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Prevenção de Quedas em Idosos

Autor:

Leonardo da Costa Lopes

Especialista em Geriatria pela SBGG; Médico Colaborador do Serviço de Geriatria do HC-FMUSP; Médico Assistente da Divisão de Clínica Médica do HU-USP

Última revisão: 14/06/2011

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Intervenções para a Prevenção de Quedas nos Idosos: Revisão Sistemática de Evidências

 

Especialidades: Geriatria, Medicina de Família e Comunidade, Clínica Geral, Fisiatria

 

Área de Atuação: Medicina Ambulatorial

 

Contexto Clínico

As quedas são fenômenos muito prevalentes entre idosos e potencialmente preveníveis. Estão associadas a perda da independência, elevada morbidade (lesões, fraturas, imobilidade) e mortalidade. Cerca de 30 a 40% dos idosos da comunidade caem ao menos 1 vez/ano. As quedas representam a principal causa de lesões fatais e não fatais entre idosos. Assim, a detecção de medidas eficazes para a prevenção de quedas é uma tarefa de grande importância no âmbito da saúde pública.

 

O Estudo

Trata-se de uma revisão sistemática cujo objetivo foi analisar os riscos e benefícios de intervenções de prevenção de quedas entre idosos ambulatoriais atendidos em serviços de atenção primária. Foi realizada uma revisão sistemática de trabalhos publicados até fevereiro de 2010 sobre o assunto. Dois revisores avaliaram, dentre 3.423 trabalhos, os estudos randomizados e controlados que apresentavam o evento queda como desfecho. As intervenções foram divididas em 5 grupos: abordagem multifatorial, tratamento único (reposição de vitamina D, ajuste de medicamentos ou correção de déficit visual), aconselhamento comportamental e educação em saúde, modificações do ambiente doméstico e atividade física.

Foram incluídos na revisão os resultados de 54 artigos, com um total de 26.102 participantes. Dezesseis estudos avaliaram a atividade física (3.986 participantes), identificando efeito protetor para quedas (RR 0,87 IC95% 0,81-0,94). As intervenções aplicadas foram variadas, com enfoque sobre marcha, equilíbrio, força, flexibilidade e agilidade. Foram incluídos exercícios como caminhar, pedalar, atividade aeróbica e exercícios resistidos. O tempo médio de intervenção foi de 12,5 semanas.

O uso de vitamina D foi avaliado por 9 trabalhos (5.809 participantes), também com resultados benéficos (RR 0,83 IC95% 0,77-0,89). A dose média diária utilizada foi de 800 U, por um período médio de 12 meses.

Os estudos que avaliaram a aplicação de múltiplas intervenções (abordagem multifatorial de quedas), ajuste medicamentoso, educação em saúde e correção de déficits visuais, não detectaram redução no risco de quedas. No caso da correção visual, observou-se um aumento no número de quedas, sem acréscimo na ocorrência de fraturas.

As intervenções que detectaram benefícios não produziram significativos efeitos adversos se comparadas aos seus respectivos grupos-controle, indicando serem seguras para a população idosa.

 

Aplicações para a Prática Clínica

Este estudo sugere que, na prevenção de quedas, intervenções populacionais com ações mais simples e objetivas, como atividade física e reposição de vitamina D, funcionem melhor que abordagens complexas, individualizadas e habitualmente mais onerosas, como a orientação comportamental.

O resultado reforça o conceito de que uma intervenção só pode ser admitida como benéfica para uma população após ser criteriosamente avaliada. Assim, pode-se conhecer sua eficácia e seus efeitos adversos. No caso da correção visual, a observação de que idosos com melhora da visão provavelmente andam mais e se expõem a maior número de quedas é um bom exemplo. Ele nos permite sugerir que o idoso, ao corrigir um déficit visual, deva ser submetido às medidas já comprovadas de prevenção de quedas.

Ainda sobre a atividade física, foi possível detectar um efeito dose-resposta: atividades físicas mais intensas produziram reduções maiores no risco de um idoso se tornar caidor.

O estudo, apesar de seus achados, apresenta limitações decorrentes de uma revisão sistemática. Há dificuldade para se estabelecer quais os melhores critérios definidores de risco de quedas. As intervenções propostas pelos artigos são heterogêneas e administradas durante períodos variáveis. A população, muito embora conste de idosos da comunidade, não é caracterizada quanto a suas capacidades funcionais. Isto é importante por conta do viés da imobilidade: idosos que não deambulam dificilmente caem.

 

Bibliografia

1.     Michael YL, Whitlock EP, Lin JS, Fu R, O'Connor EA, Gold R et al. Primary care-relevant interventions to prevent falling in older adults: a systematic evidence review for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2010 Dec 21; 153(12):815-25.

 

Fator de Impacto da Revista: (Ann Intern Med): 17.457

 

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