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Medicamentos para Tratamento de Tuberculose

Última revisão: 16/09/2015

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Reproduzido de:

Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010 [Link Livre para o Documento Original]

Série B. Textos Básicos de Saúde

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos

Brasília / DF – 2010

 

        Medicamentos para o tratamento da tuberculose

 

Marcus Tolentino Silva

 

A tuberculose é grave problema de saúde no Brasil, principalmente quando acomete a população economicamente ativa. A doença ocorre com maior frequência nos grupos com piores condições socioeconômicas: regiões atrasadas, espaços urbanos precários e pessoas que vivem em lugares fechados (presídios, hospitais, creches, abrigos sociais, etc.)1. A tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis e pode afetar vários órgãos, sendo mais frequente o pulmão. Sintomas específicos são relacionados ao sítio de infecção e são geralmente acompanhados por febre, sudorese e perda de peso2. As intervenções usadas para o tratamento da tuberculose visam curar a doença, reduzir o risco de recidivas, diminuir a falha terapêutica e prevenir mortes, com o mínimo de reações adversas3, 4. A farmacoterapia básica nos casos de tuberculose pulmonar consiste em fase inicial intensiva da associação entre rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (dois meses de duração), seguida de fase de manutenção constituída pela associação isoniazida + rifampicina (quatro meses de duração)5. A utilização de único medicamento no tratamento da tuberculose (monoterapia) é contra-indicada pelo risco de recidivas e resistência bacteriana2-6. Estreptomicinaé um antibiótico aminoglicosídeo usado no tratamento da tuberculose multirresistente7 (ver monografia, página 982).

Etambutol é ativo contra Mycobacterium tuberculosis e demais micobactérias não específicas. É usado em associação com outros medicamentos na tuberculose para prevenir ou prorrogar o surgimento de cepas resistentes. Nas regiões com elevados índices de resistência a isoniazida ou nos casos em que não é possível sua determinação, etambutol é recomendado na fase de manutenção5. Como fármaco isolado é utilizado em combinação com outros medicamentos na tuberculose multirresistente7 (ver monografia, página 552).

Etionamida é fármaco bacteriostático de complemento, de baixo custo, para o tratamento de tuberculose resistente a múltiplos medicamentos5. Preferentemente, deve ser usado por centros especialistas em controle da tuberculose6 (ver monografia, página 678).

Isoniazida é potente bactericida com atividade contra a replicação de bacilos 5. É o principal medicamento usado no tratamento da tuberculose, mesmo em diferentes subgrupos (infectados pelo HIV, doença não-pulmonar, etc.)3, 4 (ver monografia, página 792).

A combinação de dose fixa isoniazida + rifampicina é recomendada pela Organização Mundial da Saúde para reduzir a emergência de resistência bacteriana, uma vez que ela incorpora múltiplos medicamentos e reduz a chance de resistência bacteriana no caso de monoterapia6. Ainda não existem provas conclusivas sobre esses benefícios8. De outro lado, a combinação de dose fixa permite simplicidade na prescrição médica e na entrega de medicamentos pela farmácia (o que pode ser muito desejável em serviços de atenção básica em que os profissionais pouco conhecem do tratamento da tuberculose) e melhorar a adesão do paciente ao tratamento, por meio da redução do número de comprimidos6 (ver monografia, página 790).

Pirazinamida é um agente bactericida de baixa potência contra Mycobacterium tuberculosis, porém, tem potente atividade esterilizante, particularmente em áreas de grande inflamação. É muito efetivo durante os primeiros dois meses de tratamento quando alterações inflamatórias agudas persistem. Seu uso permitiu reduzir o tempo de tratamento e o risco de falha terapêutica5 (ver monografia, página 904).

Rifampicina é antibiótico macrocíclico complexo que inibe a síntese do ácido ribonucleico de largo espectro de patógenos microbiológicos. Ele possui ação bactericida e potente efeito esterilizante contra o Mycobacterium tuberculosis em meio celular ou extracelular. Considerando que a resistência microbiana pode se desenvolver rapidamente, rifampicina sempre deve ser administrada em combinação com outros medicamentos usados na tuberculose5 (ver monografia, página 924).

A combinação de dose fixa rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol também é recomendada pela Organização Mundial da Saúde6. A prova disponível revela que essa combinação apresenta biodisponibilidade equivalente àquela dos fármacos separados em formulações isoladas9-13. Com essa apresentação, pretende-se melhorar a adesão do paciente ao tratamento (diminuindo a quantidade de comprimidos), facultar a dispensação do produto, simplificar a prescrição médica, restringir a monoterapia e, consequentemente, reduzir a resistência bacteriana6 (ver monografia, página 928).

 

Referências

1.BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro de Referência Prof. Hélio Fraga. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Controle da tuberculose: uma proposta de integraçãoensino-serviço. 5. ed. Rio de Janeiro: FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002.

2.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2009.

3.ZIGANSHINA, L.; GARNER, P. Tuberculosis (HIV-negative people). Clin. Evid., London, v. 4, p. 904, 2009.

4.PAYNE, B.; BELLAMY, R. HIV: treating tuberculosis. Clin. Evid., London, v. 11, p. 920, 2009.

5.WORLD HEALTH ORGANIZATION. Treatment of tuberculosis: guidelines. 4. ed. Genebra: WHO, 2010.

6.WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Model Formulary 2008. London: Royal Pharmaceutical Society of Great Britain, 2008.

7.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Nota técnica sobre as mudanças no tratamento da tuberculose no Brasil para adultos e adolescentes. Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: http://portal.saude.gov. br/portal/arquivos/pdf/nota_tecnica_versao_28_de_agosto_v_5.pdf. Acesso em: 11.06.2010.

8.THE RATIONALE for recommending fixed-dose combination tablets for treatment of tuberculosis. Bull World Health Org.,Geneva, v. 79, p. 61-79,2001.

9.ZWOLSKA, Z. et al. Bioavailability of rifampicin, isoniazid and pyrazinamide from fixeddose combination capsules. Pol. Int J Tuberc Lung Dis., Paris, v.10, p. 824-830, 1998.

10.PANCHAGNULA, R. et al. Bioequivalence study of rifampicin in fixed-dosecombination of rifampicin and isoniazid vs. separate formulations. India. Method. Find. Exp. Clin. Pharmacol.; v. 21, n. 9, p. 625-628, 1999.

11.PANCHAGNULA, R. et al. Bioequivalence of rifampicin when administered as a fixed-dose combined formulation of four drugs versus separate formulations. India. Method. Find. Exp. Clin. Pharmacol., Barcelona, v. 22, n.9, p. 689-694,2000.

12.AGRAWAL, S. et al. Assessment of bioequivalence of rifampicin, isoniazid and pyrazinamide in a four drug fixed dose combination with separate formulations at the same dose levels. India. Int. J. Pharm., Amsterdam, v. 233, n. 1-2, p. 169-177, 2002.

13.AGRAWAL, S. et al. Bioequivalence assessment of rifampicin, isoniazid and pyrazinamide in a fixed dose combination of rifampicin, isoniazid, pyrazinamide and ethambutol vs. separate formulations. India. Int. J. Clin. Pharmacol. Ther., München, v. 40, n. 10, p. 474-481, 2002.

 

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