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Sangramento Cerebral

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 24/01/2018

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Quadro Clínico

 

Paciente do sexo masculino, 87 anos, com história de tabagismo e hipertensão, sem adesão às medidas farmacológicas instituídas em seguimento ambulatorial, chega ao pronto-socorro com Escala de Coma de Glasgow 9 (AO2, MRM 4, MRV 3) após ter apresentado algo sugerido pelos familiares como uma convulsão.

Ao exame físico, encontra-se com pressão arterial (PA) 210x130mmHg, frequência cardíaca (FC) 92bpm, frequência respiratória (FR) 14RPM, saturação de oxigênio e temperatura normais, ausculta cardíaca e pulmonar normais e alteração de força no hemicorpo direito. A seguir, detalhe da tomografia computadorizada (TC) de crânio.

 

 

 

 

 

TC: tomografia computadorizada.

Figura 1 - Detalhe da TC de crânio.

 

Discussão

 

Ao se deparar com um caso de sangramento no sistema nervoso central ou acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), o paciente deve ser manejado em unidade monitorada com cuidados intensivos. Como medidas gerais, deve-se atuar em questões que podem impactar em prognóstico; sendo assim, toda fonte de febre deve ser prontamente tratada com antitérmicos e medidas direcionadas (antibióticos para sepse, por exemplo).

 Além disso, deve-se fazer controle glicêmico de, ao menos, 4/4h com glicemia capilar e uso de insulinas rápidas para manter a glicemia entre 140 e 180mg/dL, obviamente gerenciando o risco de hipoglicemia. A prevenção de tromboembolismo venoso é algo crítico e, já que medidas farmacológicas são contraindicadas, deve-se utilizar compressão pneumática intermitente como alternativa de prevenção. Qualquer hidratação necessária deve ser feita com fluídos isotônicos para não exacerbar o edema cerebral ou a pressão intracraniana, tomando precauções para que a hipervolemia seja evitada também pelo risco de estimular o edema cerebral. Além disso, dado que a pneumonia é complicação frequente nesses casos, uma correta e precoce avaliação para disfagia deve ser realizada antes de iniciar qualquer dieta. Ainda dentro das medidas gerais, deve-se lembrar do gerenciamento inicial da hipertensão intracraniana elevada (HIC), o que inclui elevar a cabeça da cama para 30 graus e usar analgesia e sedação. Os agentes intravenosos sugeridos para sedação são propofol, etomidato ou midazolam. Os agentes sugeridos para analgesia são a morfina ou o fentanila. Uma medida direcionada, fundamental, é o manejo da hipertensão, pois aumentos na pressão sanguínea podem piorar a HIC, representando uma força contínua para o sangramento. Sendo assim, sugere-se o seguinte: Para pacientes com pressão arterial sistólica (PAS) >200mmHg ou pressão arterial média (PAM) >150mmHg, é sugerida redução agressiva da PA com infusão intravenosa contínua de medicação acompanhada de monitoração da PA a cada 5 minutos (recomendação grau 2C); Para pacientes com PAS >180mmHg ou PAM >130mmHg e evidência ou suspeita de HIC, sugere-se monitorar a HIC e reduzir a PA usando medicação intravenosa intermitente ou contínua para manter a pressão de perfusão cerebral na faixa de 61 a 80mmHg (recomendação grau 2C); Para pacientes com PAS >180 mmHg ou PAM >130mmHg e sem evidência ou suspeita de HIC, recomenda-se uma modesta redução da PA para uma PAM alvo de 110mmHg ou PA alvo de 160/90mmHg, usando medicação intravenosa intermitente ou contínua acompanhada de reexame do paciente a cada 15 minutos (recomendação grau 2C).

 

 Bibliografia

 

1.             Morgenstern LB, Hemphill JC 3rd, Anderson C, et al. Guidelines for the management of spontaneous intracerebral hemorrhage: a guideline for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke 2010; 41:2108.

2.             Morgenstern LB, Hemphill JC 3rd, Anderson C, et al. Guidelines for the management of spontaneous intracerebral hemorrhage: a guideline for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke 2010; 41:2108.

3.             Langhorne P, Fearon P, Ronning OM, et al. Stroke unit care benefits patients with intracerebral hemorrhage: systematic review and meta-analysis. Stroke 2013; 44:3044.

 

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