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Anemia falciforme com síndrome torácica aguda

Autor:

Rodrigo Antonio Brandão Neto

Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 03/06/2009

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Quadro Clínico

            Homem de 16 anos, portador de doença falciforme, com história de dores articulares em membros inferiores e dor abdominal há sete dias com melhora parcial com paracetamol e anti-inflamatórios não esteroidais. Costuma apresentar dor nestes locais quando em crise. Apresenta ainda tosse seca há cerca de 3 dias, febre não aferida por termômetro e sensação de dispnéia. Há 1 dia iniciou quadro de dor torácica ventilatório-dependente e piora da dor em membros inferiores.

 

Exame clínico

Consciente, hidratado, ictérico +/4+, acianótico

FC = 120 bpm Pa = 110 x 60mmHg, T = 38,4ºC, FR = 29ipm

Ap Resp: murmúrio vesicular (MV) diminuído em base de hemitórax esquerdo, com egofonia local; SO2 = 89% em ar ambiente

Ap CV: 2BRNF, sem sopros

TGI: Abdome flácido, dor difusa referida á palpação com descompressão brusca negativa, fígado á 4 cm do rebordo costal direito, baço não palpável e percutivel.

 

Exames complementares

Hb = 6,8g/dL, Ht = 21%, Leucócitos = 16.500/mm³, U = 35mg/dL, Creatinina = 1,0mg/dL, Na = 139mEq/L, K = 4,6mEq/L.

Radiografia de tórax: consolidação em campo médio à esquerda.

 

Comentário

            Paciente com antecedente de anemia falciforme, vem ao serviço com quadro de dores articulares e em abdome com padrão semelhante a crises dolorosas prévias, num quadro sugestivo de crise álgica pela anemia falciforme. O paciente apresenta ainda um quadro de tosse, febre com dispnéia e dor torácica ventilatório dependente associados a infiltrado pulmonar.  Embora possa se tratar de pneumonia simples, pois o quadro clínico e propedêutica são compatíveis, provavelmente se trata de uma síndrome torácica aguda. A fisiopatologia desta síndrome ainda é discutível. O papel de infecção pulmonar parece ser relevante, mas eventos embólicos pulmonares, muitas vezes na forma de embolia gordurosa talvez sejam o principal fator fisiopatológico. Esta condição apresenta alguns critérios diagnósticos especificados á seguir:

 

  • Presença de infiltrado novo em radiografia envolvendo pelo menos um segmento pulmonar completo (descartando atelectasia)
  • Dor torácica
  • Temperatura > 38,5
  • Taquipnéia, tosse ou sibilância.
  •  

                O manejo destes pacientes inclui hidratação, analgesia e oxigenioterapia conforme indicada para as diferentes complicações da anemia falciforme. A hidratação em geral segue esquema como o abaixo:

     

             Aporte de aproximadamente 50 mL/kg/24 horas com solução de SF(0,9%) 500ml + SG(5%) 500ml.

             Hidratação oral e infusão intravenosa de soro.

             Aumentar o aporte de sódio se o paciente apresenta hiponatremia.

     

                A analgesia deve ser adequada e os estudos demonstram que os médicos tendem a subestimar a dor destes pacientes. A adição é uma preocupação nestes pacientes, mas se esta é freqüente com o uso da meperidina ela é rara em pacientes utilizando morfina, e um bom controle da dor está associado a diminuição da mortalidade. A tabela abaixo sumariza as recomendações de analgesia nestes pacientes.

     

    Tabela 1: Analgesia em pacientes com anemia falciforme

    Intensidade

    da Dor

    Características e Prescrição

    Dor Leve a Moderada

    Pode-se prescrever medicação por via oral: opióide + não opióide.

     

    OPIÓIDE

    Codeína 30 mg via oral de 6 em 6 horas ou de 4 em 4 horas ou

    Tramadol 50 a 100 mg via oral a cada 6 em 6 horas ou

    Oxicodona 10 a 20 mg via oral de 12 em 12 horas.

     

    NÃO OPIÓIDE

    Dipirona: 500 mg a 1.000 mg de 6 em 6 horas ou

    Paracetamol: 750 mg via oral de 6 em 6 horas ou

    Antiinflamatório não esteroidal (exemplo: naproxeno 500 mg via oral de 12 em 12 horas; ibuprofeno 600 mg via oral de 6 em 6 horas.

