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Litíase Biliar Incidental

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/05/2016

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Quadro Clínico

Homem de 45 anos realizou um ultrassom de abdômen total a pedido de outro médico. O exame foi agendado e na data em questão o paciente estava completamente assintomático. O paciente também não tem nenhum antecedente de vício, ou doenças crônicas como hipertensão, diabetes ou dislipidemia. Entretanto o ultrassom identificou uma alteração, que pode ser vista na imagem 1, e agora ele procura você para saber do que se trata o achado.

 

Imagem 1- Ultrassom de abdômen

 

 

 

Discussão

Este paciente apresenta um cálculo biliar incidental. A presença de cálculos biliares (colelitíase) é comum, especialmente em populações ocidentais. Em estudos dos EUA, cálculos biliares estão presentes em aproximadamente 6 % dos homens e 9% das mulheres. Entretanto, a maioria dos pacientes com cálculos biliares incidentais não irá desenvolver sintomas atribuíveis aos cálculos biliares. Apenas 15 a 25 % vai se tornar sintomática em um prazo de até 15 anos.

Nestes casos onde surgem sintomas é que deve haver preocupação, pois aí aumenta a chance de sintomas recorrentes (cerca de 70% dos pacientes terá sintomas recorrentes em dois anos) e o risco de ocorrerem complicações. Estas são menos frequentes, e ocorrem a uma taxa de cerca de 1 a 2 % por ano.

Quanto à conduta, a colecistectomia profilática não está indicada para a maioria dos pacientes assintomáticos, como neste caso. Os pacientes geralmente podem ser seguidos com conduta expectante e realizar colecistectomia se os sintomas surgirem posteriormente.

Uma exceção na indicação de colecistectomia em pacientes assintomáticos é para os indivíduos com risco aumentado para câncer de vesícula biliar e pode ser apropriado para alguns pacientes com doenças hemolíticas ou aqueles que estão submetidos ao bypass gástrico. Os doentes de maior risco câncer de vesícula biliar incluem aqueles com:

 

- Pacientes com drenagem ductal pancreática anômala (em que o ducto pancreático drena para o ducto biliar comum);

- Pacientes com adenomas da vesícula biliar;

- Pacientes com vesícula biliar de “porcelana”

- Pacientes com grandes cálculos biliares (> 3 cm).

 

Os pacientes com doença de células falciformes e esferocitose hereditária têm uma elevada incidência de formação de cálculos biliares de pigmento (mais de 50% dos casos). Estes casos podem ser candidatos à colecistectomia na presença de cálculos biliares.

Pacientes obesos mórbidos que se submeteram a cirurgia de bypass gástrico têm uma alta incidência de cálculos biliares (> 30%) [27,28]. Uma colecistectomia profilática no mesmo tempo da realização da derivação é recomendada por alguns consensos (independentemente de cálculos biliares  presentes), apesar de este tema ser controverso.

 

Referências

Warttig S, Ward S, Rogers G, Guideline Development Group. Diagnosis and management of gallstone disease: summary of NICE guidance. BMJ 2014; 349:g6241.

 

Capocaccia L, the GREPCO group. Clinical symptoms and gallstone disease: Lessons from a population study. In: Epidemiology and prevention of gallstone disease, Capocaccia L, Ricci G, Angelico F, Attili AF (Eds), Lancaster MTP Press, 1984. p.153.

 

Attili AF, De Santis A, Capri R, et al. The natural history of gallstones: the GREPCO experience. The GREPCO Group. Hepatology 1995; 21:655.

 

Thistle JL, Cleary PA, Lachin JM, et al. The natural history of cholelithiasis: the National Cooperative Gallstone Study. Ann Intern Med 1984; 101:171.

 

Gracie WA, Ransohoff DF. The natural history of silent gallstones: the innocent gallstone is not a myth. N Engl J Med 1982; 307:798.

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