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Diretriz – Bronquiolite

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 11/05/2015

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Contexto Clínico

A bronquiolite é uma doença causada por infecção viral do trato respiratório inferior em lactentes. Ela caracteriza-se por inflamação aguda, edema, e necrose das células epiteliais que revestem as pequenas vias aéreas, e aumento da produção de muco. Os sinais e sintomas geralmente começam com rinite e tosse, que pode progredir para taquipneia, sibilos, estertores e uso de musculatura acessória.

A etiologia mais comum de bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR), com a maior incidência de infecção ocorrendo nos meses de outono e inverno. Cerca de 90% das crianças são infectadas com o VSR nos primeiros dois anos de vida. A infecção pelo VDR não gera imunidade permanente ou de longo prazo, sendo comum ocorrerem reinfecções por toda a vida. Outros vírus que estão na etiologia da bronquiolite incluem o rinovírus humano, o metapneumovírus humano, o influenza, o adenovírus, o coronavírus, o humano, e os vírus parainfluenza. Em um estudo com pacientes internados e ambulatoriais com bronquiolite, 76% dos pacientes tiveram VSR, 39% tiveram rinovírus humano, 10% tiveram gripe (influenza), 2% tiveram coronavírus, 3% tiveram metapneumovírus humano, e 1% tiveram vírus parainfluenza (alguns pacientes tiveram co-infecções, como pode-se observar pela estatística).

A importância da bronquiolite se dá por ser a causa mais comum de hospitalização entre lactentes durante os primeiros 12 meses de vida. Cerca de 100.000 admissões por bronquiolite ocorrem anualmente nos Estados Unidos a um custo estimado de US$ 1,73 bilhões.

 

Principais Recomendações

Diagnóstico

Os médicos devem diagnosticar bronquiolite e avaliar a gravidade da doença com base na história e exame físico (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Os médicos devem avaliar os fatores de risco para doenças graves, tais como a idade inferior a 12 semanas, história de prematuridade, doença cardiopulmonar subjacente, ou imunodeficiência, ao tomar decisões sobre avaliação e tratamento de crianças com bronquiolite (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação:  moderada).

Quando os médicos diagnosticarem bronquiolite com base na história e exame físico, exames radiográficos ou de laboratório não devem ser obtidos rotineiramente (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: moderada).

 

Tratamento

Os médicos não devem administrar albuterol (ou salbutamol) para lactentes e crianças com o diagnóstico de bronquiolite (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Os médicos não devem administrar epinefrina para lactentes e crianças com o diagnóstico de bronquiolite (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Nebulização com salina hipertônica não deve ser administrada em crianças com o diagnóstico de bronquiolite no departamento de emergência (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: moderada).

Os médicos podem administrar nebulização com salina hipertônica para lactentes e crianças hospitalizadas por bronquiolite (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: fraca [com base em ensaios clínicos randomizados com resultados inconsistentes]).

Os médicos não devem administrar corticosteroides sistêmicos para crianças com o diagnóstico de bronquiolite em qualquer ambiente (Qualidade da Evidência: A; Força da Recomendação: forte).

Os médicos podem optar por não administrar oxigênio suplementar se a saturação periférica de oxigênio estiver superior a 90% em lactentes e crianças com o diagnóstico de bronquiolite (Qualidade da Evidência: D; Força da Recomendação: fraca [com base em evidências de baixo nível e de raciocínio de princípios básicos]).

Os médicos podem optar por não utilizar a oximetria de pulso contínua em lactentes e crianças com o diagnóstico de bronquiolite (Qualidade da Evidência: D; Força da Recomendação: fraca [com base em evidências de baixo nível e de raciocínio de princípios básicos]).

Os médicos não devem utilizar fisioterapia respiratória para lactentes e crianças com o diagnóstico de bronquiolite (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: Moderada).

Os médicos não devem administrar medicamentos antibacterianos para lactentes e crianças com o diagnóstico de bronquiolite a menos que haja uma infecção bacteriana concomitante, ou forte suspeita de uma (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Os médicos devem administrar fluidos por via intravenosa ou nasogástrica para crianças com diagnóstico de bronquiolite que não podem manter a hidratação por via oral (Qualidade da Evidência: X; Força da Recomendação: forte).

 

Prevenção

Os médicos não devem administrar palivizumabe para crianças saudáveis com idade gestacional = 29 semanas e 0 dias (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Os médicos devem administrar palivizumabe durante o primeiro ano de vida de crianças com doença cardíaca hemodinamicamente significativa ou doença pulmonar crônica da prematuridade definida como prematuros < 32 semanas e 0 dias  de gestação que necessitam de FiO2 > 21% pelo menos nos primeiros 28 dias de vida (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: moderada).

Os médicos devem administrar um máximo de cinco doses mensais (15 mg/kg/dose) de palivizumabe durante a temporada de vírus sincicial respiratório para crianças que se qualificam para palivizumabe no primeiro ano de vida (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: moderada).

Todas as pessoas devem desinfectar as mãos antes e após o contato direto com o paciente, após o contato com objetos inanimados nas imediações do paciente e, após a remoção das luvas (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Todas as pessoas devem usar soluções à base de álcool para a descontaminação das mãos ao cuidar de crianças com bronquiolite. Quando soluções à base de álcool não estiverem disponíveis, as pessoas devem lavar as mãos com água e sabão (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Os médicos devem inquirir sobre a exposição do bebê ou criança à fumaça do tabaco ao avaliar lactentes e crianças de bronquiolite (Qualidade da Evidência: C; Força da Recomendação: moderada).

Os médicos devem aconselhar cuidadores sobre a exposição do bebê ou criança à fumaça ambiental do tabaco e cessação do tabagismo ao avaliar uma criança por bronquiolite (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: forte).

Os médicos devem encorajar a amamentação exclusiva por pelo menos seis meses para diminuir a morbidade das infecções respiratórias. (Qualidade da Evidência: B; Força da Recomendação: moderada).

Os médicos e enfermeiros devem educar o pessoal e os membros da família sobre diagnóstico, tratamento e prevenção em casos de bronquiolite, com base em evidências. (Qualidade da Evidência: C; estudos observacionais; Força da Recomendação: moderada).

 

Bibliografia

Ralston SL et al. Clinical practice guideline: The diagnosis, management, and prevention of bronchiolitis. Pediatrics 2014 Nov; 134:e1474 (link para o artigo).

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