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Novidades no controle glicêmico de diabéticos que farão revascularização miocárdica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 14/01/2012

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Especialidades: Cardiologia / Endocrinologia / Medicina Hospitalar / Segurança do Paciente & Qualidade Assistencial

 

Resumo

Este estudo buscou descobrir se um controle glicêmico mais agressivo (90 a 120 mg/dL) poderia resultar em melhores resultados clínicos do que um controle convencional (120 a 180 mg/dL) em pacientes diabéticos submetidos a revascularização miocárdica.

 

Contexto clínico

Em 2001, um estudo randomizado trouxe evidências favoráveis a respeito de controle glicêmico agressivo para pacientes não diabéticos em unidades de terapia intensiva cirúrgicas. Entretanto, estudos mais recentes não têm conseguido reproduzir esses benefícios em pacientes clínicos ou quando há populações cirúrgicas e clínicas juntas. Já se sabe que um controle glicêmico que se mantém entre 120 e 180 mg/dL para pacientes diabéticos que se submetem a cirurgia de revascularização miocárdica é benéfico, mas não existem dados sobre um controle glicêmico mais agressivo.

 

O estudo

Este é um estudo prospectivo e randomizado, realizado nos EUA, que avaliou o controle glicêmico perioperatório de pacientes diabéticos que realizaram revascularização miocárdica. Os pacientes foram randomizados para um controle agressivo (glicemia-alvo de 90 a 120 mg/dL) ou moderado (glicemia-alvo de 120 a 180 mg/dL), com início na indução anestésica e que consistia de uso de insulina em bomba de infusão contínua (insulina R 100 UI em SF 0,9% 100 mL). A intervenção persistia por mais 18 horas na UTI no pós-operatório e depois havia uma transição para esquema de insulina subcutânea.

Os desfechos avaliados foram as incidências de eventos adversos nos 2 grupos (mortalidade em 30 dias, IAM, eventos neurológicos, infecções profundas da região do esterno e FA). Desfechos secundários avaliados foram os níveis de glicemia e a incidência de hipoglicemias.

Os resultados mostraram que não houve diferenças na incidência de eventos adversos entre os grupos (17 no grupo moderado vs. 15 no agressivo; P=0,91). Não houve mortes ou infecções do esterno em nenhum dos grupos. IAM ocorreram em 3 pacientes do controle agressivo e em nenhum paciente do grupo moderado (porém sem diferença estatística). Os níveis de glicemia foram mais baixos no grupo agressivo (135 ± 12 mg/dL no moderado vs. 103 ± 17 mg/dL agressivo; P < 0,0001). Houve uma maior incidência de hipoglicemias no grupo de controle glicêmico agressivo (4 no moderado vs. 30 no agressivo; P < 0,0001).

 

Aplicações para a prática clínica

Os resultados deste estudo mostram que não há um benefício em se fazer um controle glicêmico mais agressivo, pelo menos no perfil de paciente estudado, que são diabéticos submetidos a revascularização miocárdica. Este é mais um estudo que pode ser incorporado ao corpo de evidências que vem se formando contra a necessidade de controles glicêmicos mais agressivos em pacientes críticos. Pelo contrário, do ponto de vista de segurança do paciente, o controle glicêmico agressivo mais uma vez se mostra deletério, pela maior incidência de hipoglicemias geradas, situação que é fator de risco para lesões neuronais. Sendo assim, cada vez mais podemos ficar mais tranquilos em estabelecer controles glicêmicos mais conservadores para diferentes grupos de pacientes críticos.

 

Bibliografia

1.   Lazar HL, McDonnell MM, Chipkin S, Fitzgerald C, Bliss C, Cabral H. Effects of aggressive versus moderate glycemic control on clinical outcomes in diabetic coronary artery bypass graft patients. Ann Surg 2011 Sep; 254:458. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 7,474)

2.   Van den Berghe G, Wouters P, Weekers F, Verwaest C, Bruyninckx F, Schetz M et al. Intensive insulin therapy in critically ill patients. N Engl J Med 2001; 345:1359-67.

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