Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 16/02/2016
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Um dos grandes pontos de assistência neonatal é o cuidado para evitar problemas que possam impactar no desenvolvimento neuropsicomotor dos bebês. Hipoglicemia neonatal é algo comum e é uma das grandes causas de comprometimento neurológico, mas evidências apoiando limiares de intervenção são limitadas.
Foi realizado um estudo observacional prospectivo do tipo coorte, envolvendo 528 recém-nascidos com idade gestacional de pelo menos 35 semanas que foram considerados em risco de hipoglicemia; todos foram tratados para manter uma concentração de glicose no sangue de, pelo menos, 47 mg/dL. Foram feitas medida de glicose intermitentemente no sangue por até sete dias. Foram monitoradas continuamente as concentrações de glicose intersticial, que estavam mascaradass ao pessoal clínico. Foi feita também uma avaliação em dois anos incluindo as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil III e testes de função executiva e visual.
De 614 crianças, 528 eram elegíveis, e 404 (77% das crianças elegíveis) foram avaliadas; 216 crianças (53%) tiveram hipoglicemia neonatal (concentração de glicose no sangue, <47 mg por decilitro). A hipoglicemia, quando tratada para manter uma concentração de glicose no sangue de, pelo menos, 47 mg/dL, não foi associada a um aumento do risco de insuficiência neurossensorial (OR: 0,95; IC95% 0,75 a 1,20; P = 0,67) e dificuldade de processamento, definida como uma pontuação-função executiva ou limiar coerência movimento que foi mais do que 1,5 DP da média (OR: 0,92; IC95% 0,56-1,51; P = 0,74). Os riscos não foram aumentados entre as crianças com hipoglicemia assintomática (apenas uma baixa concentração de glicose intersticial). Uma menor concentração de glicose no sangue, número de episódios de eventos hipoglicêmicos, e incremento intersticial negativo (área acima da curva de concentração de glicose intersticial e abaixo de 47 mg por decilitro) também não influenciaram negativamente os resultados.
O que podemos inferir desse estudo é que a hipoglicemia neonatal não foi associada a um resultado neurológico adverso quando o tratamento foi fornecido para manter uma concentração de glicose no sangue de pelo menos 47 mg por decilitro. Isso significa que esse é um ótimo limiar para considerar tratamento, e, ainda mais importante, que é o controle e correção da hipoglicemia que são as chaves para prevenção de problemas neurológicos em crianças que passam por UTI neonatal.
McKinlay CJD et al. Neonatal Glycemia and Neurodevelopmental Outcomes at 2 Years. N Engl J Med 2015; 373:1507-1518
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