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Soros e Imunoglobulinas

Última revisão: 16/09/2015

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Reproduzido de:

Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010 [Link Livre para o Documento Original]

Série B. Textos Básicos de Saúde

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos

Brasília / DF – 2010

 

7.3 Soros e imunoglobulinas

Rogério Hoefler

 

Uma imunização rápida contra certos organismos infectantes ou toxinas pode ser obtida pela injeção de anticorpos produzidos a partir do plasma de indivíduos imunes e com teores adequados de anticorpos. A duração da imunidade passiva é de apenas poucas semanas, e tem variedade de acordo com a dose e o tipo de imunoglobulina. Quando necessário, a imunização passiva pode ser repetida.

Os anticorpos de origem humana (imunoglobulinas homólogas) são normalmente denominados imunoglobulinas. Os anticorpos de origem animal (imunoglobulinas heterólogas) são usualmente chamados de soros. Geralmente provêm de soro de cavalo e são empregados na neutralização das toxinas do botulismo, raiva, difteria e de venenos de cobras, escorpiões e aranhas. Os soros são mais frequentemente associados a reações de hipersensibilidade (ex.: doença do soro), embora sejam raras as reações graves. A frequência de reações à soroterapia parece ser menor quando o antiveneno é administrado diluído. A diluição pode ser feita, a critério médico, na razão de 1:2 a 1:5, em soro fisiológico ou glicosado 5%, infundindo-se na velocidade de 8 mL a 12 mL/min, observando, entretanto, a possível sobrecarga de volume em crianças e em pacientes com insuficiência cardíaca. Quando possível, os soros devem ser substituídos por imunoglobulinas.

Há dois tipos de imunoglobulinas humanas: a normal e as de doenças específicas.

A imunoglobulina normal é preparação estéril concentrada de anticorpos extraídos de plasma ou de soro humano, testada para não-reatividade ao antígeno de superfície do vírus da hepatite B, para anticorpos contra hepatite C e para o vírus da imunodeficiência adquirida (tipos 1 e 2).

Depois de exposição de indivíduo não imunizado a animal com possibilidade de transmitir raiva, por meio de mordedura ou lambedura de ferimento, o lugar afetado deve ser lavado com água e sabão e, em seguida, deve-se administrar a imunoglobulina antirrábica (ver monografia, página 777).

A imunoglobulina antitetânica deve ser usada no tratamento de ferimentos com risco de produzir tétano, adicionalmente à limpeza do ferimento e, quando apropriado, profilaxia antibacteriana e aplicação de vacina antitetânica. Para o tratamento de pacientes com tétano estabelecido, a imunoglobulina antitetânica deve ser administrada, junto de metronidazol e limpeza do ferimento (ver monografia, página 778).

Os acidentes ofídicos têm importância médica em virtude de sua grande frequência e gravidade. O padrão atualizado de condutas de diagnóstico e tratamento dos acidentados é imprescindível, pois as equipes de saúde, com frequencia considerável, não recebem informações desta natureza durante os cursos de graduação ou no decorrer da atividade profissional.

Identificar o animal causador do acidente é procedimento importante na medida em que:

-permite liberação rápida da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas.

-torna possível o reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional.

-é recurso auxiliar na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado.

Apesar da importância do diagnóstico clínico, que orienta a conduta na maioria dos acidentes, o animal causador deve, sempre que possível, ser encaminhado para identificação por técnico treinado.

No Brasil, a fauna ofídica de interesse médico está representada, principalmente, pelos gêneros Bothrops (incluindo Bothriopsis e Porthidium), Crotalus, Lachesis e Micrurus.

Os acidentes escorpiônicos são importantes pela grande frequência com que ocorrem e sua gravidade em potência, especialmente em crianças picadas pelo Tityus serrulatus. Os principais agentes de importância médica são: T. serrulatus, responsável por acidentes de maior gravidade, T. bahiensis e T. stigmurus. As picadas de escorpiões atingem predominantemente os membros superiores, 65% das quais acometendo mão e antebraço. A maioria dos casos tem curso benigno, situando-se a letalidade em 0,58%. Os óbitos se relacionam, com maior frequência, a acidentes causados por T. serrulatus, ocorrendo mais comumente em menores de 14 anos.

As picadas de aranha podem causar síndromes necróticas ou neurotóxicas, dependendo da espécie envolvida. Tratamentos de apoio e sintomático são requeridos. No caso de síndrome necrótica, pode ser necessário reparo cirúrgico. Soro antiaracnídico específico pode prevenir sintomas se administrado tão logo quanto possível após o envenenamento. No Brasil, existem três gêneros de aranhas de importância médica: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus.

Outro acidente extremamente comum em todo o Brasil, resulta do contato da pele com lagartas urticantes sendo, em geral, de curso agudo e evolução benigna. Fazem exceção os acidentes com Lonomia sp.

As indicações para tratamento antiveneno incluem envenenamento sistêmico, especialmente hipotensão, alterações eletrocardiográficas, vômito, anormalidades hemostáticas, e envenenamento local marcante, tal como por picada na mão ou pé, quando o edema se estende além do punho ou do tornozelo até 4 horas da picada ou mordedura.

A soroterapia antiveneno, quando indicada, é um passo indispensável no cuidado dos pacientes picados pela maioria dos animais peçonhentos. A dose utilizada deve ser a mesma para adultos e crianças, visto que a meta do tratamento é neutralizar a maior quantidade possível de veneno circulante, independentemente do peso do paciente. A sua aplicação deve ser preferentemente realizada em postos de atendimento médico.

 

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