    Dor Moderada a Intensa

    Preferência por via parenteral: opióide + não opióide

     

    OPIÓIDE

    Tramadol: 50 a 100 mg IV de 6 em 6 horas ou 4/ 4 horas

    Nalbufina: 10 a 20 mg IV, IM ou SC de 6 em 6 horas (ou 4/4) .

     

    ANTIINFLAMATÓRIO

    Cetoprofeno: 100 mg IV de 12 em 12 horas ou

    Tenoxican: 20 a 40 mg IV 1 x dia ou

    Dipirona: 1000 mg de 6 em 6 horas

    Dor Intensa ou Refratária

    Manter o antiinflamatório e trocar o opióide para morfina

     

    Morfina

    Pode ser usada por via SC, IM ou IV.

    Em doentes que não têm intercorrências (exceto a dor), prescrever morfina: 2 a 10 mg de 6/6 horas até de 2/2 horas, conforme reavaliação periódica e freqüente da dor.

     

     

    Outras recomendações para o tratamento destes pacientes incluem:

     

             Monitorização dos sinais vitais e da saturação de oxigênio, reposição de oxigênio com objetivo de Saturação de oxigênio acima de 92%.

             Se houver sibilos ou redução do VEF1, prescrever broncodilatadores inalatórios a cada 4/4 ou 6/6 horas. Hiper-reatividade brônquica ocorre em mais de 60% dos pacientes.

             Antibioticoterapia empírica: lembrando que apesar destes pacientes terem infecções principalmente por agentes encapsulados como o pneumococo, na síndrome torácica aguda os agentes atípicos de pneumonia como a mycoplasma pneumoniae e chlamydia pneumoniae tem importância. Logo, uma opção interessante é a utilização de cefalosporinas de terceira geração associadas à macrolídeos:

             Ceftriaxone (2 g IV 1 x dia) associado à um agente macrolídeo (claritromicina: 500 mg IV de 12/12 horas ou azitromicina: 500 mg IV 1 x dia). Uma alternativa possível é o uso das quinolonas respiratórias como a levofloxacina ou moxifloxacina.

             Suporte Ventilatório conforme deterioração do quadro clínico.

             Transfusão no caso de hipoxemia (PaO2 < 65 mmHg).

             Em doentes evoluindo com hipertensão pulmonar iniciar transfusões periódicas e diárias além da manutenção de oxigenioterapia.

     

    Prescrição

     

    Tabela 2: prescrição do paciente

    Prescrição

    Comentário

    1 – Dieta Geral

    Sem recomendações específicas em relação à dieta.

    2 - SG5% 1000 ml + NaCL 20% 20 ml EV a cada 12/12 horas ou 8/8 horas

    Esta formulação equivale a uma solução fisiológica à 0,4% com glicose, ou seja, similar a combinação de solução glicosada e solução fisiológica á 0,9% em partes iguais. A hidratação com soluções hipotônicas parece ter benefício maior que a hidratação com soluções isotônicas.

    3 - Ceftriaxone 2 gramas EV 1 x ao dia

    A antibióticoterapia é fundamental nestes pacientes e o ceftriaxone é uma boa opção para cobertura de agentes encapsulados.

    4 - Claritromicina 500 mg VO a cada 12/ 12 horas

     

    Os macrolídeos são importantes nesta situação, pois nos pacientes com síndrome torácica aguda os agentes atípicos como o  mycoplasma pneumoniae e a chlamydia pneumoniae parecem ser particularmente prevalentes.

    5 - Catéter de O2 2L/min

    A oxigenioterapia é fundamental para diminuir a crise álgica e falcização nestes pacientes, alem de diminuir hipertensão pulmonar e melhorar o prognóstico destes pacientes. O objetivo é manter a saturação de O2 acima de 92%.

    6 - Tramadol 50 a 100 mg diluído em solução fisiológica a cada 6/6 horas.

    Os ópioides são necessários para controle da dor nestes pacientes associados a outros analgésicos. Grande parte dos pacientes necessitará de ópioides de maior potência como a morfina. Conforme já discutido deve ser evitada a meperidina.

    7 - Dipirona 2,0 ml EV a cada 6/6 horas.

     

    Medicação importante tanto para o controle da dor como para o controle da febre.

    8 - Concentrado de hemácias 2 unidades EV.

    Paciente apresentando hipoxemia, necessitando, portanto de transfusão sanguínea. Outras condição onde habitualmente esta indicada a transfusão é  nos pacientes com antecedente de AVC isquêmico.

