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Comparação de Cesárea e Parto Vaginal para Gestação de Gêmeos

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 22/01/2014

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Especialidades: Obstetrícia / Pediatria

 

Contexto Clínico

Partos vaginais sempre devem ser a via de escolha para a maioria das gestações, exceto se há contraindicação médica ou situação de risco. Se tratando de parto de gêmeos há maior risco de resultados perinatais ruins quando comparado a parto de apenas um bebê. Nestes casos, não se sabe se uma cesárea planejada é mais benéfica que um parto vaginal planejado.  Essa resposta é extremamente necessária para validar se realizar cesárea, de fato, garante menor morbidade e mortalidade perinatal, uma vez que a conduta de realizar cesárea é baseada quase que exclusivamente em estudos observacionais e não em ensaios clínicos randomizados.

 

O Estudo

Este é um estudo prospectivo e randomizado. O estudo foi multicêntrico, realizado em 106 centros de 25 países. Gestantes de gêmeos entre 32 semanas e 38 semanas e 6 dias, desde que o primeiro gêmeo estivesse em posição cefálica, foram randomizadas para realizar cesárea planejada ou parto vaginal planejado (com reversão para cesárea, se indicação médica). Foram avaliados os desfechos de morte fetal ou neonatal e morbidade neonatal.

Um total de 1.398 mulheres participaram do estudo no braço de cesárea e 1.406 participaram no braço de parto vaginal. O desfecho combinado de mortalidade e morbidade perinatal ocorreu em 1,9% dos fetos no grupo de parto vaginal (metade do que se esperava ocorrer), enquanto que o desfecho ocorreu em 2,1% dos fetos no grupo de parto cesárea, sem diferença estatística (Odds ratio para parto cesárea: 1,16; IC95%: 0,77 a 1,74; P=0,49). O risco de morte materna ou morbidade séria não foi significativamente diferente entre os grupos, com 7,3% no grupo de cesárea e 8,5% no grupo de parto vaginal.

 

Aplicações para a Prática Clínica

Este estudo é excelente, uma vez que trata de ensaio clínico randomizado, controlado e multicêntrico. O resultado mostra que não há diferenças quanto à mortalidade e à morbidade fetal quando comparados parto vaginal e cesárea. Este resultado é de grande impacto, uma vez que mostra que não é obrigatório realizar cesárea em parto de gêmeos, e que um obstetra habilidoso e bem treinado pode realizar um parto vaginal de gêmeos sem oferecer riscos à mãe e aos seus bebês. Obviamente, cada vez menos temos obstetras que se dispõem a realizar partos vaginais e a conveniência do parto cesárea influencia a  decisão das mães em não optar pelo parto vaginal. Entretanto, do ponto de vista da política pública, é bom ter respaldo científico para validar o uso de parto vaginal mesmo em gestação gemelar.

 

Bibliografia

Barrett JFR et al. A randomized trial of planned cesarean or vaginal delivery for twin pregnancy. N Engl J Med 2013 Oct 3; 369:1295. (link para o artigo).

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