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Sensibilidade do teste rápido para Influenza A H1N1 em crianças

Autores:

Flávia J. Almeida

Médica Assistente do Serviço de Infectologia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo. Mestre em Pediatria pela FCMSCSP.

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 15/03/2010

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Sensibilidade do teste rápido para Influenza A H1N1 em crianças

 

Sensibilidade do teste rápido de Influenza para o vírus da Influenza A H1N1 (de origem suína) em crianças1 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Pediatrics): 4,789

 

Contexto Clínico

            A pandemia de influenza A H1N1 de origem suína (S-OIV) faz com que testes diagnósticos práticos e com boa acurácia sejam urgentemente avaliados para sua utilidade clínica potencial. A performance do teste rápido de influenza para o S-OIV é desconhecida, com os poucos estudos existentes realizados em populações mistas (adultos e crianças) mostrando sensibilidades de 11 a 69%. Uma vez que uma nova temporada de circulação viral se aproxima é importante conhecermos a performance de um teste rápido para influenza.  Desta forma os autores realizaram o presente estudo com o objetivo de avaliar a sensibilidade e a acurácia do teste rápido para Influenza em crianças.

 

O Estudo

            Trata-se de um estudo prospectivo de testes diagnósticos em que crianças de 0 a 17 anos atendidas no pronto-socorro com síndrome gripal aguda foram recrutadas entre os dias 22 de maio e 25 de julho de 2009. O estudo foi realizado em um hospital pediátrico de referência e numa clínica pediátrica de comunidade. Teste rápido para influenza (TRVI) (realizado nos locais de atendimento) e imunofluorescência direta (DFA) foram comparados com reação em cadeia de polimerase (RT-PCR) para avaliar a sensibilidade e a especificidade para o S-OIV. Também foi comparada a sensibilidade do TRVI para o S-OIV com a sensibilidade para influenza sazonal em duas estações anteriores. Foram incluídas 821 crianças, sendo 651 provenientes do pronto-socorro do hospital de referência e 169 da clínica de comunidade.

 

Resultados

            A sensibilidade do TRVI foi de 62% (IC95% 52 – 70%) para o S-OIV, com uma especificidade de 99% (IC95% 92 – 100%). A sensibilidade do DFA foi de 83% (IC95% 75 – 89%), sendo superior à do TRVI (p<0,001). A sensibilidade do TRVI para o S-OIV foi semelhante à sensibilidade do teste para o influenza sazonal, utilizando a DFA + cultura como padrão ouro.  A sensibilidade do teste rápido foi significativamente maior para crianças = 5 anos (71%; p=0,003) e para pacientes com 2 dias ou menos de sintomas (70%; p<0,001). Os autores concluem que embora a sensibilidade do teste rápido para detectar o influenza A H1N1 de origem suína seja maior que a previamente relatada, ela ainda permanece aquém do ideal.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Os resultados deste estudo já foram demonstrados previamente, inclusive citados nas últimas recomendações do CDC (Centers for Diseases Control and Prevention)2. Durante a circulação do vírus influenza, um TRVI positivo confirma a infecção, mas um TRVI negativo não a exclui.  Desta forma, frente a um teste rápido negativo, que é oferecido em muitos serviços privados no Brasil (e em alguns serviços públicos), é fundamental que o médico considere que ainda assim (em 30 a 48% dos casos) pode estar diante de um caso de influenza H1N1, sendo necessário considerar o tratamento medicamentoso e a confirmação laboratorial com RT-PCR, quando indicados, além das medidas de controle de infecção, tais como isolamento respiratório. A explicação para a maior sensibilidade observada em crianças menores e nas primeiras 48h de sintomas possivelmente está relacionada à maior viremia nas primeiras 48h e em crianças menores (relacionada à imaturidade do sistema imunológico). Entretanto, mesmo nestes casos, a sensibilidade (70%) ainda não é adequada como exame de triagem.

            Com base nestas considerações estes editores acreditam que o uso TRVI como rotina na epidemia de S-OIV não deva ser utilizada, uma vez que, no melhor cenário, 30% dos testes negativos são falso-negativos. Os autores do estudo comentam que talvez o teste rápido tenha algum espaço na abordagem de crianças pequenas (< 5 anos) que chegam precocemente ao serviço de saúde (< 48h de sintomas). Entretanto, estudos de custo-eficácia ainda são necessários para avaliar se existe algum benefício real de se incluir o TRVI na abordagem de crianças com síndrome gripal aguda durante uma epidemia de S-OIV

 

Bibliografia

1.     Hawkes M, Richardson SE, Ipp M, Schuh S, Adachi D, Tran D. Sensitivity of Rapid Influenza Diagnostic Testing for Swine-Origin 2009 A (H1N1) Influenza Virus in Children. PEDIATRICS 2010; 125(3):639-644.

2.     Centers for Disease Control and Prevention. Interim guidance for the detection of novel influenza A virus using rapid influenza diagnostic tests. Available at: www.cdc.gov/h1n1flu/ guidance/rapid_testing.htm. Accessed September15, 2009

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