     

    Medicações

     

    Dipirona ou metamizol

                A dipirona ou metamizol é um analgésico não-opióide muito utilizado no Brasil. Em vários países, como nos EUA e na Inglaterra, seu uso é proscrito devido o risco de discrasias sangüíneas e agranulocitose, embora se tenha verificado que a incidência de agranulocitose é muito baixa (o risco é de aproximadamente 1,1 caso para 1 milhão de usuários, após uma semana de uso)3. A restrição de sua comercialização impede que existam vários estudos com a droga, dificultando a análise de sua eficácia.

               

    Modo de ação

                Derivado pirazolônico. Atribui-se que sua ação analgésica esteja relacionada à inibição da síntese de prostaglandinas e ação direta no sistema nervoso central.

     

    Indicações

                Ações analgésica e antipirética.

     

    Posologia

                A dose habitual é de 500 a 1000mg de 6 em 6 horas. Alternativa para efeito analgésico mais intenso: 2 gramas de 6 em 6 horas.

     

    Efeitos adversos

                Pode causar náuseas e vômitos e, ocasionalmente, reações hipotensivas isoladas e, em casos raros, queda crítica da pressão arterial. Agranulocitose e reações anafiláticas e anafilactóides (raros).

    Contra-indicações

                A dipirona é contra-indicada em pacientes com hipersensibilidade aos derivados pirazolônicos, pacientes gestantes e lactantes, portadores de porfiria aguda intermitente e deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6-PD).

     

    Monitorização

                Sem indicações específicas

     

    Interações medicamentosas

                Evitar uso concomitante com barbitúricos, clorpromazina e fenilbutazona.

     

    Apresentações comerciais

                Anador®, Analgex®, Analgin®, Baralgin®, Conmel®, Debela®, Dipirol®, Dipirona, Doran®, Dornal®, Magnopirol®, Nalginin®, Nevalgina®, Novalgina®

                Comprimidos de 500mg; frasco de solução oral gotas de 500mg/mL (1mL = 20 gotas) e solução oral com copo medida graduado para 2,5mL com 50mg/mL; ampola de solução injetável com 500mg/mL.

     

    Classificação na gravidez

                Classificação não disponível, pois a droga é proscrita pelo FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos.

     

    Analgésicos opióides

               

    Modo de ação

                Agonistas opióides.

     

    Indicações

                Os analgésicos opióides são tradicionalmente utilizados em analgesia perioperatória e no controle da dor oncológica. São analgésicos potentes que são prescritos em dores de forte intensidade e são úteis no controle da agudização de algumas dores crônicas neuropáticas.

     

    Posologia

                Ver Tabela 3.

     

    Efeitos adversos

                Sedação excessiva, tonturas, náuseas e vômitos. Outros efeitos colaterais incluem depressão respiratória, bradicardia, depressão miocárdica, retenção urinária, euforia, miose e diminuição da motilidade gástrica.

     

    Apresentações comerciais

                Ver Tabela 3.

     

    Classificação na gravidez

                Categoria C.

     

    Tabela 3: Classificação dos principais analgésicos opióides quanto à potência e suas doses-equivalentes.

    Opióides

    Drogas

    Doses diárias (mg); intervalos (h)

    Via(s) de administração

    FRACOS

    Codeína (Codein®)

    30/60; 4-6h;360

    VO

    Tramadol* (ex: Tramal®, Sylador®)

    50*/100 LP/50 EV ou IM*/100 EV ou IM*; 6-12h;400

    VO, EV, IM

    FORTES

    Fentanila (ex: Fentanil® EV e Durogesic® transdérmico)

    Administração endovenosa: Ampola com 0,05 mg/ml. Dose inicial: 25 a 100 mcg (0,5 a 2mL) ou 1 a 2 mcg/Kg. Dose de manutenção: 50 a 500 mcg/h em infusão contínua

    Adesivos transdérmicos: 2,5/5/7,5/10 mg. Substituir o adesivo a cada 3 dias

    EV ou transdérmico

    Meperidina ou Petidina (ex: Dolantina®)

    Administração endovenosa: Ampola com 100 mg/2ml. Dose inicial: 10 a 30mg IV (diluir uma ampola para 10mL e fazer 1 a 3mL).

    Administração intramuscular: 50 a 150 mg (1 a 3mg/kg) a cada 3 ou 4 horas.  Dose máxima diária: 1g (20mg/kg).

