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Sensibilidade da febre e da leucocitose em bacteremia

Autor:

Carlos Eduardo Marcello

Médico Assistente da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP).

Última revisão: 16/07/2012

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Sensibilidade da febre e da leucocitose na predição de bacteremia em pacientes que se apresentam no pronto-socorro com suspeita de infecção.1

 

Área de atuação: Medicina Ambulatorial

 

Especialidade: Medicina de Família, Clínica Médica

 

Resumo

Os autores avaliaram a presença de febre, leucocitose e aumento de bastonetes à chegada ao pronto-socorro em pacientes bacterêmicos.

 

Contexto clínico

Bacteremia é um fator de risco para sepse, causa importante de morbidade. O diagnóstico e o tratamento precoces da sepse podem levar a melhores desfechos clínicos. Apesar de uma série de estudos já ter demonstrado que temperatura normal e contagem normal de leucócitos não excluem infecção séria, médicos de diversas especialidades por vezes dão um valor excessivo para esses dados.

 

O estudo

Este estudo decorre de análise posterior dos dados preliminarmente obtidos de outro estudo prospectivo de 3.563 adultos com suspeita de infecção que tiveram hemoculturas colhidas em um único pronto-socorro da cidade de Boston, Massachusetts, EUA. Foram avaliados pacientes consecutivos com 18 anos de idade ou mais que procuraram o pronto-socorro entre 1º de fevereiro de 2000 e 1º de fevereiro de 2001 e que tiveram hemoculturas colhidas no pronto-socorro ou dentro das 3 horas após a internação em enfermaria.

Os prontuários de pacientes com bacteremia foram revistos à procura da presença de temperatura normal (36,1 a 38 °C), contagem normal de leucócitos (4.000 a 12.000/mm3) e presença de aumento de bastonetes (> 5% dos leucócitos totais) à entrada no pronto-socorro. Foram identificados 289 pacientes com hemocultura positiva (8,1%). Dentre estes, 33% tinham temperatura normal e 52% tinham contagem normal de leucócitos. Aumento de bastonetes esteve presente em 80% dos pacientes com temperatura normal e em 79% dos pacientes com contagem normal de leucócitos. Cinquenta e dois (17,4%) dos pacientes com hemocultura positiva tinham temperatura e contagem de leucócitos normais.

O estudo concluiu que porcentagem significativa de pacientes no pronto-socorro com hemoculturas positivas tem temperatura normal e contagem normal de leucócitos. Aumento isolado de bastonetes pode ser indício útil na identificação de bacteremia oculta.

 

Aplicações para a prática clínica

Os autores reconhecem limitações neste estudo: sua natureza retrospectiva e pacientes com “infecção suspeita” mal definida, determinada subjetivamente. Também não há descrição sobre se foram tomados cuidados em se diferenciar hemocultura contaminada à venopunção de hemocultura realmente positiva.

De qualquer forma, o estudo traz à tona bons princípios a serem lembrados e ratifica a compreensão já existente sobre o valor diagnóstico da temperatura e da contagem de leucócitos para o diagnóstico de infecção. Muitos pacientes com infecção não têm leucocitose e muitos pacientes com leucocitose não têm infecção. Temperatura também não é infalível, embora se deva salientar que, neste estudo, somente foi verificada a temperatura inicial à entrada; alguns pacientes podem ter apresentado febre em uma ocasião posterior. A contagem de leucócitos é o exame adequado para diagnóstico de neutropenia e de leucocitoses, mas não é teste que discrimine infecção. A avaliação de pacientes com suspeita de infecção, febre ou contagem leucocitária deve ser usada somente como mais um de diversos parâmetros para a tomada de decisões nessas circunstâncias.

 

Glossário

Sepse: a sepse envolve um grande espectro de doenças clínicas e é classicamente definida como uma síndrome baseada na suspeita clínica de infecção e 2 ou mais parâmetros sugestivos de inflamação sistêmica, conhecidos como critérios da síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Esses critérios incluem temperatura corpórea < 36 °C ou > 38 °C, frequência cardíaca > 90 bpm, frequência respiratória > 20/min e contagem leucocitária maior que 12.000 céls/mm3 ou < 4.000 céls/mm3.

Bacteremia, por outro lado, refere-se à presença de bactérias na corrente sanguínea; ela define, de forma definitiva, a presença de infecção a despeito da apresentação clínica, sinais vitais ou dados de laboratório e coloca os pacientes sob o risco de desenvolverem sepse.

 

Bibliografia

1.   Seigel TA, Cocchi MN, Salciccioli J, Shapiro NI, Howell M, Tang A et al. Inadequacy of temperature and white blood cell count in predicting bacteremia in patients with suspected infection. J Emerg Med 2012 Mar; 42:254. [link para o abstract].

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