mais jovens, sem comorbidades e nos quais quadros psicológicos mais gritantes foram afastados pelo questionário específico. É um estudo pequeno, mas muito interessante e cujo resultado pode nos auxiliar na condução de pacientes que se apresentam com IVAS (infecção de vias aéreas superiores) de repetição.

 

Bibliografia

1.    Cohen S, Doyle WJ, Alper CM, Janicki-Deverts D, Turner RB. Sleep habits and susceptibility to the common cold. Arch Intern Med 2009;169(1):62-67.

2.    Cohen S, Doyle WJ, Skoner DP, Rabin BS, Gwaltney JM Jr. Social ties and susceptibility to the common cold. JAMA 1997;277(24):1940-1944.

3.    Ayas NT, White DP, Manson JE, et al. A prospective study of sleep duration and coronary heart disease in women. Arch Intern Med 2003;163(2):205-209.

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