     

    EV, IM

    Morfina (ex: Dimorf®, Dolo Moff®)

    10/10 EV/30/30 LP/60 LP/100 LP; 4-6h. Comprimidos de liberação prolongada a cada 12 horas

    VO,EV

     

    Administração endovenosa: Dose inicial: 0,05 a 0,1mg/kg (diluir uma ampola de 10 mg para 10mL e fazer 2,5 a 5mL). Dose de manutenção (infusão contínua): 0,8-10 mg/h

     

    Oxicodona (Oxycontin®)

    10 LP/20 LP/40 LP; 12h; 80 (doses maiores podem ser usadas em pacientes com tolerância)

    VO

    VO = via oral; VR = via retal; SL = sublingual; IM = intramuscular; EV = endovenosa; LP = liberação prolongada; * = tem medicamento genérico.

     

    Cristalóides

                São soluções simples que contém eletrólitos em água.

     

    Soro fisiológico (NaCl 0,9%)

                Solução contendo 154mEq/L de sódio e 154mEq/L de cloreto. (9g de NaCl em 1 litro)

     

    Modo de ação

    Expansor do volume intravascular.

     

    Indicações

    Situações de choque de padrão hipovolêmico e distributivo.

     

    Posologia

    Administrado no intravascular com velocidades de infusão variáveis (conforme a função cardíaca de cada indivíduo), em forma de alíquotas de 250 a 1000mL com reavaliação frequente da resposta obtida e eventuais efeitos adversos.

     

    Efeitos adversos

    O uso de grandes volumes pode estar associado ao desencadeamento de sobrecarga volêmica e acidose metabólica hiperclorêmica, assim como hipernatremia.

     

    Apresentação comercial

                Bolsas ou embalagens plásticas contendo solução de cloreto de sódio a 0,9%. As embalagens podem conter volumes de 100, 250, 500 e 1000mL.

     

    Monitorização

    A taxa da velocidade de infusão deve ser monitorizada através do exame clínico, em especial pulmonar, para evitar sobrecarga hídrica.

     

    Classificação na gravidez

                Classe A

     

    Interações medicamentosas

                Nenhuma significativa.

     

    Ringer lactato

     

                Solução contendo 130mEq/L de sódio, 4mEq/L de potássio, 3mEq/L de cálcio, 109mEq/L de cloreto e 28mEq/L de lactato.

     

    Modo de ação

    Expansor do volume intravascular.

     

    Indicações

                Situações de choque hipovolêmico e distributivo, em especial nos pacientes politraumatizados – como é proposto pelos protocolos do ATLS.

     

    Posologia

    Similar a administração de solução fisiológica.

     

    Efeitos adversos

                Sobrecarga volêmica quando usados grandes volumes ou em indivíduos com disfunção cardíaca.

     

    Apresentação comercial

                Frascos ou bolsas contendo volumes de 100, 250, 500 ou 1000mL.

     

    Monitorização

                Reavaliação clínica frequente de parâmetros como frequência respiratória e ausculta pulmonar quando da infusão para prevenir sobrecarga hídrica.

     

    Classificação na gravidez

                Classe A.

     

    Interações medicamentosas

    Nenhuma significativa.

     

    Cefalosporinas

    As cefalosporinas são antibióticos beta-lactâmicos semi-sintéticos que apresentam como núcleo principal o ácido 7-aminocefalosporânico.

                Comentaremos especificamente as cefalosporinas de terceira geração, que é a indicada neste paciente.

    As cefalosporinas de terceira geração caracterizam-se pela melhor atividade contra bacilos gram-negativos, aumento da meia vida da droga permitindo posologias mais cômodas, maior resistência à ação das beta-lactamases e concentrações liquóricas adequadas para o tratamento de meningites bacterianas

     

    Modo de ação

    Inibem a síntese da parede celular bacteriana, com ação bactericida. A excreção da droga é predominantemente renal. Em pacientes com história de hipersensibilidade comprovada à penicilina, cerca de 3-7% também apresentarão reações de hipersensibilidade às cefalosporinas.

     

    Indicações, posologia e modo de uso, apresentações comerciais e classificação na gestação

                A Cefotaxima possui formulação parenteral, meia-vida de 1,5 hora e índice de ligação às proteínas plasmáticas em torno de 30 a 51%. A concentração liquórica, em presença de meninges inflamadas corresponde a 7 a 20% da concentração sérica, considerada adequada para o tratamento de meningites e abscessos cerebrais.

