Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 23/09/2016
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A depressão em pacientes geriátricos pode ser de difícil controle; assim, alternativas terapêuticas são necessárias. A eletroconvulsoterapia (ECT) vem sendo considerada uma alternativa para atingir à remissão nesses casos. Apresentaremos a seguir a segunda fase do estudo Prolonging Remission in Depressed Elderly (PRIDE). Na primeira fase, foi avaliada a eficácia da ECT associada à venlafaxina para atingir à remissão de depressão em idosos. Nesta segunda fase, foi avaliada a eficácia e tolerabilidade da continuação da ECT mais medicação em comparação com medicação sozinha em pacientes geriátricos deprimidos, depois de um curso de sucesso de ECT (fase 1 do estudo).
O estudo PRIDE, um estudo multicêntrico de duas fases, foi utilizado para avaliar a eficácia da ECT de manutenção em pacientes idosos. Os pacientes nesta segunda fase foram randomizados para duas estratégias: usar medicação apenas (venlafaxina mais lítio, por 24 semanas), ou usar ECT associada à medicação (quatro ECTs por cerca de um mês, mais ECTs adicionais, conforme necessário, enquanto mantinha-se venlafaxina mais lítio). A amostra foi composta de 120 pacientes com remissão na primeira fase. O desfecho primário avaliado foi de eficácia em termos de pontuação no Hamilton Depression Rating Scale (HAM-D), e o desfecho secundário foi de eficácia conforme a pontuação na escala de gravidade global de impressão clínica (CGI-S). A tolerabilidade medida pelo desempenho neurocognitivo foi avaliada através de uma extensa bateria de testes; o funcionamento cognitivo global foi avaliado pelo Miniexame do Estado Mental (MMSE).
Com 24 semanas, o grupo de ECT com medicação tinha significativamente menores escores de HAM-D do que o grupo de medicação apenas. A diferença na média de pontuações HAM-D ajustada ao final do estudo foi de 4,2 (IC 95% = 1,6, 6,9). Significativamente mais doentes no grupo de ECT com medicação foram classificados como "não doente" na CGI-S, em comparação com o grupo de medicação apenas. Na pontuação MMSE, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
Este estudo foi a continuidade do estudo PRIDE, que na primeira fase apenas avaliou a eficácia da ECT associada à venlafaxina em comparação com a venlafaxina apenas para atingir remissão da depressão. Já nesta segunda fase, verificamos que a ECT adicional após a remissão (aqui operacionalizada como quatro tratamentos de ECT, seguidos por outras ECTs somente quando necessário) foi benéfica para a manutenção da melhora do humor para a maioria dos pacientes, quando comparada ao uso exclusivo de medicamentos.
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