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Desfechos relacionados a volume de cristaloide no trauma

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 18/12/2013

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Especialidades: Cirurgia Geral / Cirurgia do Trauma / Medicina de Emergência / Hematologia

 

Resumo

Este estudo mostra qual o impacto de infundir diferentes volumes de cristaloide durante transfusões maciças em situações de trauma.

 

Contexto clínico

Cada vez mais, estudos apontam que as práticas de ressuscitação volêmica devem ser mais restritas quanto ao uso de cristaloides. A minimização de seu uso também é preconizada para pacientes com hemorragias, porém seu impacto em ressuscitações agressivas, como nas que se emprega transfusão maciça, ainda não foi avaliado.

 

O estudo

Este é um estudo multicêntrico retrospectivo observacional realizado com pacientes submetidos a protocolo de ressuscitação maciça em situação de trauma. A maior parte dos estudos mostra benefício nesse tipo de ressuscitação ao usar a proporção de 1 unidade de plasma fresco congelado para cada 1 a 2 concentrados de hemácias. Os pesquisadores compararam desfechos em 2 grupos de pacientes, sendo 365 que receberam transfusão maciça na proporção 1 plasma para 1 a 2 concentrados de hemácias, e 85 receberam < 1 plasma para 2 concentrados de hemácias. Foi avaliado o volume de cristaloides em cada um desses grupos. Todos os pacientes receberam > 10 concentrados de hemácias durante as primeiras 24 horas.

O primeiro resultado encontrado vai de encontro com a literatura atual que preconiza uma proporção maior entre plasma e hemácias nas transfusões maciças: a taxa de sobrevivência foi de 85,2% no grupo da proporção 1:1-2 e de 68,6% no grupo da proporção de transfusão de < 1:2 (P=0,0004). Um subgrupo de 200 pacientes que recebeu transfusões na proporção de 1:1-2 foi separado em 3 grupos de infusão de cristaloide para análise: < 5 L, = 5-10 L, e > 10 L. O grupo que recebeu o maior volume de cristaloides teve maiores incidências de bacteriemia, síndrome do desconforto respiratório do adulto e injúria renal aguda.

 

Aplicações para a prática clínica

Primeiramente, este estudo dá suporte ao já consagrado esquema de transfusão maciça em trauma/hemorragia com a proporção de 1 unidade de plasma fresco para cada 1 a 2 concentrados de hemácias, uma vez que este esquema impacta em menor mortalidade. O outro dado extremamente relevante apresentado é a questão da morbidade associada a muito volume de cristaloide infundido nessas situações, uma vez que volumes > 10 L nas primeiras 24 horas da injúria aguda impactam em mais bacteriemia, SARA e IRA. Sendo assim, mesmo sendo um estudo isolado e retrospectivo, é bastante prudente recomendar o uso mais restrito de cristaloide nesses casos, limitando a 10 L nas 24 horas iniciais, ou menos, se possível.

 

Bibliografia

1.        Duchesne JC et al. Diluting the benefits of hemostatic resuscitation: A multi-institutional analysis. J Trauma Acute Care Surg 2013 Jul; 75:76. (link para o artigo).

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