    A droga apresenta boa atividade contra diversos gram-positivos e gram-negativos, excetuando a Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e Serratia spp. Destaca-se a atividade contra enterobactérias, porém a sensibilidade do Staphylococcus aureus é inferior à cefalosporina de primeira geração.  As principais indicações da droga incluem o tratamento de Haemophilus spp produtores de beta-lactamase, meningites em neonatos (droga de escolha) e em adultos (Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae). No tratamento das peritonites bacterianas espontâneas, o uso da cefotaxima apresenta bons resultados.

     

             Dose Habitual: 3,0-6,0g/dia dividida em 8/8h e dose máxima de 12,0g/dia, com ajuste necessário para insuficiência renal

             Gestação: Classe B

             Apresentações comerciais: Claforan frasco-ampola com 500mg e 1 g

     

    O Ceftriaxone, apresenta formulações intramuscular e endovenosa. A meia vida sérica é de 7 a 8 horas (permitindo intervalos maiores de administração) e o índice de ligação às proteínas plasmáticas em torno de 95%. A penetração liquórica, em presença de meninges inflamadas situa-se em torno de 17% da concentração sérica, considerada efetiva para o tratamento.

    O espectro de ação inclui patógenos gram-positivos e gram-negativos, sem atividade contra anaeróbios, Pseudomonas aeruginosa, Legionella spp., Chlamydia spp, Mycoplasma spp e Listeria monocytogenes. O uso do ceftriaxone não está indicado para estafilococos meticilino-resistentes ou pneumococos com elevado nível de resistência à penicilina.

    O ceftriaxone apresenta atividade inferior às cefalosporinas de primeira geração nas infecções por bactérias gram-positivas. Por outro lado, observa-se melhor atividade contra bacilos gram-negativos como Escherichia coli, Klebsiella spp., Proteus mirabilis, Salmonellas spp., Shigella spp., Enterobacter spp., Morganella spp. e Proteus indol-positivo. Outras bactérias dos gêneros Yersinia, Eikenella, Pasteurella, Haemophilus e Moraxella também apresentam sensibilidade.

    As principais indicações clínicas incluem meningoencefalites bacterianas (pneumococo, meningococo, hemófilos e bacilos gram-negativos) e abscessos cerebrais em todas as faixas etárias e pneumonias comunitárias. Infecções sistêmicas graves por bacilos gram-negativos constituem também indicação do uso de ceftriaxone.

     

             Dose Habitual: 2,0-4,0g/dia  dividida em12/12h, a dose de 4,0g/dia é reservada para o tratamento de meningites, sendo necessário ajuste para insuficiência hepática

             Gestação: Classe B

             Apresentações comerciais: Rocefin e Triaxin com frasco-ampola com 500 mg e 1 g EV e para uso intra-muscular frasco-ampola de 250mg, 500mg e 1 g

             Efeitos adversos: As cefalosporinas estão associadas a reações alérgicas cutâneas assim como as penicilinas.

                            Pseudolitíase biliar é descrita com as cefalosporinas de terceira geração, efeitos hematológicos como granulocitopenia e trombocitopenia também podem ocorrer. Anemia hemolítica com Coombs positivo também é descrita

             Monitorização: Sem recomendações específicas para monitoração

             Interações medicamentosas: A maioria das cefalosporinas podem interagir com aminoglicosídeos, diuréticos de alça e vancomicina, potencializando a nefrotoxicidade destas medicações.

     

    Macrolídeos

    (Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina, Roxitromicina)   

     

    Modo de ação                                                                                                               

                Os Macrolídeos atuam na inibição da síntese proteíca, através da ligação reversível com a sub-unidade 50S ribossomal, impedindo a fixação do RNA transportador ao ribossoma e bloqueando a disponibilidade de aminoácidos. Dependendo da espécie, inóculo, dose utilizada e farmacocinética, os macrolídeos podem apresentar atividade bactericida ou bacteriostática (in vitro).

     

    Indicações, posologia e modo de uso, apresentações comerciais e classificação na gestação

     

             Eritromicina:

                Em nosso meio existem quatro formas de apresentação farmacológica da droga, sem disponibilidade do modo parenteral no Brasil. A formulação oral inclui: base, estearato, etilsuccinato e estolato (uso proibitivo da última na gestação). O índice de ligação proteíca varia entre 20 e 70%, a meia-vida é de 1,5 hora, porém com concentração tecidual mais prolongada. A eritromicina não ultrapassa a barreira hemato-liquórica, e mesmo em casos de meninges inflamadas, a concentração liquórica é inadequada. A eliminação da droga é predominantemente hepática e renal.

