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Diretriz de Prevenção e Manejo da Diarreia Aguda

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 24/08/2016

Comentários de assinantes: 1

Contexto Clínico

A diarreia aguda é uma das principais causas de consultas externas, hospitalizações e perda da qualidade de vida que ocorrem tanto em ambiente doméstico quanto para pessoas que viajam para o exterior. Diarreia aguda pode ser definida como a passagem de um número maior de fezes não formadas durante um período < 14 dias. Algumas definições exigem que a pessoa apresente um início abrupto de três ou mais episódios de fezes soltas ou líquidas acima da sua frequência basal em um período de 24h para fechar os critérios de diarreia aguda.

 

As Recomendações

- Avaliação diagnóstica com culturas de fezes ou métodos moleculares independentes de culturas (se disponível) deve ser feita quando o paciente estiver em risco elevado de disseminar a doença ou durante surtos (recomendação forte, nível de evidência baixo);

- Exames de fezes para diagnóstico devem ser usados na presença de disenteria, doença moderada a grave, ou sintoma duração >7 dias para avaliar etiologia e definir terapêutica (recomendação forte, nível de evidência muito baixo);

- Testes tradicionais de diagnóstico para fezes (cultura, microscopia com ou sem colorações especiais, imunofluorescência, testes de antígeno) são geralmente negativos em diarreia aguda. Se disponíveis, métodos moleculares independentes de cultura aprovados pela FDA podem ser usados de forma adjunta aos testes tradicionais (recomendação forte, nível de evidência baixo);

- Testes de sensibilidade aos antibióticos nos casos de diarreia aguda não são recomendados (recomendação forte, nível de evidência muito baixo);

- Com poucas exceções, a maioria dos pacientes pode adequadamente hidratar-se e recuperar sal com água, suco, bebidas esportivas, sopas e bolachas salgadas (“água e sal”). É recomendado o uso de reidratação balanceada de eletrólitos ao invés de outras opções de reidratação oral para idosos e viajantes com diarreia estilo cólera (recomendação forte, nível de evidência moderado);

- O uso de pró-bióticos ou pré-bióticos para o tratamento de diarreia aguda em adultos não é recomendado em casos de doença associada a pós-antibiótico (recomendação forte, nível de evidência moderado);

- Tratar a diarreia do viajante leve a moderada com subsalicilato de bismuto, exceto quando contraindicado -alertar os pacientes sobre efeitos inofensivos que são  língua negra e fezes pretas (recomendação forte, nível de evidência alto);

- Em pacientes recebendo antibióticos para diarreia dos viajantes, loperamida adjuvante (cuidado com constipação, evitar por >48h) pode ser administrada para diminuir a duração da diarreia e aumentar a chance de cura (recomendação forte, nível de evidência moderado);

- As evidências não dão suporte para terapia antibiótica empírica na infecção diarreica aguda, exceto em casos de diarreia dos viajantes em que uma causa bacteriana é considerada altamente provável (recomendação forte, nível de evidência alto);

- O uso de antibióticos para diarreia adquirida na comunidade deve ser desencorajado, uma vez que estudos epidemiológicos sugerem que a maioria destas diarreias é de origem viral (norovírus, rotavírus, adenovírus) e o curso da doença não é diminuído com o uso de antibióticos (recomendação forte, nível de evidência muito baixo);

- Testes laboratoriais e sorológicos em indivíduos com sintomas persistentes (entre 14 e 30 dias) não são recomendados (recomendação forte, nível de evidência muito baixo);

- Avaliação endoscópica não é recomendada em pacientes com sintomas persistentes e pesquisas de fezes negativas, entre 14 e 30 dias (recomendação forte, nível de evidência muito baixo);

- Não se recomenda aconselhamento de pacientes sobre a prevenção de infecção entérica aguda, mas pode ser considerado em indivíduos com contato próximo a outros indivíduos com risco de complicações (recomendação condicional, nível de evidência muito baixo);

- Antes de viajar, os indivíduos devem receber aconselhamento a respeito de evitar alimentos e bebidas de alto risco para diarreia dos viajantes (recomendação condicional, nível de evidência muito baixo);

- Lavagem das mãos frequente e efetiva e uso de desinfetantes para as mãos à base de álcool têm valor limitado para diarreia dos viajantes, mas pode ser útil na prevenção de surtos de norovírus em navios de cruzeiro e surtos institucionais, ou em áreas de diarreia endêmica (recomendação condicional, nível de evidência baixo);

- Subsalicilato de bismuto tem efetividade moderada e pode ser considerado para viajantes que não tenham contraindicação para seu uso (dois comprimidos [2,1 g] quatro vezes ao dia durante as refeições e antes de dormir para fornecer redução do risco de 60% para viagens de até 2 semanas, mas geralmente não para viagens mais longas; doses mais baixas são associadas com proteção reduzida) (recomendação forte, alto nível de evidência);

- Não usar prebióticos, probióticos e simbióticos (combinações de prebióticos e probióticos) para profilaxia de diarreia dos viajantes (recomendação condicional, nível de evidência baixo);

- A profilaxia antibiótica para diarreia dos viajantes é recomendada, mas apenas em grupos de alto risco e para o uso em curto prazo (recomendação forte, nível de evidência alto).

 

Referências

Riddle MS et al. ACG clinical guideline: Diagnosis, treatment, and prevention of acute diarrheal infections in adults. Am J Gastroenterol 2016 May; 111:602.

Comentários

Por: Suely Nóbrega Jannini em 15/08/2016 às 16:34:30

"Muito bom e fácil de ler e gravar seu artigo.Senti falta de um comentário sobre o uso dos prébióticos na DA em Pediatria.Somos massacrados pelos Laboratórios sobre esse tema. Obrigada!"

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