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Mudanças na Mortalidade nos EUA entre 1969 e 2013

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 04/02/2016

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Contexto Clínico

A avaliação sistemática e abrangente das tendências de longo prazo na mortalidade é importante para o planejamento de saúde e definição de prioridades e para a identificação de fatores modificáveis que podem contribuir para essas tendências. Apresentamos um estudo feito nos EUA cujo objetivo foi examinar as tendências temporais no número de mortes nos Estados Unidos conforme as causas.

 

O Estudo

Este foi um estudo observacional realizado com dados de 1969 a 2013 nos EUA quanto às causas de morte. Foram avaliados os totais de morte e variação anuais nas taxas de mortalidade padronizadas por idade e anos potenciais de vida perdidos antes da idade de 75 anos para todas as causas combinadas e de doenças cardíacas, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), acidente vascular cerebral, lesões não intencionais e diabetes mellitus.

Entre 1969 e 2013, a taxa de mortalidade padronizada por idade por 100.000 diminuiu 1.278,8 para 729,8 por todas as causas (42,9% de redução; IC95%, 42,8% -43,0%), 156,8 para 36,0 por acidente vascular cerebral (redução de 77%; IC95%, 76,9% -77,2%), 520,4 para 169,1 por doença cardíaca (67,5% de redução; IC95%, 67,4% -67,6%), 65,1 para 39,2 para lesões não intencionais (39,8% de redução; IC95% 39,3% -40,3%), 198,6 para 163,1 por  câncer (redução de 17,9%; IC95%, 17,5% -18,2%) e 25,3 para 21,1 por diabetes (16,5% de redução; IC95%, 15,4% -17,5%). Em contraste, a taxa para a DPOC subiu de 21,0 para 42,2 (aumento de 100,6%, IC95%, 98,2% -103,1%). No entanto, durante o último segmento de tempo, a taxa de mortalidade por DPOC em homens começou a diminuir e as descidas das taxas desaceleraram para doenças cardíacas, AVC e diabetes. Por exemplo, o declínio anual de doença cardíaca diminuiu de 3,9% (IC95%, 3,5% -4,2%) durante o período 2000-2010 para 1,4% (IC95%, -3,4% para 0,6%) durante o período de 2010-2013 (P = 0,02 para diferença inclinação). Entre 1969 e 2013, os anos potenciais de vida perdidos por 1000, diminuíram  de 1,9 para 1,6 para diabetes (14,5% de redução; IC95%, 12,6% -16,4%), de 21,4 para 12,7 por câncer (40,6%; 95% CI, 40,2% -41,1%), de 19,9 para 10,4 por lesões não intencionais (47,5%; IC95% 47,0% -48,0%), de 28,8 para 9,1 para a doença cardíaca (68,3%; IC95% 68,1% -68,5 %) e de 6,0 para 1,5 para AVC (74,8%; IC95% 74,4% -75,3%). Para DPOC, a taxa para os anos potenciais de vida perdidos não diminuiu durante esse intervalo de tempo.

 

Aplicações Práticas

Apesar de ser um estudo nos EUA, que tem uma realidade diferente da do Brasil, esse estudo é muito interessantes para termos insights em se falando de  saúde pública. De acordo com os dados de declarações de óbito nos EUA entre 1969 e 2013, houve uma tendência global decrescente nas taxa de mortalidade em todas as causas. Na lista de principais causas, esse declínio também ocorreu para doenças cardíacas, câncer, acidente vascular cerebral, lesões não intencionais, e diabetes, embora a taxa de diminuição pareça  ter abrandado para a doença cardíaca, derrame e diabetes. E é muito interessante observar  que a taxa de mortalidade por DPOC aumentou durante este período. Isso talvez demonstre que o impacto do tabagismo é um grande problema quando ele se converte em DPOC na população, uma vez que se trata de doença de difícil controle e com poucas medidas que modificam a evolução natural, das quais se destaca a própria cessação do tabagismo. O estudo fornece boas ideias para políticas aqui no Brasil.

 

Referências

Ma J et al. Temporal Trends in Mortality in the United States, 1969-2013. JAMA. 2015; 314(16):1731-1739

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