                Os agentes susceptíveis incluem bactérias aeróbias gram-positivas (estafilococo meticilino-sensível, estreptococos, corinebactérias, Listeria monocytogenes), cocos gram-negativos (gonococo e meningococo), espiroquetas ( Treponema spp. e Leptospira spp), actinomicetos,  riquétsias, Chlamydia trachomatis, Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumophila,  micobactérias (espécies não-tuberculosis) e alguns anaeróbios.    

                Os bacilos gram-negativos são naturalmente resistentes à eritromicina. Observa-se resistência adquirida de Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Streptococuus pneumoniae. Ocorre resistência cruzada com outros macrolídeos e lincosamidas.

                A eritromicina constitui opção terapêutica como substituto da penicilina em pacientes com antecedente de hipersensibilidade à droga. Constitui droga de primeira escolha em casos de difteria, coqueluche, eritrasma e acne. Da mesma forma, é droga de escolha nas "pneumonias atípicas" provocadas por Mycoplasma pneumoniae, Legionella  pneumophila e Chlamydia pneumoniae, assim como nas uretrites ocasionadas por Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum.

                A dose habitual é de 1,0-2,0g/dia dividida de 6/6 horas,  e é necessário ajuste para função renal

                Gestação: Classe B

    Apresentações comerciais: Eritromicina, Eritrex, Ilosone, Eribiotic em comprimidos de 250mg e 500mg, suspensão com 125 mg/ 5 ml e 250 mg/ 5 ml

     

             Claritromicina:

                Macrolídeo semi-sintético derivado da eritromicina. Possui mecanismo e espectro de ação semelhantes ao da eritromicina. Diferentemente, sua atividade contra estreptococos (incluindo o pneumococo) e estafilococos é cerca de quatro vezes maior que a eritromicina. Também possui atividade contra Haemophilus  influenzae, Haemophilus ducreyi, Mycobacterium leprae, Mycobacterium avium-intracellulare e Toxoplasma gondii.

                O índice de ligação proteíca é de 55%, com metabolização hepática e excreção predominantemente renal. Comercialmente, há a apresentação oral e parenteral. As indicações clínicas principais inluem faringites, amigdalites, otites e sinusites purulentas. As pnemonias bacterianas, como aquelas causadas por pneumococo Chlamydia  pneumoniae, Legionella pneumophila e Mycoplasma pneumoniae  apresentam boa resposta clínica. Quadros de infecção por Mycobacterium avium-intracellulare devem receber esquemas terapêuticos com a inclusão de Claritromicina.

                A dose habitual é de 1,0-2,0 g/dia dividida de12/12h, com necessidade de ajuste para função renal e hepática( se insuficiência renal)

                Gestação: Classe C

    Apresentações comerciais: Claritromicina e Klaricid comprimidos de 250 mg e 500 mg e suspensão com 125 mg/ 5 ml e 250 mg/ 5 ml.

     

             Azitromicina:

                            Macrolídeo semi-sintético obtido a partir da eritromicina. A azitromicina possui melhor atividade contra bactérias gram-negativas, porém com menor eficácia contra  cocos e bacilos gram-positivos. Bacilos gram-negativos como  Klebsiella, Proteus, Citrobacter, Enterobacter, Serratia e Pseudomonas são naturalmente resistentes à ação da azitromicina  .            O índice de ligação protéica é de aproximadamente 30 a 50%, a meia vida sérica é de 14-20 horas. A excreção da droga é por via intestinal e urinária. A facilidade posológica e atenuação dos efeitos colaterais gastro-intestinais constituem vantagens importantes da formulação. Há as apresentações oral e endovenosa

                A droga pode ser utilizada para o tratamento de infecções respiratórias agudas (otites, sinusites, pneumonias), uretrites e cervicite ocasionadas pela Chlamydia trachomatis, cancro mole (H.ducreyi) e doença de Lyme (Borrelia burgdoferi).

                A dose habitual em infecções leves é de 500mg/no 1º dia e, nos dias 2 a 5: 250mg. Em infecções moderadas utilizar 1,0g/dia (VO). Em pneumonia comunitária e infecções graves utilizar 1g/dia EV. É necessário ajuste para função renal.

                Gestação: Classe B

                Apresentações comerciais: Azitromicina, Zitromax, Azi, Azitromin. Comprimidos de 250 mg e 500mg, suspensão oral com 600mg/ 15 ml.

               

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