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Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 21/09/2015

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Quadro Clínico

Paciente feminina, 29 anos, procurou atendimento médico há uma semana com história de cefaleia leve contínua, tosse, obstrução nasal e febre nos últimos dois dias. Trouxe uma tomografia de seios da face de outro serviço, e gostaria de saber o que deve tomar de medicamentos para melhorar.

 

Imagem 1 – Tomografia de Seios da Face

  

 

Diagnóstico e Discussão

Podemos observar que esta paciente tem uma rinossinusite aguda, algo que poderia ser diagnosticado basicamente com história e exame físico, mas nesse caso temos a conveniência de poder ver a tomografia de seios da face, que demonstra um espessamento dos seios etmoidais.

A rinossinusite aguda (RSA) é definida como inflamação sintomática da cavidade nasal e seios paranasais com duração inferior a quatro semanas. O termo "rinossinusite" é preferido para "sinusite", pois a inflamação dos seios raramente ocorre sem inflamação simultânea da mucosa nasal. A etiologia mais comum de RSA é uma infecção viral associada com o resfriado comum. A rinossinusite viral é complicada por uma infecção bacteriana aguda em apenas 0,5 a 2,0% dos casos.

O tratamento universal para todos os casos é terapia sintomática, tanto para rinossinusite aguda viral (RSAV) quanto para  rinossinusite bacteriana aguda (RSAB).

Analgésicos anti-inflamatórios não esteroides, tais como paracetamol, dipirona ou outros AINHs (cetoprofeno, naproxeno, ibuprofeno) são utilizados para o alívio da dor. Uma medida muito usada é a irrigação mecânica com solução fisiológica ou salina hipertônica, que pode reduzir a necessidade de medicação para a dor e melhorar o conforto geral do paciente, particularmente em pacientes com sinusite frequente.

Uma medida muito boa para ser adotada é a prescrição de glicocorticoides nasais. O mecanismo teórico de ação para glicocorticoides intranasais é uma diminuição na inflamação da mucosa que permite uma melhor drenagem do seio. Uma meta-análise de três estudos, envolvendo pacientes com RSA diagnosticados através dos sintomas e confirmados por estudos radiológicos ou endoscópicos, descobriu que o uso de esteroides intranasais, sozinho ou como terapia adjuvante aos antibióticos, aumenta a taxa de resposta dos sintomas em comparação com placebo (RR 1,11, IC95%: 1,04- 1,18).

Se forem prescritos, os descongestionantes tópicos nasais devem ser usados com moderação (não mais de três dias consecutivos) para evitar obstrução nasal rebote. Descongestionantes orais são frequentemente usados para reduzir o edema e facilitar a aeração e a drenagem. No entanto, faltam estudos consistentes sobre sua eficácia. Outras medicações que são frequentemente prescritas, mas têm baixa validade, são os anti-histamínicos. Teoricamente eles seriam prescritos para alívio dos sintomas devido aos seus efeitos de secagem; no entanto, não há estudos que investigam a sua eficácia para esta indicação. Ainda há os mucolíticos, que muitos pacientes gostam de usar. Mucolíticos como guaifenesina servem para secreções finas e podem promover a facilidade de drenagem de muco e melhora da obstrução; no entanto, não existem estudos publicados para apoiar definitivamente a sua utilização.

Se os corticoides intranasais são boas opções, o mesmo não se pode dizer de corticoides sistêmicos. Não se orienta usar corticoides sistêmicos no tratamento ambulatorial da rinossinusite aguda enquanto se aguarda algum dado mais concreto da literatura.

Quanto ao uso de antibióticos, eles devem ser prescritos em situações que sugiram doença bacteriana. As diretrizes apontam para três situações distintas: pacientes com sintomas a pelo menos 10 dias sem melhora; pacientes com sintomas intensos a pelo menos 3-4 dias; e pacientes que pioraram após os primeiros 3-4 dias de doença. As diretrizes da IDSA aconselham um curso de 5 a 7 dias de antibióticos para adultos. E os antibióticos a serem usados como primeira linha são amoxicilina-clavulanato, claritromicina, azitromicina e cefalosporinas. As fluorquinolonas deveriam ser reservadas a casos refratários.

 

Bibliografia

Chow AW, Benninger MS, Brook I, et al. IDSA clinical practice guideline for acute bacterial rhinosinusitis in children and adults. Clin Infect Dis 2012; 54:e72.

 

Rosenfeld RM, Piccirillo JF, Chandrasekhar SS, et al. Clinical practice guideline (update): adult sinusitis. Otolaryngol Head Neck Surg 2015; 152:S1.

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