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Revisão Sistemática Sobre Corticoide em Faringite

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 20/11/2017

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Contexto Clínico

 

A dor de garganta é uma das queixas mais comuns em departamentos de emergência e de atendimento ambulatorial. É a causa de 5% das visitas médicas em crianças e de 2% de todas as visitas ambulatoriais em adultos. A causa mais comum de dor de garganta é a faringite aguda causada por infecções virais autolimitadas. O manejo da dor com paracetamol, dipirona ou anti-inflamatórios não esteroides (AINHs), portanto, representa o principal suporte. Essas medicações oferecem alívio da dor limitado, mas, às vezes, causam sérios danos.

O tratamento da dor de garganta com antibióticos também proporciona um benefício modesto na redução de sintomas e febre quando a infecção é bacteriana, e seu uso inadequado pode contribuir para a resistência aos antibióticos. Os corticosteroides representam uma opção terapêutica adicional para o alívio dos sintomas.

 

O Estudo

 

Foram realizadas uma revisão sistemática e uma metanálise de ensaios clínicos randomizados, considerando adição de corticosteroides ao atendimento clínico padrão para pacientes com idade igual ou superior a 5 anos em atendimento de emergência e cuidados primários com sinais clínicos de amigdalite aguda, faringite ou síndrome clínica de dor de garganta. Os ensaios foram incluídos independentemente do idioma ou status de publicação.

 

Foram selecionados 10 estudos somando 1.426 indivíduos. Os pacientes que receberam corticosteroides de baixa dose (a intervenção mais comum foi a dexametasona oral com uma dose máxima de 10mg) tiveram duas vezes mais chance de sofrer alívio da dor após 24 horas (risco relativo [RR] 2,2; IC 95%, 1,2 a 4,3; diferença de risco 12,4%; evidência de qualidade moderada) e 1,5 vezes mais probabilidades de não ter dor com 48 horas (RR 1,5; IC 95%, 1,3 a 1,8; diferença de risco 18,3%; evidência de alta qualidade).

O tempo médio para o início do alívio da dor em pacientes tratados com corticosteroides foi de 4,8 horas antes (IC 95%, -1,9 a -7,8, qualidade moderada) e o tempo médio para completar a resolução da dor foi 11,1 horas antes (-0,4 a -21,8, baixa qualidade) do que aqueles tratados com placebo. A redução absoluta da dor com 24 horas (escala analógica visual 0-10) foi maior em pacientes tratados com corticosteroides (diferença média 1,3; IC 95%, 0,7 a 1,9, qualidade moderada).

Nove dos 10 ensaios buscaram informações sobre eventos adversos. Seis estudos não relataram efeitos adversos, e três relataram poucos eventos adversos, que foram, principalmente, complicações relacionadas à doença, com incidência semelhante em ambos os grupos.

 

Aplicação Prática

 

Com base nessa revisão sistemática com metanálise, há evidências de alta qualidade que sugerem que a adição de uma dose de corticosteroides reduz a intensidade e a duração da dor em pacientes com dor de garganta sem aumento de efeitos adversos graves. O tempo médio para completar a resolução da dor foi cerca de 11 horas menor com corticosteroides e 18% mais pacientes experimentaram alívio da dor completo com 48 horas. Pode-se considerar fortemente a adoção dessa prática.

 

 

Bibliografia

 

Sadeghirad B et al. Corticosteroids for treatment of sore throat: systematic review and meta-analysis of randomised trials. BMJ 2017;358:j3887.

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