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Inserção do DIU logo após curetagem uterina por abortamento

Autor:

Giovanni Mastrantonio Di Favero

Médico Assistente da Disciplina de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Doutor em Medicina pelo Charité-Universitätsmedizin Berlin, Alemanha.

Última revisão: 22/02/2012

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Especialidades: Ginecologia / Obstetrícia

 

Resumo

Estudo que procurou comparar as taxas de expulsão do dispositivo intrauterino (DIU) em mulheres submetidas a curetagem uterina por abortamento, imediatamente após o procedimento versus tardiamente (cerca de 2 a 6 semanas).

 

Contexto clínico

O dispositivo intrauterino (DIU) é considerado um dos métodos anticoncepcionais disponíveis mais eficazes, além de ser reversível e ter um tempo de duração prolongado (até 5 anos). Tais qualidades o tornam uma das formas contraceptivas mais utilizadas mundialmente. Entretanto, sua inserção feita de forma ambulatorial e sem anestesia pode gerar considerável desconforto às usuárias, assim como algumas complicações, como perfuração uterina ou expulsão. Paralelamente, sabe-se que a frequência de abortamentos de 1º trimestre na população geral é relativamente elevada, e uma parte significativa destas mulheres precisa de alguma forma cirúrgica de esvaziamento uterino, seja por meio da curetagem ou da aspiração, que rotineiramente são feitas sob anestesia. Esta situação poderia constituir uma oportunidade confortável para a inserção do DIU naquelas pacientes que, após este evento, desejam um método contraceptivo seguro. Contudo, os reais efeitos da colocação do dispositivo neste período em termos de incidência de complicações e, principalmente, taxa de expulsão são desconhecidos.

 

O estudo

Trata-se de um estudo randomizado, multicêntrico dentro dos Estados Unidos, conduzido entre 2009 e 2010, que avaliou as taxas de expulsão do DIU 6 meses após sua colocação em 575 mulheres submetidas a esvaziamento uterino em virtude de abortamento de 1º trimestre (entre 5 e 12 semanas de gestação) e tinham desejo deste método contraceptivo. Essas pacientes foram aleatoriamente divididas em 2 grupos numa proporção de 5:6 para inserção do DIU imediadatamente após o esvaziamento uterino ou mais tardiamente, ou seja, de 2 a 6 semanas após o procedimento. O dispositivo pôde ser colocado em 100% das mulheres do primeiro grupo e em apenas 71% das mulheres do outro grupo. O risco de expulsão do DIU após 6 meses foi de 5% após a inserção imediata e 2,7% após a tardia, porém esta diferença não foi significante. Destacamos que, após este período de avaliação (6 meses), a quantidade de pacientes que continuavam usando o método foi expressivamente maior nas que tiveram inserção imediata do que nas de inserção tardia (92% versus 76%). Outras complicações relacionadas à colocação foram raras e não foram diferentes entre os grupos. Não foi observada qualquer gestação no primeiro grupo, enquanto 5 eventos foram observados no segundo grupo; contudo, tal diferença não foi estatisticamente relevante.

 

Aplicações para a prática clínica

O presente trabalho procurou demonstrar que a inserção do DIU imediatamente após uma cirurgia de esvaziamento uterino por conta de um abortamento de 1º trimestre não é inferior à colocação realizada no período clássico (2 a 6 semanas depois), em termos de taxa de expulsão e incidência de complicações. Esta estratégia teria até mesmo vantagens potenciais, tais como a utilização da anestesia, o que facilita a sua inserção e diminui bastante o desconforto da paciente. De acordo com o trabalho, isso resultou na comprovação de que uma quantidade significativamente maior de mulheres permaneceram com o método após 6 meses da sua colocação. O estudo autoriza o médico a pelo menos oferecer a inserção imediata do DIU àquelas pacientes que serão submetidas a uma curetagem uterina sob anestesia e que têm desejo de contracepção segura, sem prejuízo dos resultados oferecidos pelo método.

 

Bibliografia

1.  Bednarek PH, Creinin MD, Reeves MF, Cwiak C, Espey E, Jensen JT, et al. Immediate versus delayed IUD insertion after uterine aspiration. N Engl J Med 2011; 364:2208-17. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 53,484).

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