Última revisão: 30/01/2011
Comentários de assinantes: 0
Reproduzido de:
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
8ª edição revista
BRASÍLIA / DF – 2010
CID 10: B17.2
Doença viral aguda e autolimitada. Apresenta curso benigno, embora tenham sido descritos casos, principalmente em gestantes, com evolução para a forma fulminante. Apresenta-se de forma assintomatica (usualmente em crianças) ou com sintomas semelhantes à Hepatite A, sendo a icterícia observada na maioria dos pacientes. Compreende vários períodos:
Incubação - Varia de 14 a 60 dias (média de 42 dias).
Prodrômico ou pré-ictérico - Dura, em média, de 3 a 4 dias, caracterizando-se por mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal.
Ictérico - Além da icterícia, é comum a presença de queixas de colúria, prurido e hipocolia fecal e hepatomegalia. A febre, artralgia e cefaleia tendem a desaparecer nesta fase.
Convalescença - Retorno da sensação de bem-estar: gradativamente a icterícia regride, as fezes e urina voltam à coloração normal. Nos casos típicos, em 1 mês há remissão completa dos sintomas.
Vírus da Hepatite E (HEV). Um vírus RNA, da família Caliciviridae.
O homem. Relatos recentes de isolamento do HEV em suínos, bovinos, galinhas, cães e roedores levantam a possibilidade de que esta infecção seja uma zoonose. Experimentalmente, também, em alguns primatas não humanos: chimpanzés e macaco cynomolgus.
Fecal-oral, principalmente pela água e alimentos contaminados por dejetos humanos e de animais. Apesar de ser evento raro, pode, também, ser transmitido por via vertical e parenteral.
Duas semanas antes do início dos sintomas ate o final da segunda semana de doença.
Não há relato de evolução para cronicidade ou viremia persistente. Em gestantes, a Hepatite é mais grave, podendo apresentar formas fulminantes. A taxa de mortalidade em gestantes pode chegar a 25%, especialmente no terceiro trimestre. Em qualquer trimestre, abortos e mortes intrauterinas são comuns.
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico, sendo necessária a realização de exames sorológicos (Quadro 21). Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as dosagens de transaminases – ALT/TGP e AST/TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático. Nas formas agudas, chegam a atingir, habitualmente, valores ate 25 a 100 vezes acima do normal. As bilirrubinas são elevadas e o tempo de protrombina pode estar diminuído (TP>17s ou INR>1,5), indicando gravidade. Os exames específicos são para detecção dos marcadores sorológicos:
Anti-HEV IgM (marcador de infecção aguda) - Anticorpo específico para Hepatite E encontrado no soro de todos os indivíduos infectados recentemente. Torna-se positivo no início do quadro clínico desaparecendo apos três meses.
Anti-HEV IgG (marcador de infecção passada) - Anticorpo indicativo de infecção passada pelo vírus da Hepatite E. Está presente na fase de convalescência e persiste indefinidamente.
Quadro 21. Interpretação dos resultados sorológicos para Hepatite E
Anti-HEV
total Anti-HEV IgM Interpretação
( + ) ??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
( + ) ??????????????????????????????????????????????????????????????????
( – ) ??????????????????????????????
Hepatite por vírus A, B, C ou D; infecções como leptospirose, febre amarela, malária, dengue, sepse, citomegalovírus e mononucleose; doenças hemolíticas; obstruções biliares; uso abusivo de álcool e uso de alguns medicamentos e substâncias químicas. Para gestantes, há a colestase intra-hepática da gravidez e esteatose aguda da gravidez.
Não existe tratamento específico para a forma aguda. Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo ate praticamente a normalização das aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porem seu maior beneficio é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve-se recomendar que o próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição relaciona-se a ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, sendo, preferencialmente, por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica, para não agravar o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não tem nenhum valor terapêutico.
