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Uso de cintas no tratamento de fraturas vertebrais por osteoporose

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 16/03/2015

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Contexto Clínico

As fraturas compressivas em vértebras causadas por osteoporose e que não geram déficit neurológico são consideradas estáveis, uma vez que acometem a parte anterior do corpo vertebral. Isso leva a uma tomada de conduta conservadora que envolve repouso, analgesia e uso de órteses na forma de cintas. O papel destas cintas é dar estabilidade ao local da fratura reduzindo dor e mantendo o alinhamento. Mas há desvantagens nas cintas visto que podem gerar atrofia muscular local, dermatite de contato, dificuldade na respiração, que são ocorrências que impactam na reabilitação e na aderência ao próprio uso da cinta. Mas não há nenhum estudo de qualidade que tenha avaliado a eficácia das cintas (rígidas ou flexíveis) no manejo destas fraturar vertebrais osteoporóticas. Apresentamos a seguir um estudo que teve o objetivo de avaliar esta questão.

 

O Estudo

Este é um ensaio clínico randomizado que envolveu 60 pacientes com fraturas compressivas de vértebra causada por osteoporose. Os pacientes foram alocados em três grupos: sem cinta, cinta flexível e cinta rígida. O desfecho avaliado foi o Índice de Incapacidade de Oswestry (IIO) após 12 semanas da fratura.

O IIO após 12 semanas de fratura no grupo que não usou cinta não foi inferior ao dos grupos que usaram a órtese.  A média do IIO foi de 35,95 pontos no grupo que não usou órtese, e de 37,83 pontos no grupo de cinta flexível, com uma diferença de  -1,88 pontos entre os grupos (IC95%: -7,02 a 9,38 pontos). De forma similar, a média de IIO foi de 35,95 pontos no grupo que não usou órtese, e de 33,54 pontos no grupo que usou cinta rígida, com uma diferença de 2,41 pontos entre os grupos (IC95%: -7,86 a 9,27 pontos). Durante o período em que os pacientes fizeram o seguimento não houve diferença significativa entre os grupos para o IIO (p = 0,260), escala visual de dor (p = 0,292), e taxa de compressão da parte anterior da vértebra (p = 0,237). Entretanto, o IIO, a escala de dor e a taxa de compressão da fratura melhoraram com o tempo (p < 0,001) para os três grupos.

 

Aplicações Práticas

Este é um estudo excelente, pois foi realizado um ensaio clínico para verificar qual validade de uso de órteses (cintas) em pacientes que sofrem fraturas vertebrais com osteoporose. É uma prática extremamente difundida, mas a verdade é que não havia dados consistentes para validar ou não esta conduta. Com base em uma escala validade (IIO), foi verificado que tratamento conservador para fraturas compressivas de corpo vertebral por osteoporose pode ser feito com ou sem cintas (independente de serem flexíveis ou rígidas), dado que não há inferioridade nas modalidades de tratamento. Além disso, foi verificado que tanto quanto ao IIO, quanto em relação à dor (principal sintoma que motiva o tratamento), melhoraram com o tempo em todos os grupos estudados. Este estudo traz a tona uma nova perspectiva (que inclusive é mais econômica) para o tratamento desta condição clínica.

Sobre o Índice de Incapacidade Oswestry (Oswestry Disability Index) (vide referência 2):

O IIO é utilizado para avaliação funcional da coluna lombar, incorporando medidas de dor e atividade física. A escala consiste em 10 questões com seis alternativas, cujo valor varia de 0 a 5. A primeira pergunta avalia a intensidade da dor e as outras nove, o efeito da dor sobre as atividades diárias, como: cuidados pessoais (vestir-se e tomar banho), elevar pesos, caminhar, quando está sentado, em pé, dormindo, em sua vida sexual, social e na locomoção.

O escore total é dividido pelo número de questões respondidas multiplicadas pelo número 5. Por exemplo, se foram respondidas todas as perguntas do questionário, o escore total será dividido por 50 (10 x 5), enquanto que se houver uma pergunta sem resposta, o mesmo será dividido por 45 (9 x 5). O resultado desta divisão é multiplicado por 100 e os valores finais são apresentados em porcentagem, ([escore ÷ (nº questões respondidas x 5)] x 100). O ODI é classificado em incapacidade mínima (0 – 20%), incapacidade moderada (21- 40%), incapacidade severa (41 – 60%), paciente que se apresenta inválido (61 – 80%), e indivíduo restrito ao leito (81 – 100%).

 

Bibliografia

Kim H-J et al. Comparative study of the treatment outcomes of osteoporotic compression fractures without neurologic injury using a rigid brace, a soft brace, and no brace: A prospective randomized controlled non-inferiority trial. J Bone Joint Surg Am 2014 Dec 3; 96:1959. (Link para o artigo: http://dx.doi.org/10.2106/JBJS.N.00187).

 

Falavigna Asdrubal, Teles Alisson Roberto, Braga Gustavo Lisbôa de, Barazzetti Daniel Ongaratto, Lazzaretti Lucas, Tregnago Aline Caldart. Instrumentos de avaliação clínica e funcional em cirurgia da coluna vertebral. Coluna/Columna [serial on the Internet]. 2011 [cited 2014 Dec 22]; 10 (1): 62-67. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-18512011000100012&lng=en.

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