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Metanálise – Consumo de Frutas e Vegetais e Impacto em Mortalidade

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 23/01/2015

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Especialidades: Medicina de Família/Cardiologia/Oncologia

 

Contexto Clínico

Uma recomendação médica já realizada há algum tempo é de aumentar o consumo de frutas e vegetais, com o objetivo de ter uma dieta mais saudável, que supostamente impactaria na prevenção de doenças crônicas. Levando em conta que doenças cardiovasculares e câncer estão entre as principais causas de morte no mundo, medidas que impactem na diminuição da ocorrência dessas doenças devem ter impacto também em mortalidade.

Nos últimos anos, tem havido cada vez mais evidências de que o consumo de frutas e vegetais está relacionado com melhora de mortalidade, incluindo a mortalidade por doença cardiovascular e câncer. Os resultados, no entanto, não são totalmente consistentes. Há um estudo, por exemplo, em que não foi observada nenhuma diferença significativa no risco de mortalidade entre vegetarianos e não vegetarianos em uma população britânica. Além disso, existe muita incerteza sobre a relação dose-resposta entre o consumo e o risco de mortalidade, especialmente para o câncer.

Compreender a relação entre o consumo de frutas e vegetais e queda de mortalidade é importante para orientar as escolhas do consumidor e priorizar as orientações alimentares que devem ser dadas à população. Foi realizada uma metanálise de estudos prospectivos para quantificar a relação dose-resposta entre o consumo de frutas e vegetais e o risco de todas as causas de mortalidade, principalmente de origem cardiovasculares e por câncer.

 

O Estudo

Esta metanálise incluiu estudos prospectivos que relataram estimativas de risco para todas as causas de mortalidade, incluindo de causas cardiovasculares e por câncer, conforme níveis de consumo de frutas e vegetais. Dezesseis estudos prospectivos foram elegíveis nesta metanálise. Com períodos de acompanhamento variando de 4,6 a 26 anos, houve 56.423 mortes (11.512 por doença cardiovascular e 16.817 de câncer) entre 833.234 participantes. O maior consumo de frutas e legumes foi significativamente associado com um menor risco de mortalidade por qualquer causa. Taxas de risco agrupadas de mortalidade por todas as causas foram de 0,95 (IC95%: 0,92-0,98) para um incremento de uma porção por dia de frutas e vegetais (p = 0,001) (significa uma queda de 5% no risco por porção consumida); 0,94 (IC95%: 0,90-0,98) para frutas (P = 0,002) (significa uma queda de 6% no risco por porção consumida); e 0,95 (IC95%: 0,92-0,99) para vegetais (P = 0,006) (significa uma queda de 5% no risco por porção consumida).

Há um limite de cerca de cinco porções de frutas e vegetais por dia, a partir do qual o risco de mortalidade por qualquer causa não reduz ainda mais.

Uma associação inversa significativa foi observada para a mortalidade cardiovascular com uma queda de 4% para cada porção combinada de frutas e vegetais consumida por dia (ou 5% para porção de frutas, ou 4% para porção de vegetais), enquanto que um maior consumo de frutas e vegetais não foi significativamente associado com menor risco de mortalidade por câncer.

 

Aplicações Práticas

Esta metanálise fornece uma forte evidência de que um aumento do consumo de frutas e vegetais é associado com um menor risco de mortalidade por todas as causas, em particular a mortalidade cardiovascular. Importante notar que cada porção a mais incluída na dieta diária diminui mais ainda o risco, até um limite de cinco porções por dia, acima do qual não há benefício adicional.

A porção a que se refere o estudo é  de 77g de vegetais e 80g de fruta. Para se ter ideia do que isso significa, frutas como maçã, pera, laranja têm peso médio próximo de 100g. Um tomate pesa cerca de 50 a 60g, uma abobrinha cerca de 100g.

Levando em conta o resultado desse estudo, é de se pensar populacionalmente, que deveria haver incentivo de consumo de frutas e vegetais na população, e que a forma mais fácil de fazer isso é educar as crianças a comer (inserindo isso na rotina da dieta), e subsidiar o preço para proporcionar o acesso, facilitando o consumo.

 

Bibliografia

Wang X, et al. Fruit and vegetable consumption and mortality from all causes, cardiovascular disease, and cancer: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective cohort studies. BMJ 2014;349:g4490. (link para o artigo).

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