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Diretriz para transfusão de concentrado de hemácias

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 14/09/2012

Comentários de assinantes: 2

Especialidades / Áreas de Atuação: Medicina de Emergência / Medicina Intensiva / Medicina Hospitalar / Hematologia / Segurança do Paciente

 

Resumo

Diretriz clínica sobre transfusão de concentrado de hemácias em pacientes hemodinamicamente estáveis.

 

Contexto clínico

Aproximadamente 15 milhões de concentrados de hemácias (CH) são transfundidos anualmente nos EUA. No mundo, são 85 milhões de transfusões anuais. Há diferentes motivações para as práticas existentes em termos de indicação ou não de transfusão de CH, mas não há dúvidas quanto à limitação das evidências em termos de benefícios e riscos dessa transfusão.

O uso de CH deveria maximizar desfechos clínicos enquanto minimiza o número de transfusões desnecessárias e a exposição do paciente a potenciais riscos infecciosos e não infecciosos.

Resumidamente, uma estratégia mais liberal de transfusão só se justifica mediante um benefício clínico realmente comprovado em relação a uma estratégia mais restritiva, usando níveis de hemoglobina mais baixos para indicar a transfusão.

A seguir, é apresentado um resumo das mais recentes diretrizes sobre estratégia transfusional de CH em pacientes hemodinamicamente estáveis. Os especialistas que montaram essa diretriz comentam que, a despeito de hoje haver processos muito mais seguros quanto às transfusões, uma estratégia mais restritiva, como a proposta com base em revisão de literatura, pode diminuir em 40% o número de transfusões de CH, impactando na incidência das complicações relacionadas, sem piorar desfechos clínicos. Ainda assim, há espaço para o julgamento clínico individualizado, que deve continuar a ser feito, uma vez que as evidências não são todas robustas neste campo e ainda dão margem a discussões. Entretanto, o racional apresentado nesta diretriz deve ser usado como base.

 

Recomendações – Resumo

Questão 1

Em pacientes hospitalizados, hemodinamicamente estáveis, em que nível de Hb devemos considerar transfusão de CH?

 

Recomendação

      Recomenda-se uma estratégia restritiva.

      Em pacientes de terapia intensiva, transfusões devem ser consideradas em níveis de Hb = 7 g/dL.

      Em pacientes cirúrgicos em pós-operatório, transfusões devem ser consideradas em níveis de Hb = 8 g/dL ou caso haja sintomas como dor torácica, insuficiência cardíaca descompensada, hipotensão ortostática ou taquicardia não responsiva à expansão volêmica.

      Qualidade da evidência: ALTA.

      Força da recomendação: FORTE.

 

Questão 2

Em pacientes hospitalizados, estáveis hemodinamicamente e com doença cardiovascular de base, em que nível de Hb devemos considerar transfusão de CH?

 

Recomendação

      Recomenda-se uma estratégia restritiva.

      Transfusões devem ser consideradas em níveis de Hb = 8 g/dL ou caso haja sintomas como dor torácica, insuficiência cardíaca descompensada, hipotensão ortostática ou taquicardia não responsiva à expansão volêmica.

      Qualidade da evidência: MODERADA.

      Força da recomendação: FRACA.

 

Questão 3

Em pacientes hospitalizados, estáveis hemodinamicamente e com síndrome coronariana aguda, em que nível de Hb devemos considerar transfusão de CH?

 

Recomendação

      Com base nas evidências atuais, não é possível recomendar uma estratégia que seja restritiva ou liberal. Ainda são necessários mais estudos na área.

      Qualidade da evidência: MUITO BAIXA.

      Força da recomendação: INCERTA.

 

Questão 4

Em pacientes hospitalizados, estáveis hemodinamicamente, as transfusões devem ser guiadas por sintomas ou níveis de Hb?

 

Recomendação

      Recomenda-se que as transfusões sejam guiadas tanto por sintomas como por níveis de Hb, conforme as recomendações traçadas nas questões anteriores.

      Qualidade da evidência: BAIXA.

      Força da recomendação: FRACA

 

Bibliografia

1.   Carson JL, Grossman BJ, Kleinman S, Tinmouth AT, Marques MB, Fung MK et al. Red blood cell transfusion: a clinical practice guideline from the AABB. Ann Intern Med 2012 Mar 26; [e-pub ahead of print]. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 16,7)

2.   Vincent J-L. Indications for blood transfusions: too complex to base on a single number? Ann Intern Med 2012 Mar 26; [e-pub ahead of print].

Comentários

Por: Magno Ribeiro Rocha Júnior em 07/09/2012 às 08:50:58

"Artigo muito importante para a prática médica e que muitas vezes é negligenciado por nossa classe."

Por: Sebastião Gomes de Almeida em 01/09/2012 às 22:05:46

"Constrange saber que quem promove o desperdício e quem tem o dever de saber da malefício da má indicação e o medico."

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