A infecção apresenta-se de forma esporádica e de surtos. É frequente em áreas sem saneamento básico e em instituições fechadas, com baixo padrão de higiene. Frequentemente, as epidemias estão relacionadas à contaminação de alimentos e reservatórios de água, principalmente apos calamidades públicas. Atinge com frequência adultos jovens. A mortalidade e letalidade são baixas (de 0,07% a 0,6% dos casos). A primeira epidemia descrita foi em Nova Délhi (1955), apos contaminação do fornecimento de água pelo esgoto. Hoje, é encontrada em vários países tropicais, subtropicais e sudeste asiático, geralmente como epidemia, e, esporadicamente, em países da Ásia Central, centro-leste da África, América Central e do Sul e países da ex-URSS. Apesar de o Brasil apresentar condições sanitárias deficientes em muitas regiões, ainda não foi descrita nenhuma epidemia. Alguns casos isolados têm sido notificados, demonstrando que há circulação desse vírus no país.
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição da doença por faixa etária e áreas geográficas. Investigar surtos para a adoção de medidas de controle.
Os casos suspeitos, confirmados e os surtos devem ser notificados e investigados, visando adoção das medidas de controle pertinentes.
Sintomático ictérico
- Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente (recente ou não), com ou sem sintomas como febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e hipocolia fecal.
- Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico etiológico confirmado.
Sintomático anictérico
- Indivíduo sem icterícia, que apresente um ou mais sintomas como febre, mal-estar, náusea, vômitos, mialgia e que, na investigação laboratorial, apresente valor aumentado das aminotransferases.
Assintomático
- Indivíduo exposto a uma fonte de infecção bem documentada (na hemodiálise, em acidente ocupacional com exposição percutânea ou de mucosas, por transfusão de sangue ou hemoderivados, procedimentos cirúrgicos/odontológicos/colocação de piercing/tatuagem com material contaminado, por uso de drogas endovenosas com compartilhamento de seringa ou agulha).
- Comunicante de caso confirmado de Hepatite, independente da forma clínica e evolutiva do caso índice.
- Indivíduo com alteração de aminotransferases no soro, igual ou superior a três vezes o valor máximo normal dessas enzimas, segundo o método utilizado.
Doador de sangue
- Indivíduo assintomático doador de sangue, com um ou mais marcadores reagentes para Hepatite E.
Indivíduo assintomático com marcador reagente para Hepatite viral E.
Caso confirmado - Indivíduo que preenche as condições de caso suspeito e que apresente Anti-HEV IgM reagente
Incluem a notificação de surtos e os cuidados com o paciente. A notificação é importante para que se desencadeie a investigação das fontes comuns e o controle da transmissão por meio de medidas preventivas. Os cuidados com o paciente incluem o afastamento do mesmo das atividades normais. Se a infecção ocorrer em criança, orientar sua ausência temporária da creche, pré-escola ou escola durante as primeiras 2 semanas da doença. A desinfecção de objetos, limpeza de bancadas, chão, entre outros locais, pode ser feita utilizando cloro ou água sanitária. As medidas preventivas incluem: educação da população quanto às boas práticas de higiene, com ênfase na lavagem das mãos apos o uso do banheiro, quando da preparação de alimentos e antes de se alimentar; disposição sanitária de fezes; medidas de saneamento básico com água tratada e esgoto; orientação às creches, pré-escolas e instituições fechadas para a adoção de medidas rigorosas de higiene, tais como lavagem das mãos ao efetuar trocas de fraldas, preparo dos alimentos e antes de comer, além da desinfecção de objetos, bancadas, chão, entre outros. Não existe vacina para a Hepatite E comercializada e não é conhecida a eficácia da imunoglobulina anti-Hepatite E.
Consta no documento:
“Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.”
O objetivo do site MedicinaNet e seus editores é divulgar este importante documento. Esta reprodução permanecerá aberta para não assinantes indefinidamente.
O MedicinaNET é o maior portal médico em português. Reúne recursos indispensáveis e conteúdos de ponta contextualizados à realidade brasileira, sendo a melhor ferramenta de consulta para tomada de decisões rápidas e eficazes.
Medicinanet Informações de Medicina S/A Cnpj: 11.012.848/0001-57 | info@medicinanet.com.br |
MedicinaNET - Todos os direitos reservados.
Em função da pandemia do Coronavírus informamos que não estaremos prestando atendimento telefônico temporariamente. Permanecemos com suporte aos nossos inscritos através do e-mail info@medicinanet.com.br.