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Megacólon Perfurado

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 08/08/2016

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Quadro Clínico

Homem de 55 anos, portador de megacólon chagásico, chega ao pronto-socorro com quadro de intensa dor abdominal de início há cerca de 6h, associada à febre e queda do estado geral. Vinha constipado na última semana. Chega em franca sepse grave, hipotenso, taquicárdico e com lactato arterial aumentado. O paciente foi estabilizado e levado para realizar uma tomografia de abdome e pelve. É possível ver na imagem 1 que o paciente apresenta um hidropneumoperitôneo, caracterizado pela presença de líquido livre na cavidade abdominal e ar fora das alças, rechaçando os órgãos.

 

Imagem 1 - TC de abdome

 

 

Discussão

A imagem de hidropneumoperitôneo foi atribuída à isquemia e perfuração de cólon direito (não mostrado na imagem 1). Isso decorreu do megacólon com obstrução funcional.

A doença de Chagas é causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi, que é mais comumente transmitida por triatomíneos. No Brasil, isso se refere ao “barbeiro”, artrópode transmissor da doença através de sua picada.

As principais manifestações clínicas são cardiomiopatia chagásica e doença gastrointestinal. As manifestações gastrointestinais são a segunda causa mais comum de complicações devido à doença de Chagas. A mortalidade é baixa, mas os sintomas podem ter um impacto considerável na qualidade de vida. A forma digestiva é vista com mais frequência nos países da América do Sul, tendo uma grande prevalência na região central do Brasil, o que pode ser atribuído à distribuição dos diferentes genótipos de Trypanosoma cruzi .

A manifestação clínica mais comum de megacólon é constipação lentamente progressiva. Conforme a doença progride, os pacientes podem ser incapazes de ter uma evacuação por semanas. Isto pode ser acompanhado por inchaço, falta de motilidade do cólon, e, menos frequentemente, dor abdominal em cólica.

Essa retenção de fezes prolongada pode levar à formação de fecalomas, o que pode ser diagnosticado por palpação abdominal e exame retal. Uma complicação recorrente é volvo de cólon, o que pode levar à isquemia intestinal secundária. A isquemia de parede intestinal também pode decorrer de constipação intensa e prolongada sobre alças colônicas extremamente distendidas.

 

Referências

Rezende JM, Luquetti AO. Chagasic megavisceras. In: Nervous System in Chagas Disease, Pan American Health Organization, Washington 1994. p.149.

 

Pinazo MJ, Lacima G, Elizalde JI, et al. Characterization of digestive involvement in patients with chronic T. cruzi infection in Barcelona, Spain. PLoS Negl Trop Dis 2014; 8:e3105.

 

Kamiji MM, de Oliveira RB. [Features of Chagas' disease patients with emphasis on digestive form, in a tertiary hospital of Ribeirão Preto, SP]. Rev Soc Bras Med Trop 2005; 38:305.

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