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Estenose aórtica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/10/2015

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Quadro Clínico

Um paciente masculino, de 75 anos, hipertenso e diabético em uso regular de medicações, procura atendimento relatando que vem há pelo menos seis meses evoluindo com dispneia progressiva aos esforços. Sua esposa, acompanhante da consulta, também relata um episódio de síncope há cerca de uma semana enquanto o paciente limpava o quintal da casa, em um esforço extra-habitual. Ao exame físico, o médico percebe um sopro sistólico ejetivo em foco aórtico. É solicitado um ecocardiograma ao paciente, sendo que podemos ver uma imagem estática deste exame na imagem 1, que traz a janela paraesternal longa.

 

Imagem 1 – Ecocardiograma – janela paraesternal longa

Diagnóstico e Discussão

O laudo do exame trouxe a seguinte descrição:

 

Valva aórtica intensamente fibrocalcificada, importante diminuição da sua abertura e refluxo moderado.

Gradiente sistólico VE-Ao máximo de 94 mmHg e médio de 51 mmHg.

Área valvar estimada em 0,71 cm² (equação de continuidade).

Valva tricúspide com morfologia normal, abertura preservada e refluxo discreto.

Pressão sistólica da artéria pulmonar estimada em 30 mmHg (VN < 35 mmHg).

 

De fato, o ecocardiograma corroborou a suspeita levantada pelo médico com base na história e no exame físico do paciente: que se tratava de estenose aórtica. A esclerose valvar aórtica é a causa mais comum de obstrução ao fluxo ventricular esquerdo em crianças e adultos. Outras causas são a doença subvalvar ou supravalvar.

O que define a esclerose valvar aórtica é o espessamento e calcificação da valva. A estenose aórtica propriamente dita (EAo) está presente quando a velocidade anterógrada através de uma valva anormal é de pelo menos 2m/seg. Os estágios da doença se definem tanto por sintomas como por anatomia e hemodinâmica da valva, e por função cardíaca.

Este caso ilustra bem os sintomas da doença, que normalmente envolvem uma tríade de insuficiência cardíaca, síncope e angina. Estes sintomas normalmente surgem quando a doença está avançada, com área valvar < 1,0cm2, a velocidade do fluxo está > 4,0m/seg, e /ou o gradiente médio transvalvar está > 400mmHg.

A EAo pode ser causada por alteração congênita associada à calcificação (com possível valva unicúspide ou bicúspide), calcificação de uma valva normal (geralmente processo degenerativo), ou por doença reumática (febre reumática), quando ocorre fusão das comissuras entre os folhetos da valva. A mais comum  é a calcificação, o que faz com que a prevalência aumente com a idade, sendo de 0,2% entre 50-59 anos, 1,3% de 60-69 anos, 3,9% de 70-79 anos e 9,8% de 80-89 anos.

A gravidade dos casos pode ser verificada conforme o descrito na tabela 1. Podemos verificar que neste caso, já se tratava de estenose aórtica crítica, conforme os padrões do Ecocardiograma.

 

Tabela 1 – Gravidade da Estenose Aórtica em Adultos

 

 

Velocidade do Fluxo
(m/seg)

Gradiente médio

(mmHg)

Área Valvar

(cm2)

Normal

menor ou igual a 2,0

<5

3,0 a 4,0

Leve

<3,0

<25

>1,5

Moderada

3,0 a 4,0

25 a 40

1,0 a 1,5

Grave

>4,0

>40

<1,0

Crítica

> 5,0

 

< 0,75

 

Bibliografia

Otto CM, Nishimura RA. New ACC/AHA valve guidelines: aligning definitions of aortic stenosis severity with treatment recommendations. Heart 2014; 100:902.

 

Nishimura RA, Otto CM, Bonow RO, et al. 2014 AHA/ACC Guideline for the Management of Patients With Valvular Heart Disease: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2014; 63:e57

 

Eveborn GW, Schirmer H, Heggelund G, et al. The evolving epidemiology of valvular aortic stenosis. the Tromsø study. Heart 2013; 99:396.

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