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Máscara Laríngea em Ressuscitação Neonatal

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 27/04/2021

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Contexto Clínico

 

A ressuscitação neonatal é atividadefundamental quando se pensa em riscos na neonatologia. Estima-se que 7 milhõesde neonatos em todo o mundo precisem de ressuscitação no nascimento, e aimportância desta é que asfixia no nascimento é a terceira principal causa demorte neonatal, sendo responsável por aproximadamente 700.000 mortes a cadaano. A implementação em larga escala de intervenções baseadas em evidências vemmelhorando o resultado da ressuscitação, mas ainda estamos longe de atingir oobjetivo das Nações Unidas de ter mortalidade neonatal abaixo de 12 por 1.000nascidos vivos até 2030.

A ventilação com pressão positiva é aetapa mais importante na ressuscitação neonatal e é comumente iniciada commáscara facial, seguida de intubação endotraqueal no caso de falha naventilação por máscara facial ou necessidade de suporte ventilatórioprolongado. Como a intubação endotraqueal é a habilidade mais difícil naressuscitação neonatal, seria possível uma alternativa mais fácil, como amáscara laríngea (ML), ser eficaz?

 

O Estudo

 

Apresentamosum estudo de fase 3, aberto, feito em Uganda, no qual foram randomizadosneonatos que precisavam de ventilação com pressão positiva para serem tratadospor uma parteira com uma ML ou ventilação com máscara facial. Todos osrecém-nascidos tinham idade gestacional estimada de pelo menos 34 semanas, pesode nascimento estimado de pelo menos 2.000 g ou ambos. O desfecho primário foium composto de morte em 7 dias ou admissão na unidade de terapia intensivaneonatal (UTIN) com encefalopatia hipóxico-isquêmica moderada a grave no dia 1a 5 durante a hospitalização.

Dadoscompletos de acompanhamento estavam disponíveis para 99,2% dos neonatos. Umevento de desfecho primário ocorreu em 154 de 563 neonatos (27,4%) no grupo de MLe em 144 de 591 (24,4%) no grupo de máscara facial (risco relativo ajustado,1,16; IC de 95%, 0,90 a 1,51; P = 0,26). Morte em 7 dias ocorreu em 21,7% dosneonatos no grupo de ML e em 18,4% daqueles no grupo de máscara facial (riscorelativo ajustado, 1,21; IC de 95%, 0,90-1,63), e admissão na UTIN comencefalopatia hipóxico-isquêmica moderada a grave no dia 1 a 5 durante ahospitalização ocorreu em 11,2% e 10,1%, respectivamente (risco relativoajustado, 1,27; IC de 95%, 0,84 a 1,93). Os resultados permaneceram inalteradosem uma análise de sensibilidade em que neonatos com dados ausentes foram contadoscomo tendo um evento de desfecho primário no grupo de ML e como não tendo tidotal evento no grupo de máscara facial. A frequência de eventos adversosrelacionados à intervenção predefinidos foi semelhante nos dois grupos.

 

Aplicação Prática

 

Este é umestudo interessante, feito em cenário de baixo recurso, e que demonstrou que emneonatos com asfixia a ML foi segura nas mãos de parteiras, mas não foisuperior à ventilação com máscara facial em relação à morte neonatal precoce e àencefalopatia hipóxica-isquêmica moderada a grave. A despeito de não terdemonstrado superioridade, o insight que o estudo traz é que, emdeterminados cenários socioeconômicos mais restritos, ou, ainda, onde acapacitação técnica é uma barreira, a possibilidade de utilizar um recurso maissimples (no caso a máscara laríngea em detrimento da máscara facial) pode seralgo interessante. Mais estudos randomizados em cenários distintos seriaminteressantes para avaliar essa ideia a ser aplicada em cenários de escassez técnica.

 

 

Bibliografia

 

1.            Pejovic NJ et al. A Randomized Trial ofLaryngeal Mask Airway in Neonatal Resuscitation. N Engl J Med 2020;383:2138-2147

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