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Deve-se fazer eletrocardiograma em adolescentes e jovens para pesquisar doença cardíaca?

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 05/05/2015

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Contexto Clínico

         Morte súbita (MS) em jovens por causa de doenças cardiovasculares complexas (genéticas ou congênitas) é um tipo de evento gravíssimo e que levanta a necessidade de políticas públicas. A identificação de indivíduos em risco para MS tornou-se um dos principais focos da comunidade cardiovascular por uma série de razões, incluindo a oportunidade de reduzir eventos de MS através de desqualificação seletiva para prática de esportes e com medidas para a prevenção primária da MS como o cardioversor-desfibrilador implantável para alguns pacientes de alto risco com doenças cardíacas genéticas. Além disso, as MSs causadas por doenças cardiovasculares genéticas ou congênitas que ocorrem em atletas jovens treinados são uma questão altamente visível na imprensa e tornaram-se uma preocupação, tanto na esfera pública como da comunidade médica.

         Consequentemente, o desejo de populações que teoricamente podem ter risco de doença cardiovascular, de que haja medidas para reduzir a morbidade e mortalidade é compreensível. No entanto, um debate surgiu sobre se as condições responsáveis por estes trágicos acontecimentos poderem ou não ser detectadas de forma eficaz em populações de diferentes tamanhos pelas técnicas de testes e exames disponíveis, e, especificamente, não há debate sobre quais estratégias são, potencialmente, as mais confiáveis para separar indivíduos com e sem doença de base.

         A presente discussão define o rastreio cardiovascular como uma iniciativa que visa identificar prospectivamente ou levantar a suspeita de doenças cardiovasculares não reconhecidas anteriormente (em grande parte genéticos ou congênitos) e que são conhecidas por causar parada cardíaca súbita e MS em jovens. Isto tornou-se um tema de grande visibilidade e debate, porque o risco de MS associada à atividade física intensa, potencialmente poderia ser modificado impedindo um estilo de vida atlético competitivo e poderia até ser prevenido em pacientes de alto risco, com as intervenções de tratamento profilático (por exemplo, cardioversores-desfibriladores implantáveis).

 

Diretrizes

         As seguintes recomendações para o rastreio cardiovascular em jovens com idades entre 12 a 25 anos são apresentados:

 

         Recomenda-se que sejam checados 14 pontos de triagem recomendados como avaliação pré-participativa para atividade física, a ser utilizado pelos examinadores como parte de uma abrangente anamnese e exame físico para detectar ou levantar a suspeita de anormalidades cardiovasculares genéticas/congênitas e outros (classe I, nível de evidência C).

 

14 pontos:

História de dor torácica com esforço

História de síncope/pré-síncope sem causa

História de dispneia ou palpitação com esforço

História de sopro cardíaco

História de hipertensão arterial sistêmica

História de restrição para prática esportiva

História de exame cardíaco indicado por médico

História familiar de morte súbita antes dos 50 anos

História familiar de perda de funcionalidade por doença cardíaca antes dos 50 anos

História familiar de cardiomiopatia dilatada ou hipertrófica, Marfan, síndrome do Qt longo ou outra canaliculopatia

Ausculta cardíaca para sopros

Palpação de pulsos femorais

Estigmas de síndrome de Marfan

Pressão arterial de ambos MMSS

 

         Recomenda-se a padronização dos questionários utilizados como guias para os examinadores do ensino médio e para os atletas de faculdade (Classe I, Nível de evidência C).

         Rastreamento com ECG de 12 derivações (ou ecocardiograma) em associação com abrangente anamnese e exame físico para identificar ou levantar a suspeita de anormalidades cardiovasculares genéticas/congênitas e outros podem ser considerados para grupos pequenos de jovens saudáveis entre os 12 e 25 anos de idade, não necessariamente limitado a atletas (por exemplo, em escolas, faculdades / universidades ou comunidades locais altos). Se realizadas, essas iniciativas devem reconhecer as limitações conhecidas e previstas do ECG de 12 derivações como teste de triagem da população, incluindo a frequência esperada de resultados falso-positivos e falso-negativos (Classe IIb, Nível de Evidência C).

         Não é recomendado o rastreamento em massa com ECG de 12 derivações em grandes populações gerais de jovens saudáveis entre os 12 e 25 anos de idade para identificar anormalidades cardiovasculares genéticas/congênitas, independente de serem populações de atletas ou não-atletas (Classe III, nenhuma evidência de benefício; Nível de evidência C).

Não é recomendado fazer rastreio cardiovascular universal na faixa etária de 12 a 25 anos, com anamnese e exame físico (incluindo a nível nacional nos Estados Unidos) (Classe III, não evidência de benefício; Nível de evidência C).

 

Bibliografia

Maron BJ et al. Assessment of the 12-lead ECG as a screening test for detection of cardiovascular disease in healthy general populations of young people (12–25 years of age): A scientific statement from the American Heart Association and the American College of Cardiology. Circulation 2014 Sep 15; [e-pub ahead of print]. (link para o artigo).

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